Juju 26/01/2021
Arquivos macabros
Quem nunca ouviu falar nos casos Richthofen e Nardoni no Brasil, não é mesmo? A grande maioria das pessoas nascidas no século passado acompanharam aficcionados as notícias que saíam a todo momento na televisão sobre estes dois eventos que chocaram o nosso país por conta de sua crueldade desumana. Ilana Casoy, uma criminóloga renomada, esteve presente e participou de ambos os processos tecendo opiniões e fatos que compartilhará em Casos de Família.
ARQUIVO 1: Em 31 de outubro de 2002, Manfred e Marísia von Richthofen foram assasinados a pauladas por dois rapazes enquanto dormiam um sono tranquilo em sua cama dentro de sua própria casa que supostamente seria o local onde mais se sentiriam seguros. O mais chocante foi o fato de a filha Suzane, - loura, bonita, inteligente, culta e instruída - não somente estar envolvida como ter participado e ajudado a elaborar a obscenidade na companhia de seu namorado Daniel e o irmão dele, Cristian. Ao que tudo indica a família de Suzane não aprovava o relacionamento da garota com Daniel Cravinhos e por conta disto os dois arquitetaram um plano para matá-los de modo que Suzane herdasse a farta herança dos pais e pudessem viver seu romance encantador livremente e, é claro, ricos. Em momento algum Suzane von Richthofen, na época com seus 19 anos, demonstrou outra reação além de frieza e indiferença o que chocou grande parte dos investigadores, da mídia e do próprio público de casa. Como colaboradora Ilana Casoy trabalhou ao lado dos peritos e da equipe extremamente competente da polícia a fim de analisar todas as evidências e compor a trajetória dos fatos que derrubariam qualquer argumento adverso dos réus. Neste primeiro arquivo ela descreve minuciosamente os detalhes e informações sobre o crime bárbaro, incluindo os testemunhos das vítimas e o julgamento que se seguiu, além de compartilhar suas anotações pessoais e opinião própria.
ARQUIVO 2: Em 2008 o rosto da menina de 5 anos, Isabella Nardoni estava estampado em todos os lugares do Brasil e a população em estado de choque devido às circunstâncias trágicas de sua morte terrível. Esganada pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, em seguida foi arremessada da janela do sexto andar por seu próprio pai, Alexandre Nardoni. O casal insistia tolamente em sua inocência apesar de praticamente todas as evidências estarem apontadas contra eles. Quando sua culpa foi finalmente provada se seguiu um árduo e comovente julgamento, no qual Ilana Casoy esteve presente e narra tudo para nós leitores nos mínimos e chocantes detalhes.
É um livro denso e bastante técnico, ou seja, é para quem curte o gênero, para quem gosta de ler sobre casos reais, saber sobre os detalhes das investigações, para quem não se importa em ler sobre fatos perturbadores e cruéis. Como acompanhei ambos os casos pela TV ainda muito novinha, minha lembrança sobre os mesmos era bastante rasa e limitada, portanto, busquei me informar sobre eles lendo esta obra de Ilana Casoy que é muito bem escrita e detalhada, reconstitui todos os eventos e fornece todo o material necessário para que possamos compreender como se deram os ocorridos e o que aconteceu depois com os assassinos, bem como se deu todo o processo de julgamento. Foi uma leitura rápida para mim, apesar das que 600 páginas, mas não creio que seja assim para todos, uma vez que o livro trata de temas sensíveis e aborda uma vasta gama de informações que podem se tornar um pouco cansativas ao longo das páginas. Ainda assim trata-se de uma obra super completa e fidedigna escrita por uma profissional muito competente e qualificada que se dedicou a compilar tudo em uma ordem muito apurada e minuciosa. Apesar de inserir alguns toques de suas impressões pessoais, Casoy se manteve imparcial durante a maior parte da narrativa, o que é importante, para que possamos tirar nossas próprias conclusões. Eu recomendo bastante a leitura aos amantes de crimes reais e não ficção :)