luri22 13/01/2024
Até que ponto devemos acreditar?
Primeiramente, devo dizer que "Os imortalistas" tem uma premissa muito diferente - pelo menos em relação a todas as leituras que já fiz - o que me chamou atenção logo de primeira.
O livro começa bom mas não tão cativante, no meu ponto de vista, por contar com diversos termos judeus que eu não conseguia deixar passar batido, o que me fez parar diversos trechos para pesquisar e entender sobre o que estavam falando de fato.
A partir do desenvolvimento de Simon em São Francisco a leitura me prendeu demais e foi doloroso ver como ele acabou, embora tivesse previsto o seu fim. É triste saber que as atitudes "imprudentes" que ele tomou se basearam na previsão da vidente, será que ele teria morrido da mesma forma se não tivesse sido exposto à sua data enquanto uma criança vulnerável? Talvez sim, mas acredito que não nessa idade. Ele merecia ter vivido o amor.
O que dizer de Klara? Sinceramente, não sei se ela é o tipo de pessoa que eu gostaria de conviver de fato, essa coisa de viver sem pensar muito não combina comigo. Mesmo assim, foi minha personagem favorita, e a morte que mais doeu pra mim - essa não achei previsível. De verdade, sinto pena dela, mas não só por ter acabado daquele jeito, tenho pena de todo o seu desenvolvimento. Ela acreditava demais no que fazia quando ninguém mais acreditava, estava sozinha. Ok, Raj aparece na trama mas não sei se isso melhorou as coisas. Um egocêntrico que não entendia suas dores e que menosprezava todos os seus sentimentos. Ela merecia alguém melhor, ela merecia alguém que acreditava também. Ela merecia tempo para conhecer Ruby de verdade.
A parte de Daniel começa bem. Gosto de conhecer o seu lado das narrativas de Simon e Klara, sua história com Mira e gosto de descobrir sobre a família de videntes junto à ele. Adoro ver o desenvolvimento de sua relação com Ruby - o que Raj consegue estragar em pouco tempo. Mas tudo se perde no dia de sua morte, sinceramente não entendi direito o que aconteceu até agora. Esperava maiores explicações na parte de Varya mas nem isso nos foi dado. Tudo aconteceu rápido demais além de nada ter feito sentido para mim, o que aconteceu com Bruna? O que deu em Eddie? Também senti falta da perspectiva de Ruby acerca de tudo.
Temo dizer que o que desandou no fim de Daniel não voltou pros trilhos na parte de Varya. O que define esse final é : chato. Ok ela é pesquisadora, não é por isso que temos que ler páginas e páginas arrastadas sobre macacos do laboratório. Também achei a aparição de Luke forçada, não havia necessidade de se enfiar mais esse personagem - que já existia a muito tempo, a gente só não sabia. Pelo fato de o livro começar com foco em Varya durante a infância, esperei demais da sua parte e acabei me decepcionando. Mas não é culpa apenas da expectativa criada por mim, é uma narrativa realmente apressada, jogada no leitor sem muita explicação. A única coisa que consigo extrair desse fim é que viver mais não significa viver melhor. Mas não foi o suficiente, a autora peca no desenvolvimento desinteressante de Varya e também no fato de muitas coisas mencionadas anteriormente terem sido deixadas em aberto, ou fechadas de maneira abrupta.
Apesar do final fraco eu recomendo sim a leitura, as primeiras partes compensam - ou talvez não porque você acaba decepcionado - mas são de qualquer jeito boas.