Polly 13/06/2020
Ideias Para Adiar o Fim do Mundo: e se a gente escutasse os verdadeiros donos dessa terra? (#119)
Eu adoro audiolivros. Escutá-los, exercita minha capacidade de concentração e, de certa forma, controla minha ansiedade. É uma das minhas formas de meditar. Funciona de verdade comigo. Sério. Então, quando eu vi a proposta de receber áudios pelo whatsapp de um livro com um título tão chamativo, eu não hesitei e embarquei na experiência. A Izabela Loures, além do projeto lindíssimo de leitura para pessoas com deficiência visual (o projeto é voltado para isso, mas ela também abre espaço para quem se interessar), tem uma voz bastante relaxante e um canal super legal do YouTube de drops literários que vale super a pena conferir (chama-se Drops de Leituras Vem Ouvir). A experiência é superválida!
Ideias Para Adiar o Fim do Mundo me apresentou uma personalidade importantíssima que eu confesso que eu não conhecia: Ailton Krenak. Krenak é um ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas, e uma voz que precisa urgentemente ser escutada. E não só por nós, brasileiros, mas por toda humanidade. Precisamos de novas ideias, sobretudo das que venham de culturas que não nos separem do que chamamos de natureza, daquelas que nos lembrem que, na verdade, nós somos essa natureza também.
O livro é fruto de uma palestra ministrada por Krenak para a UNB e ele nos instiga a pensar maneiras de salvar nossa pele desse futuro terrível que nós mesmos vínhamos construindo (e ainda continuamos, mesmo que claramente não esteja dando certo), geração após geração. Krenak nos faz repensar sobre a sede de conquista do homem branco, que vê o mundo natural como um “recurso” a ser explorado. Tal ambição destrói a natureza, as culturas que não compartilham da mesma opinião e, no final tudo, a nós mesmos também. Precisamos de ideias que nos salvem. O respeito à Terra, como a entidade vida que ela é, é o começo de tudo, é o que Krenak busca nos mostrar.
Krenak e tantos outros líderes indígenas precisam ser ouvidos, e não silenciados como há 520 anos o Estado brasileiro vem fazendo (ainda mais ostensivamente nos últimos tempos). Vamos dar voz e direitos aos que, no final das contas, são os verdadeiros donos dessa terra. Talvez eles tenham uma solução para o caos que nós mesmos criamos.