Eder 31/05/2013
A Longa Marcha Richard Bachman
A Longa Marcha é o primeiro livro que Stephen King escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman, que eu leio. É uma novela que se passa alguns anos após segunda guerra mundial, onde os Estados Unidos se tornaram um governo militar.
A Longa Marcha, que dá nome ao livro, é uma espécie de maratona, televisionada e transmitida ao mundo todo, onde cem rapazes, dentre eles Ray Garraty, personagem principal do livro, testam sua resistência. Tudo normal, exceto que essa competição tem um ponto de início, mas não uma linha chegada. A corrida termina quando restar somente um rapaz vivo. Cada competidor deve manter certa velocidade média de caminhada, 24 horas por dia, e se reduzirem demasiado essa velocidade recebem uma advertência. Caso o competidor acumule três avisos, ele recebe sua dispensa: uma execução publica. O sobrevivente da competição, como prêmio, tem um desejo realizado.
Quando eu peguei o livro para ler, eu não tinha muita informação acerca do mesmo, a não ser que se tratava de uma história sobre pessoas caminhando. Não é uma premissa lá muito motivadora, então não sabia muito bem o que esperar da obra, mas confiei no nome do autor e meti a cara. Com alguma surpresa, me vi fascinado pela história daqueles rapazes em seu jogo mortal, atravessando o país em uma caminhada em que apenas um deles pode sobreviver.
A princípio, todos estão ali, com a certeza que eles serão os vencedores daquela caminhada mortal. Os planos de cada um, que aos poucos vamos tomando conhecimento. Um livro a ser escrito, casamentos a serem consumados, filhos para criar, namoradas que os esperam, etc. Não é difícil percebermos que, logo que os primeiros começam a cair, e com eles, todos os seus planos, aquela confiança expressa antes da caminhada começar não passava de disparate e daquela coragem estúpida que toma os jovens, de vez em quando. A sensação que os fazem sentirem-se os protagonistas da vida, e intocáveis. Não me ficaram dúvidas de que se muitos pudessem imaginar o quão implacável a marcha pode ser, muitos não teriam sequer pensado em participar.
Mas logo que a marcha é iniciada não é possível desistir, não há descanso, não há piedade. Tudo o que resta àqueles meninos é a estrada e o desejo de sobreviver. Durante a leitura, me questionava sobre o que realmente move o ser humano. Certamente não é um "prêmio", mesmo que este tenha sido o objetivo inicial. O autor evidencia que os homens menosprezam suas vidas e só dão o real valor quando percebem que ela esta para lhes ser ceifada a qualquer momento. A partir de então, poder viver mais um dia sequer já pode ser considerada uma verdadeira dádiva.
Os cenários e a trama são sacrificados em favor de uma profunda análise dos personagens e do comportamento humano frente às imensas dificuldades que os homens enfrentam durante suas vidas. É um livro sobre tornar-se adulto e perda da inocência.