Sara Moreira 01/06/2023
É urgente cuidarmos do planeta como a nossa casa.
Ideias para adiar o fim do mundo é a síntese de duas conferências e uma entrevista do líder indígena Ailton Krenak. Li esse livro no início da minha graduação e me impactou muito enxergar um pouco além da literatura europeia, que narrou os índios na colonização, de forma tão definitiva que esse imaginário coletivo perpetua até os dias de hoje.
Logo, foi de extrema importância para impulsionar minha reflexão, ao pensar que tudo que eu sabia sobre os índios sempre passou por essa peneira da visão europeia que animalizou e apagou a cultura dos povos que já habitavam o Brasil. Ailton, questiona a ideia de humanidade que circula nossa sociedade, como algo alheio a natureza e fala de práticas e culturas indígenas que cultuam essa natureza como algo que faz parte de ser humano na casa que chamamos de terra. Apela pela necessidade da mudança dessa visão que temos de que a natureza existe para servir aos humanos, para que de alguma forma, daqui algum tempo ainda seja suportável habitar o planeta.
Escrita em forma de diálogo, leitura rápida, que eu amei muito. Sempre que vejo os outros livros dele, tenho vontade de ler.
Dos trechos que sublinhei, destaco esse: "Cantar, dançar e viver a experiência mágica de suspender o céu é comum em muitas tradições. Suspender o céu é ampliar o nosso horizonte; não o horizonte prospectivo, mas um existencial. É enriquecer as nossas subjetividades, que é a matéria que este tempo que nós vivemos quer consumir." e " Ter diversidade, não isso de uma humanidade com o mesmo protocolo. Porque isso até agora foi só uma maneira de homogeneizar e tirar nossa alegria de estar vivos."
Incrível. Impactante.
Todos deviam dar mais voz aos indígenas, para poderem narrar suas próprias histórias e serem vistos a partir da própria definição. Eles sempre cuidaram da nossa casa de forma tão íntima, isso precisa ser validado. O comentário em tom de urgência faz jus a reflexão que esse livro me trouxe.