Resenhas - Felicidade Clandestina

Lyaria 23/08/2020

Este livro contém 25 contos, não é uma leitura fácil, são histórias que necessitam de total atenção e energia, afinal não são nada convencionais.
Clarice é uma grande escritora e tem um jeito único de descrever a essência humana, só lendo para sentir oque é Clarice.

Kassiely1 04/06/2023

O conto chamado "O ovo e a galinha" (pag. 33) foi um dos que mais me marcou. Clarice começa falando sobre estar ou não vendo um ovo, sobre suas características e a sua relação com a galinha. Mas ela aprofunda muitíssimo mais nisso e me lança essa pedrada "Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor."
Além desse conto, "Resto de Carnaval" (pág. 17) também me marcou. Onde conta a relação de uma garota com o carnaval e como ela gostaria de ser reconhecida não como uma menina, mas pelo que está vestida. E ao ficar melancólica por ninguém ter a reconhecida como tal, um menino coloca confeitos em sua cabeça e ali ela percebe que foi reconhecida, "alguém havia me reconhecido eu era, sim, uma rosa".

a n a 02/05/2022

mas e a mensagem?!
ler Clarice Lispector é uma experiência e tanto. uma leitura passiva aqui não funciona, o leitor é convidado a queimar fosfato para tentar interpretar cada conto e eu sempre ficava com uma sensação de que ainda não tinha captado totalmente a mensagem. quando parecia que eu tinha entendido a resposta, a Clarice mudava a pergunta. afinal as obras dela se resumem a isso: entregar todas as perguntas certas e incentivar quem está lendo a ir procurar as respostas.
um dos meus livros favoritos da vida.

Grazi 20/07/2021

Felicidade Clandestina ? Clarice Lispector
Resenha n°7

De maneira diferente a outros estilos de narrativas, acompanhamos cada personagem a partir de uma perspectiva interna a eles, seus conflitos. É interessante como Claricie transcreve para o papel as nuances dos sentimentos humanos.
Um ponto em comum a todas as histórias é que em certo momento há um acontecimento que muda a personagem. E esse é a palavra chave desse livro: amadurecimento. Senão dos protagonistas, do próprio leitor, pois é transportado muitas vezes para dentro de uma reflexão sobre si mesmo. Adoro Claricie por isso, essa subjetividade e introspecção dentro dos próprios pensamentos e a tentativa de entende-los; ela capturar momentos que com certeza todos nós algum dia já passamos.
Todos os contos são muito bons, mas os que viraram meus amorzinhos foram esses três:

1. Os desastres de Sofia: que conta a história de uma garotinha de nove anos chamada Sofia e a implicância que ela tem com seu professor da escola; o comportamento petulante e inconsequente, numa tentativa de faze-lo sair da zona de conforto que a irrita. O sentido da história é mostrar pela perspectiva infantil dela o primeiro amor, algo novo e estranho que ainda não sabe lidar.

2. Restos de carnaval: fala sobre a empolgação de um menininha diante da oportunidade de ir a seu primeiro carnaval, mas que é frustrada pela realidade da doença de sua mãe, de se sentir culpada por estar feliz, enquanto algo triste acontece. É uma história bem curta e interessante, que acredito que todo mundo iria se identificar. Quem nunca quis muito ir a um lugar e de repente não pode mais?

3. Miopia progressiva: fala sobre um menino miope que cresceu rodeado de expectativas de adultos que o julgavam inteligente. Assumindo o papel que lhe deram, receber a aprovação e o elogio de todos é seu objetivo, ser um bom menino. Até que ele vai a casa de uma prima que não pode ter filhos e se vê em um ambiente completamente diferente. Onde não precisa se esforçar o tempo todo para parecer inteligente. É um conto fofo e interessante.

E também uma menção honrosa para o conto Felicidade clandestina, que sim tem o mesmo nome que o título do livro, pois foi o primeiro conto de Clarice que li na vida, ainda criancinha. E como não se identificar ainda hoje com a garota apaixonada por livros da história?

@grazielafelixoficial
20 de julho de 2021

Ashley.Conceição 12/01/2024

Clarice
Demorei mais do que achei que demoraria, estou me acostumando a ler os livros da Clarice Lispector e aprendendo a me encantar com a forma de escrita dela.
Esse livro contém sentimentos e sensações que têm a capacidade de tocar a alma, alguns me fizeram chorar, outros rir e muitos, refletir.

Cat Lu 01/06/2024

A alma escancarada de Clarice
Acho inútil tentar escrever uma resenha sobre os livros de Clarice, pois minha palavras não conseguem explicar as delas, que são especiais, parece até que ela escreve em uma língua diferente, em que cada palavra tem que ser descascada como uma cebola, passando por várias camadas, cada uma delas querendo nos dizer alguma coisa. Ela é o tipo de escritora que vai fazer você ter várias interpretações do livro a cada vez que lê-los, o que é maravilhoso, já que, infelizmente, os livros delas são finitos e sempre haverá a vontade de ler mais Clarice.

Como um bom livro de contos, cada um deles começa com uma situação quase banal e se desmonta em uma enxurrada de sentimentos e reflexões. Segundo as orelhas do livro, muitos deles, inclusive, são experiências da própria Clarice.

Os meus contos preferidos foram "O ovo e a galinha" (a coisa mais abstrata e verdadeira que já li), "Os desastres de Sofia", "A mensagem" e "Encarnação Involuntária" (me identifiquei absurdamente com esses últimos).

Acredito que em pelo menos um conto do livro, cada um pode se identificar, se não com a história, com os sentimentos evocados por ela.

Gaby 04/05/2021

Incrível
Eu não sei explicar, a Clarice consegue mexer com os seus sentimentos de um jeito único. Talvez por serem contos que retratam o cotidiano, você consegue se imaginar no lugar dos personagens ou até mesmo já esteve no lugar deles. Teve contos que fizeram tanto sentido para mim, que li várias e várias vezes em êxtase.
No começo foi meio complicado para mim, não conseguia pegar os signos dos contos, mas depois fui melhorando.
Leiam!!!

Stephanie.Nietto 15/07/2020

Para Clarice, com amor
Eu disse pra minha amiga Ari que eu ainda sou café com leite nas resenhas, mas segundo ela eu vou me acostumar.

Esse foi meu primeiro livro da Clarice, por quem me apaixonei imediatamente vendo duas vezes seguidas sua entrevista para o programa Panorama em 1977 .
Eu fiquei hipnotizada por aquele olhar, que ao mesmo tempo que transparecia uma mulher forte e inteligente, trazia com consigo o cansaço e melancolia.
Escrevendo para Olga Borelli, ela declara: "Sou uma mulher simples. Não tenho sofisticação. Parece que me mitificaram. Eu não quero ser particular".
No entanto, para sua grande insatisfação, isso não foi possível, e arrisco dizer que nunca será. Para mim, Clarice será sempre particular e em cada conto (ou não conto) que lia, sentia o coração quentinho só por saber que cada história profunda, mesmo que explorando as situações mais corriqueiras da vida, foi escrita por uma grande mulher.
Portanto, Clarice, enquanto houver obras suas para que eu as devore e me perca completamente, vou sentindo essa felicidade clandestina que só você poderia descrever.

(o link da entrevista ta aqui também!)
https://www.youtube.com/watch?v=ohHP1l2EVnU

site: https://www.youtube.com/watch?v=ohHP1l2EVnU

Ju 11/07/2023

Clarice, Clarice...
Decidi encarar Clarice de vez (após muito temer sabe-se lá por qual motivo) quando ganhei esse livro de presente, pois nunca havia lido nada dela. Imagine a minha surpresa ao me deparar com o primeiro conto, Felicidade Clandestina, e ele despertar memórias de infância que há muito estavam enterradas?

Clarice é boa demais, é só o que posso dizer. Os contos me fizeram rir, chorar, questionar o que diabos eu estava lendo e, acima de tudo, refletir. Sinto que alguns deles ainda não sou velha o suficiente para compreender. E é isso. Essa constância evolução.

Meu top 4 de contos se organiza da seguinte forma:
1. A Legião Estrangeira
2. Felicidade Clandestina
3. Uma história de tanto amor
4. Os Desastres de Sofia

Ludmila90 30/01/2022

Clarisse que autora brilhante, suas histórias sempre cativantes.

As histórias sempre terminando com um ponto de interrogação, fazendo o leitor praticamente imaginar o final!

RH 05/06/2011

O conto que mais gostei do livro Felicidade Clandestina.

Este livro contém vários contos de Clarice Lispector.

O que mais gostei é este que dá nome ao livro: Felicidade Clandestina.
Me senti como aquela garota, vivi os momentos de agonia a espera do tão sonhado livro... e me alegrei junto com ela no momento da descoberta da posse do mesmo.


Autora: Radige Hanna.

Anaaa6 30/03/2024

Coloquei na mão de Deus e fui
Felicidade clandestina q é 30% felicidade clandestina (quando cumpre oque promete), 20% questionável (ainda estou me questionando sobre alguns contos (vulgo o ovo e a galinha), 50% frações de felicidade (pra não dizer que não tem), e 100% psicológico. Se você não tiver vivido pelo menos uns 10 anos da sua vida, vc não vai conseguir se indentificar com os sentimentos que a Clarice transmite atraves do livro, e se você não consegue se indetificar com esses sentimentos, você não vai entender absolutamente nada.
Li por causa da escola, li em 4 horas essa bomba inteira, até agora tô meio perdida. Em conclusão a gente pode dizer que Clarice é Clarice e eu sou eu. Mas pra fazer jus ao título eu vou assumir que todas as palavras que eu escrevi aí em cima, foi o meu professor que disse, eu não, eu não entendi 🤬 #$%!& nenhuma disso

Fabi 19/02/2021

Felicidade Clandestina é uma seleção de contos da Clarisse Lispector, permitindo que a leitura do livro possa ser feita de modo independente. Devo dizer que demorei muito pra terminar esse livro, a linguagem da Clarice é bem complicadinha de ler e admito que é muito fácil divagar no meio da leitura, apesar disso é possível captar muito bem através dos contos as características principais da autora, como a epifania e o fluxo de consciência o que permite uma experiência bem diferente na leitura das narrativas. Para uma pessoa que tem dificuldade pra ler clássicos, (assim como eu) acho que vale a pena se aprofundar mais no gênero antes de ler mas se já for acostumado acho que para iniciar a leitura de Clarice Lispector esse livro talvez seja o melhor. Não gostei muito mas achei muito válida a experiência e deixo aqui os contos que achei mais fáceis de compreender: ?Felicidade Clandestina?; ?Uma amizade sincera?; ?Restos do carnaval?; ?O grande passeio?; ?Perdoando Deus?; ?A mensagem?; ?Uma história de tanto amor? e ?O primeiro beijo?.

brupossatto 11/05/2024

É interessante mas não é meu tipo de livro, sinto que se não fosse o "posfácio" da edição sairia com mais dúvidas.

Luccal1 08/06/2024

Existe um Lucca antes e depois de ler o conto Escolhendo Deus, sinceramente ele me curou de diversas formas e varios outros contos desse livro me tocaram também. Ler Clarice foi olhar pra mim mesmo assim como ela olhava para o âmago de si, via a escuridão e a luz e sorria. Ela me ensinou a como começar e entender esse processo. Amar é aceitar o imperfeito de si e dos outros.

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente.

É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria? e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.

Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que ?Deus? é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus.

Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.

Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor.