Aline Michele 07/09/2022
Não amei e nem odiei
Eu li Punk 57 por conta de um comentário que eu vi e achei interessante. Como tinha no KU, pensei por que não? Só depois que vi que era da Penelope Douglas, a mesma autora de Corrupt., que eu li e não gostei nem um pouco.
Mas a escrita dela é boa, mesmo em Corrupt, e a história me prendeu. Afinal, nos dias de hoje, dois adolescentes se corresponderem por cartas é intrigante. Ryen e Misha trocam cartas por conta de uma atividade escolar iniciada na quinta série, a professora dela achou que ele fosse uma menina e a dele achou que ela fosse um menino e fizeram as duplas, eles são de escolas e cidades diferentes. O projeto acabou, mas a amizade entre eles continuou pelos próximos sete anos, até que o Misha conhece a Ryen , e vê que a menina que ele conhece das cartas, não é a mesma que ele conheceu na escola.
Um dos pontos que eu gostei da história é que a Ryen não é boazinha, não é má (apesar de algumas atitudes questionáveis), mas não é a donzela em perigo precisando de resgate e nem aquela moça ingênua irritante. Sim, ela comete bullying com alguns colegas de escola e sabe bem o que está fazendo, pois sofreu com isso no passado.
Esse foi um ponto que me chamou atenção por me lembrar de uma entrevista maravilhosa que eu vi no Pod Pah com a psiquiatra e autora Ana Beatriz Barbosa (Mentes Perigosas/Mentes Inquietas) onde ela falava que muitas vezes as pessoas fazem bullying com outras como mecanismo de defesa, ou seja, eu faço com outros antes que façam comigo. Não concordo com a prática, mas pelo menos pareceu ser algo possível, sabe? Não apenas maldade.
E na escola, alunos sabem ser maus, afinal todo mundo aqui já deve ter presenciado alguém ser alvo por usar óculos, por ser pequeno, por não saber jogar bola etc. Crianças e adolescentes sabem ser o pior tipo de pessoa quando querem.
Voltando ao livro, ela passou por isso quando menor e para se ajustar, passou a fazer isso com outras pessoas. Mas nas cartas, ela repudiava tudo isso. Ou seja, ela parecia mentir para seu melhor amigo.
Misha por sua vez parecia culpar a Ryen por alguma coisa, não vou comentar para não dar spoiler, e achei isso bem babaca no começo. O que aconteceu não era culpa dela de jeito nenhum, mas...E ele também não era totalmente sincero nas cartas, ele sabe quem ela é, e mesmo assim não se revela, muda de nome, a trata mal, mente. Não tem nenhum santo aqui.
Claro que os dois se sentem atraídos um pelo outro, e não demora a começar as pegações. Para quem não gosta de hots, esse aqui tem alguns, nada muito excessivo, e como achei esse livro meio dark romance, nem vou falar do palavreado, porque seria chover no molhado.
O livro tem também suas partes absurdas, como um garoto conseguir frequentar uma escola com documentos falsos, sem de fato participar das aulas, não respeitando ninguém e nada acontecer com ele, mas depois que eu descobri de quem era neto e outros personagens apareceram, tudo se explicou.
O final para mim foi meio blé. Previsível demais. Apesar de eu ter acertado uma suspeita a segunda eu nem passei perto, e isso valeu a pena.
Bom, antes que essa resenha se torne um calhamaço e ninguém leia, eu recomendo. Não é o melhor livro do mundo, longe disso, mas não é o pior. Na verdade, ele é mil vezes melhor que Corrupt. Disseram que esse livro ou você ama ou odeia, mas eu consegui ficar no meio termo.