Jullyane 20/12/2010É um livro bom, não há como negar, mas em se tratando de Marian Keyes, a gente sempre espera mais. O livro trata especialmente de um tabu dentro da sociedade, a violência contra a mulher. Paddy de Courcy é lindo, maravilhoso e as mulheres sempre o amam e aceitam suas desculpas para tudo, inclusive para a violência.
Falta a irreverência tão inerente ao estilo de Marian Keyes. Mesmo em Tem alguém aí?, um livro tão triste (mas o meu preferido!), em que chorei horrores, ainda tive mtos momentos de risadas de doer a barriga. Claro que a familiaridade com a família Walsh ajuda, mas Cheio de Charme é um livro que praticamente não explora o humor, exceto, é claro, com a história das 'travecas'.
Tenho que admitir que falar dos cross-dressings foi mto original. Eu só havia visto uma reportagem - há anos - sobre o assunto. Não é algo que eu já tenho visto realmente, até pq, como a autora explorou, os próprios cross-dressings não se expõem por medo da opinião alheia. E é compreensível, já que, preconceitos à parte, eu não sei se conseguiria aceitar numa boa ter um namorado que tivesse esse fetiche. É complicado! Sempre ia ficar com uma 'pulguinha' atrás da orelha, não tem como. Isso sem falar, no cara querendo as nossas coisas emprestadas ou chegando em casa com uma camisola linda e transparente pra ELE MESMO! Já pensaram???
Bom, achei que a Marnie é um alter-ego da própria Marian, que tbm é alcóolatra, mesmo que não beba há anos, aprendi em reuniões do AA (que eu ia com meu pai) que os alcóolatras não deixam de ser alcóolatras, já que não podem voltar a beber nunca mais, e se intitulam de 'alcóolatras em recuperação'.
Gostei de Grace, uma mulher forte, determinada.
Enfim, ao todo é um livro muito bacana, que fala de temas diferentes e polêmicos, mas que ainda assim deixa a desejar no estilo Marian que esperávamos, quer dizer, pelo menos eu esperava.