Resenhas - Felicidade Clandestina

Alan360 03/07/2020

Devo insistir em clarice?
Pretendia ler a hora da estrela e paixão segundo gh, mas depois deste livro, perdi completamente a vontade. Nao gostei do estilo, achei cansativo e irritante. De todo o livro, gostei de uns 5 contos. Devo insistir em clarice?

André Goeldner 21/01/2009

Clarice deixa sempre para o leitor um inquietante ponto de interrogação ao invés do ponto final.

São contos que continuam de forma subjetiva na cabeça de quem lê.

Wendy 08/01/2021

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector.
Felicidade Clandestina é uma obra de contos, da escritora Clarice Lispector, que reúne 25 narrativas à lá Clarice. Lispector nasceu na Ucrânia, mas mudou-se ainda na infância para o Brasil. É uma das, senão a maior escritora brasileira do século XX, uma das maiores prosadoras da terceira geração modernista, sua escrita é marcada pela introspectividade e possui características intimistas, sendo muito mais voltada para o interior das personagens que para o ambiente ao seu redor.

“Felicidade Clandestina” é o conto homônimo do livro da autora onde a narradora e protagonista relembra acontecimentos de sua infância. O conto comunica a existência de duas personagens, a primeira, protagonista, uma bela garotinha apaixonada pela leitura, apesar de não contar com recursos para exercer esta paixão. A outra, mesmo tendo o privilégio de ter todos os livros à disposição, não dava a mínima para a leitura e ao contrário da primeira, era feia e má, e para alimentar este último leva a pobre garotinha a humilhar-se com a promessa de empréstimo do livro “Reinações de Narizinho” de Monteiro Lobato, obra de desejo da protagonista, que bate a porta da malvada todos os dias a procura do objeto que nunca está. A busca incessante estende-se por dias até que a mãe da garota presencia a maldade da jovem e a obriga a realizar o empréstimo por tempo indeterminado, ato que enche a pequena leitora de felicidade. Uma vez em posse desse sentimento ela tenta prolongá-lo ao máximo desfrutando da experiência lenta e diariamente.

Clarice é muito precisa em suas palavras e consegue despertar no leitor o sentimento de empatia para com a protagonista, bem como, transmitir a ideia fidedigna de clandestinidade no enredo. Acompanhamos a persistência da garotinha para alcançar o seu objeto de desejo e a forma como a sua frustração com o não recebido, dá lugar rapidamente a esperança de um sim no dia seguinte. Vemos sua felicidade adiada por muitas vezes e assumimos seu lugar em meios a esses momentos de frustração e esperança até, junto a ela atingirmos o momento de glória e nos sentirmos demasiadamente contagiados pela completude de sua alegria.

Trata-se de um conto extremamente cativante, que nos proporciona uma experiência leitora curta, porém de uma profundidade ímpar, com a capacidade de conduzir a uma relevante reflexão sobre a vida e sobre a importância de contemplar cada instante de felicidade que nos é concedido vivenciar.

“Felicidade Clandestina” é uma obra para todos os públicos, e excelente para aqueles que buscam adentrar o universo que é Clarice, bem como, para aqueles que já o conhecem e buscam deleitar-se na emoção de suas palavras.

Braia 26/06/2020

Livro chato pra caramba, tem que ser um gladiador pra ler um trem desses e ainda elogiar, só pseudocult msm pq pqp

Aí a galera vem e fala "aí mas vc não entende a essência da Clarice pipi popo", pô se eu quiser entender essência eu compro um incenso, eu hein...

supostaleitora 24/05/2020

Superestimado...
Definitivamente não faz meu estilo de leitura. Alguns contos são bons, porém a maioria tem muitas palavras e não me disse nada. Pode ser que eu não tenha tido a sensibilidade necessária. Talvez eu tente de novo ler algo da autora, mas realmente não me agradou como costuma agradar a maioria.

grazi. 05/12/2021

Felicidade Clandestina
Há designados sentimentos que apenas Clarice é capaz de introduzir na escrita. Dessa forma, cada conto revela um pouquinho da genialidade dessa escritora fantástica. Adorei!

Carolina Veiga 07/08/2010

O Ovo e a Galinha
Li esse livro há muito tempo, mais ou menos aos 17 anos. Era leitura obrigatória para o vestibular para o curso de Jornalismo. Como é de se imaginar, na época, não entendi. Eu era uma adolescente que preferia TV aos livros. Era... no pretérito mesmo. Mas, lembro que um conto sempre me marcou. "O Ovo e a Galinha".

Sempre lembrei desse título. Lembro que tinha sido minha leitura mais difícil. Acreditava que ela estava tentando adivinhar quem tinha nascido primeiro e que a resposta dependia de quem se olhasse primeiro: o ovo ou a galinha? Inocência.

Relendo o conto, cheguei a conclusão:

No início do texto, já tentaram substituir a palavra "ovo" pela "amor"? Tentem.

Acredito que é disto que Clarice fala. Não do amor carnal apenas. Mas, do amor a vida, do amor ao próximo, do amor subjetivo, sem preconceito, sem definições.

Se ela desejou transmitir uma mensagem com esse texto, para mim foi: No amor está a felicidade. Na simplicidade está o amor. O julgamento, os rótulos, as definições nos tiram a possibilidade de olhar para o mundo e ver a verdade contida nele. Não vendo a verdade, vendo através de nossos olhos (entupidos por nossas opiniões e pré-conceitos) deixamos de ver o simples, deixamos de ver o fato como ele é.

Prestem a atenção quando ela fala da cor do ovo, por exemplo.

PS: Posso estar errada. É bem possível que esteja. Mas, se aprendi algo lendo Clarice ontem e hoje é: o significado depende do que você tem em mente. Neste caso, do que EU tenho.

Luiz 07/06/2023

Fluxo
Consigo enxergar toda a bagunça organizada na cabeça de Clarice. Consigo sentir angústias superadas na cabeça de Clarice. Consigo entender todas as indecisões precisas de Clarice. Neste livro é como se eu encontrasse sua identidade quase verdadeira.

Marina 28/12/2022

Não começamos com o pé direito ?????
É a primeira obra de Clarice que tenho contato do início ao fim e foi um pouco decepcionante. Não vou mentir, existem alguns contos maravilhosos, mas a grande maioria foi extremamente chata e empurrada.

Pulei um conto ou outro que chegava a me irritar de tão desinteressante, mas os que eu gostei foi o suficiente pra marcar pra voltar e repensar sobre a forma que Clarice mostrava algo simples de forma densamente complexa. Ao final de tudo, vou procurar mais livros dela pra ter uma opinião bem embasada, mas não começamos com o pé direito.

Guilherme 10/04/2024

Uma casca de ovo, a imagem de Deus.
Esse livro é uma viagem, daquelas que ficam marcadas na memória e no coração. A Clarice olha para os detalhes de um cotidiano simples e extrai deles significados infinitos, mostrando ao leitor que é na sutileza do comum onde pode ser encontrada a dádiva máxima da vida, o Significado.
Me senti, como a protagonista de um dos contos, vivendo outras vidas, vendo por outros olhos e sentindo de outras formas muito diferentes das usuais.
Além disso, o livro é muito bem construído em uma costura que, em mil epifanias, dá origem a vidas inteiras, inclusive às minhas.
Recomendo muito essa leitura e pretendo ler de novo futuramente. Nunca é querer demais a procura por uma ressurreição, ou talvez reencarnação.
Faço desse livro Eponina, tornando-o parte de mim para nos engrandecer a ambos.

@andressamreis 19/10/2020

Encantada!
Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Que obra!
São 25 contos em 160 páginas, o que dá uma média de seis páginas e meia por conto, pouco né! Mas não se engane, nestas páginas cabem o mundo. É Clarice!

Vou te dizer o que estes contos não são: superficiais e também não narram grandes aventuras e acontecimentos. É Clarice!

Também não sei o que são, porque me perdi em suas palavras. Há sempre um ponto focal que pode ser uma mulher, um livro, um inseto, um jantar, mas Clarice nos faz andar em círculos, nos faz ir e voltar, ir e voltar é inebriante, nos mostra como o grandioso está no detalhe. Que a felicidade nos foge, porque é sorrateira, pode esconder-se em uma observação de inseto, de um ovo e de uma galinha, de um casal que aguarda o primeiro beijo, na leitura de um livro desejado, no salto para o nada. A felicidade é clandestina!

Talvez seja nossa atenção e percepção que nos mostrará os caminhos clandestinos para a felicidade.

Percorrer estes 25 contos não foi fácil pra mim, em Ovo e a Galinha, me perdi (óbvio né), em A Mensagem também não consegui acompanhar a troca de expectativas entre o casal. Mas me encantei em Uma Esperança, Felicidade Clandestina (precisei reler), O Grande Passeio, Perdoando Deus (grifei quase tudo). Os demais contos me tocaram em diversas intensidades.

Ler Clarice é pra vida toda. A leitura não se esgota quando se fecha o livro! As frases e imagens ficam na memória nos incomodando, daqui uns dias sei que terei que reler. É um encontro com a arte literária que toca e transborda.

Que luxo poder ler no idioma original!

Tem um filme que gosto muito "O fabuloso destino de Amélie Poulain", no meu humilde repertório considerei que ambas nos passam a mesma mensagem: a magia do detalhe!
Gostaria de ver como Clarice narraria a cena em que Amélie afunda os dedos nos grãos vendidos a granel. Ou como o quitandeiro mau humorado cai nas armadilhas de Amèlie, por fazer tudo no automático, sem observar, sem estar atento.

Deixo aqui duas recomendações: Clarice e Amélie Poulain

Evy 28/11/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - Tema: Contos / Mês: Novembro (Livro 2)
Acabei lendo os livros do Desafio Literário fora de ordem e este ficou por último dos que tinha pra ler da Clarice Lispector, sendo de todos, o que mais gostei. É realmente uma felicidade clandestina ler Clarice, mergulhar com ela nas profundezas da alma e desvendar mistérios da essência humana. Todos os contos abordam acontecimentos simples do dia a dia, mas que mostram tanto sobre a personalidade e a vida dos que estão retratados na linguagem única e extremamente estruturada de Clarice. Além disso, Clarice também se revela em alguns contos, como é o caso do que dá título a este livro.

Em "Felicidade Clandestina", Clarice nos conta um pedaço de sua infância quando já era apaixonada por livros e foi torturada por uma garota da escola, que por inveja de sua beleza, a fazia andar todos os dias até sua casa para buscar um livro que nunca estava lá. Clarice na ânsia de ler o tão desejado livro, saía pulando pelo caminho na felicidade e esperança de ter o livro nas mãos e voltava sempre tristonha pra casa com as desculpas que a garota inventava para não emprestar o livro desta vez. Certo dia porém, a mãe da garota vai até a porta quando Clarice está lá para descobrir porque a menininha loira vai todo dia a sua casa e descobre a perversidade da filha, obrigando-a a emprestar o livro na mesma hora. Esta parte do conto é lindíssima e não tenho palavras para explicar por isso posto o trecho do conto:

"Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim"

Postei também este trecho, pois acredito que ele é realmente a representação de todos os demais contos escolhidos para compor esta lindíssima obra. Em todos eles é possível vislumbrar as pequenas e grandes felicidades clandestinas dos personagens. Como é o caso de "Cem Anos de Perdão", onde a felicidade era roubar rosas de um jardim, "Uma Esperança" em que a felicidade se traduz na visita de uma linda borboleta, "Os Desastres de Sofia" que traz a felicidade de uma garota em provocar seu professor fazendo bagunça na sala, "O primeiro beijo" que conta a linda história de um garoto que beija uma estátua e nisso está sua felicidade clandestina.

E é como nosso cotidiano e nossas felicidades clandestinas. É nisso que Clarice me cativa e encanta. É impossível não se ver espelhada em suas palavras, e é incrível como ela aborda temas que nunca achamos que outros tenham vivido ou passado e que nos sentimos confortados em ler. Clarice pra mim tem essa dualidade de sentimentos. Ao mesmo tempo que ela nos força a encarar sentimentos que não estamos talvez preparados para ver, ela nos conforta com acontecimentos em que pensamos: "que bom, não é só comigo".

E por esta razão e muitas outras que já cansei de escrever, Clarice é leitura mais do que recomendade. É essencial.

ratão 22/04/2024

Galinhas
O livro é marcante, seus contos e memórias são dignos de um local em nosso pensamentos. Houve alguns que obtiveram um peso maior em mim, como por exemplo o "Ovo e a Galinha", '"O grande passeio", "Perdoando Deus". Criaram questionamentos internos, reviveram fúrias passadas e trouxeram o ar melancólico.

Aleff Coelho 06/09/2022

Obra prima
Todos esses 25 contos me fez refletir, não se lê Clarice, se consome. Estou apaixonado pela sua escrita assim como por seus contos...