Luan 14/01/2015
Muito melhor do que eu poderia imaginar, Silo se revelou uma grata surpresa.
Um livro que não te sacia com apenas um capítulo só pode ser um livro muito bom. A sensação de fazer uma leitura que te prende cada vez mais a cada nova página lida é indescritível. Li várias obras boas nos últimos tempos, mas faltava aquela que me deixava curioso e impaciente a cada capítulo finalizado. E essa obra é Silo. Esperava ler um livro bom e me surpreendi lendo um dos melhores dos últimos meses.
A sinopse divulgada não é, para mim, a melhor explicação do que você poderá encontrar no livro. Esse é um livro cheio de mistérios e suspense e o resumo oferecido confunde. É certo dizer que Silo, de Hugh Howey, se passa em um período distópico. O mundo que conhecemos está devastado e é habitado por um vírus mortal a qualquer ser humano. Por isso, não há mais civilização em cima do solo. Mas abaixo dele habitam os protagonistas desta obra. Numa espécie de Silo mesmo, que tem em seu conceito natural abrigar grãos para serem bem cultivados, uma população toda vive como uma sociedade. São 144 andares, no entanto para o lado de dentro da terra, e nao sob ela.
E dentro de cada um desses andares muitas mentiras e histórias são vividas. E é lá que vive a protagonista Juliette - que só vem a aparecer mais ou menos na página 90 - e muitos outros personagens bacanas; a maioria deles bem construídos e outros que poderiam ser ainda melhor desenvolvidos. Mas, como disse, há mentiras... E por isso o lugar não é tão bom pra se viver como parece. Uma série de regras e normas devem ser seguidas. A principal delas: não tenha ideias e muito menos ouse sonhar e ter esperança. Para quem descumprir, a sentença: ser mandado para fora do silo, realizar a limpeza e morrer infectado pelo vírus que devastou o mundo.
Neste Silo há prefeitos, delegados, xerife, escolas, hospitais... é realmente uma sociedade. E Juliette, que vive nas profundezas, nos mais remotos andares do Silo, acaba se tornando a personagem principal da história sem querer. Ela é, o que se pode dizer, jogada à jaula dos leões. E sua vida vai mudar para sempre. Principalmente quando ela ganhar poderes que vão despertar a ira de pessoas ainda mais poderosas. E quando ela for mandada para sua sentença, tudo vai mudar para todos.
Se prepara, que a partir daí serão páginas insanas de muitas revelações e surpresas. É verdade que o início da história é lento. Bastante. Esta é a principal reclamação da história de Hugh. As primeiras páginas não evoluem... é tudo muito detalhado, demorado. A vontade de desistir é quase grande. Mas NÃO DESISTA. Depois da página 130, tudo vai mudar, para melhor. Bem, melhor para nós leitores.
Depois que terminei a leitura, entendi que a primeira etapa da obra, com sua narrativa lenta, se fez necessária para entender como é que o Silo funciona, já que depois é muita ação e você vai precisar estar familiarizado com tudo. A escrita do autor é muito boa - mas exagerada nos detalhes. Ele é inteligente e não entrega tudo nas linhas: muitas respostas estão nas estrelinhas. E eu sou fã desse artifício utilizado por autores.
Outro destaque é que não se trata de um distopia YA. Talvez sim, mas muito menos do que tantas outras por aí. Os protagonistas são todos adultos. A maioria dos personagens são bem maduros, alguns já idosos. Todos ricos em sabedoria. A diagramação em si também não fica para trás. O papel é amarelado, no ponto para a leitura. A textura da capa é quase aveludada, com destaque para o nome do livro.
O que fica devendo é uma revisão. Vários erros foram encontrados no decorres das páginas. Palavras faltando, outras escritas de forma errada - mas nada que atrapalhe a leitura. Preciso dizer ainda que o livro não é óbvio ou clichê. Pelo menos para mim. Porque realmente não conseguia ficar imaginando o que aconteceria em seguida, e várias das revelações me surpreenderam. O que também me chamou a atenção foi a facilidade com que o autor mata personagens. Muitos e importantes morreram. Mas morreram porque era fundamental para a história se desenvolver.
O encerramento do livro não foi o mais incrível. Mas não decepcionou. Longe disso, aliás. Mas as páginas que vieram logo na sequência, essas deram aquele gosto de quero mais para a continuidade da obra. Silo faz parte de uma trilogia. E o primeiro capítulo do próximo volume - Shfit, no original, e Mudança na tradução - é mostrado nas últimas páginas do livro. E é de deixar você querendo mais. Muito mais. Para logo. Uma pena que ainda não foi lançado no Brasil - e não descobri a previsão para que seja lançado. O terceiro volume é Dust - ou Poeira.
Falando ainda do trecho do segundo volume: ele me fez ter certeza da grande obra que Hugh criou. Sem dúvidas será uma das trilogias a ficarem marcadas na história. A grandiosidade da obra realmente me surpreendeu. Principalmente por se tratar de um autor que idealizou Silo como contos, e que lançava de forma individual. O seu auto-sucesso chamou a atenção de grandes editoras e de estúdios cinematográficos - Silo vai virar filme pela Fox.
Bem, creio que era isso. Quero muito que vocês leiam essa história que me prendeu tanto. Certamente vocês não se arrependerão de conhecer essa história original, diferente e bem executada. Estou curioso demais para ops próximo volumes e espero muito que o nível se mantenha. Sem dúvidas, vou de cinco estrelas merecidas para ele.