Resenhas - Gabriela Cravo e Canela

laiscguima 24/01/2021

Em linhas gerais é uma história de embate entre a tradição e a inovação tanto política e econômica, como da moral e dos costumes. A ambientação de Jorge Amado, construída principalmente com aromas e sabores, conseguiu me transportar para Ilhéus daquele período e sua narrativa com diversos personagens dão uma melhor dimensão da sociedade e seus costumes.

Mawkitas 08/02/2022

Uma das formas de se evitar a tirania é não tentar dar nome a todas as coisas, principalmente às que não dizem respeito à pessoa que está nomeando. "Gabriela, cravo e canela" me faz pensar nisso. Como é importante a gente dar espaço para o outro ser quem é e ver o que vem dele de forma natural, sem a gente tentar direcionar, controlar, orientar, civilizar, salvar, ajudar e, em suma, capturar! O desejo é um trem doido e corre o risco de murchar quando a gente tenta uma harmonia impossível. Conviver com um desencontro de base, estrutural, acaba ajudando a gente a ver quais encontros topamos, do que é que a gente dá conta, o que a gente quer.

poplosers 04/05/2021

o cheiro de cravo, a cor de canela
acima do romance do Nacib e da Gabriela, esse livro é sobre tantas coisas! política, evolução, mudanças nos hábitos da sociedade de Ilhéus mas, acima de tudo, no tão falado progresso ao longo de toda a história. e olha, que progresso, viu?

a escrita do Jorge é envolvente, simples, poética e costura hábitos típicos dos brasileiros em acontecimentos engraçados e trágicos. uma leitura, sem dúvidas, imperdível! Gabriela é única. amei!

Fê Gaia 11/01/2010

Ingenuidade
Ingênua, simples e feliz... assim é Gabriela. Para ela é muito fácil de ser vivida, as pessoas é que gostam de complicar, se zangar por nada. Gabriela representa a pureza perdida. E pureza para mim não é ser um símbolo de moralidade e sim não enxergar pecado na satisfação de seus prazeres. Admiro a alegria de viver de Gabriela, esse amor pela dança, pelas brincadeiras, pelo sexo. Apesar de sua certa submissão aos homens, fica claro que eles mais ainda se submetem a ela, de uma maneira natural e inevitável. Gabriela é única, de um encanto sem igual.

Tatta 15/07/2021

jorge amado é o meu escritor brasileiro favorito até o momento.

uma literatura muito instigante - nela temas específicos como a formação da cidade de ilhéus tomam proporções incomensuráveis (trata-se de um escritor bastante apreciado na frança, por exemplo).

gabriela conta mais a história de mundinho falcão, trazendo provocações sobre o progresso e a resistência a ele.

um livro fácil de agradar porque o autor colabora. genial demais. ele tem uma mania sensacional de apresentar um personagem contando a vida toda dele, é incrível. não tem um ponto sem nó aqui!

por fim, que escrita e estruturação de texto moderna! manda muito...

T.N.T.Rock 06/08/2023

O gosto do Cravo e o perfume de Canela.
Uma leitura tão encantadora quanto Gabriela.
Jorge Amado descreve muito bem o Brasil profundo, o Brasil dos Coronéis de cacau, dos Doutores da cana de açúcar, um Brasil ainda tão ingênuo, mas nem um pouco inocente.
O Romance tem uma riqueza de personagens que nos faz nutrir os mais variados sentimentos, a única coisa que não se leva dessa leitura é indiferença.
Sem dúvidas um dos maiores clássicos da literatura mundial de todos os tempos.

Consuelo 19/02/2024

O Velho, o Novo e o Cacau
Que leitura deliciosa! Há muito o que discorrer, mas vou focar no prazer que foi ?viver? em Ilhéus nesses dias. Eu, que de Gabriela só tinha (parcas) referências das adaptações para as telas, fui adoravelmente surpreendida por essa história. A história de uma cidade, de um povo, de uma sociedade em seu processo de transformação de pensamento e comportamento.

Thiago 24/12/2021

Que leitura deliciosa! Dá para sentir o perfume de cravo e ver o sorriso de Gabriela.
A maneira como a história vai passando por cada personagem, desnudando cada personalidade, mesmo os secundários, tornam a leitura desse livro um prazer.

Lorena 03/08/2022

Gabriela, explicá-la jamais!
Para que explicar? Nada desejo explicar. Explicar é limitar. É impossível limitar Gabriela, dissecar sua alma?
Foi longa jornada, só lendo mesmo de pouquinho. De pouquinho em pouquinho a gente se encanta pela profundidade de Gabriela. Que nada quer ser, que de tudo prefere o simples. Não fosse o corpo de mulher pensa que é criança. A trama em si perde completamente o foco, de tão interessante que se torna ler sobre Gabriela. Da vontade de só falar sobre ela, porque Gabriela é o que de mais simples existe nas mulheres. É de fascínio. Uma vontade de ser só ela, por si só, presa dentro de si e longe de qualquer vínculo social. Gabriela é só dela. Tinha vontade, na hora fazia. Jorge Amado não poderia ter sido mais perfeito na criação de Gabriela, que é desejo, que é riso, que é Bahia, que é vida. Que é você, que sou eu. Que é o que tem de mais profundo dentro de cada mulher.
Nunca que eu te esqueço Gabriela, porque te esquecer é esquecer de mim.

Isadora Silva 28/03/2024

Leitura com cheiro de cravo e canela
Gabriela, cravo e canela é uma história conhecida por boa parte dos brasileiros, a chegada da retirante linda e inocente já virou sucesso nas telinhas mais de uma vez e os bordões dos personagens ficaram totalmente conhecidos.

O livro é uma construção belíssima do avanço de ilhéus, que era comandada pelos coronéis e começa a passar por mudanças significativas. O livro é repleto de críticas sociais e discussões políticas incríveis, mas o que me pegou mesmo foram os personagens, Malvina, Nacib, João Fulgêncio e tantos outros que me marcaram por suas falas e posicionamentos à frente do tempo.

Apesar de tudo, a personagem de Gabriela me causou alguns incômodos, gosto de sua liberdade, de seu modo de pensar, mas me incomoda o lugar que essa "mulata" ocupa na narrativa sensual, mas muito inocente ao mesmo tempo, é muito um retrato do contexto histórico que se defendia o paraíso das três raças de Gilberto Freyre.

É uma leitura que vale muito a pena e que nos transporta diretamente para ilhéus.

ana oliveira 01/05/2022

" Certas flores murcham nos vasos"
Livro incrível, história maravilhosa e escrita impecável. Jorge Amado fez um trabalho excepcional ao dar vida à Gabriela, criatura pura, encantadora e com mãos de fada para o tempero da cozinha. Ao decorrer da narrativa temos o prazer de acompanhar a história de amor entre o sírio Nacib e sua cozinheira Gabriela, que se passa na cidade portuária de Ilhéus, durante a época de ouro do cacau. Ainda, podemos desfrutar da ambientação que o livro proporciona, nos fazendo sentir como habitantes de Ilhéus, participando como ouvintes das fofocas e intrigas que, frequentemente, ocorrem na cidade.
Uma leitura envolvente, que nos mostra o porquê de que "certas flores murcham nos vasos".

carolina :) 24/06/2022

"[...] é como Gabriela, existe, e isso basta."
O cheiro de cravo nos acompanha durante toda a leitura, mesmo que nem tão cedo nos seja apresentada, Gabriela vem desde as primeiras páginas introduzindo sua presença ainda oculta.
Interessante demais como o autor julga atitudes patriarcais, violências e muitas das crenças do século XX.
Jorge Amado, aqui, soube equilibrar história, humor e romance. Acompanhar Ilhéus e suas tramas, o tempo de progresso vindo do cacau, indas e vindas de personagens com suas inconfundíveis personalidades, mas, no final, quem deixa os rastros e vem com uma rosa no cabelo, é ela, Gabriela.
Alma livre, de menina-mulher; não tente coloca-la dentro dos padrões pois ela não é nada além dela mesma, inteira em sua autenticidade. No fundo, todas nós devemos ter um quê de Gabriela, viver a verdade dos nossos corações, viver ardente.
Quem resiste a sua beleza, seu cabelo desengonçado ao vento, suas comidas, simplismente sua fluidez de ser Gabriela? Ela, inspiração pra mim, vem nos dizer que sem esforços, sem tentar nos encaixar em lugar nenhum, nossa melhor forma de ser é sendo nós mesmas.
Seu Nacib (Moço Bonito!), se encanta pelo cheiro alucinante de cravo e cor de canela queimada; e é uma felicidade acompanhar o desenrolar desse romance cheio de saberes do amor e da paixão.

Acompanhar essas páginas foi bom demais,
Ainda não sei bem definir esse livro,
Só sei que ele é todo cravo e canela;
De onde vem? Vem de Gabriela.

Kel 15/07/2021

Muito mais que Gabriela
O livro não é sobre Gabriela, tão pouco sobre seu Nacib, ou qualquer outro personagem, ele é sobre Ilhéus, sobre como a vida ali se configura, como as pessoas presentes pensavam, como ela foi feita e como está sendo construída, sempre com um olhar fixo naquilo que o texto sempre está trazendo como um norte, é aquilo que marca essa geração: o progresso.

Lipe 24/01/2020

Jorge Amado, poeta do povo brasileiro
Jorge Amado é cirúrgico, certeiro, poético e inigualável ao nos representar em suas obras literárias, que têm simplicidade narrativa, sensualidade e exotismo misturados a temas de cunho político e moral com temas agudamente atuais, como machismo, autoritarismo político e hipocrisia moral. Como bem apontou o crítico Álvaro Cardoso Gomes sobre Jorge Amado, "(...) preocupação de dar amostra do real sensível, entrevisto sob a perspectiva da luta de classes, mas sempre atenuando o clima de opressão com uma pitada de lirismo. É esse lirismo que equilibra o clima de opressão, principalmente nos autores onde se verifica, de maneira declarada, uma tomada de posição em prol dos desfavorecidos." Suas obras, como em Gabriela Cravo e Canela, nos permite refletir sobre as condições de exploração de autoridades políticas e das mazelas do machismo estruturante.

jessica.guabiraba 26/03/2023

O cheiro de cravo, a cor de canela
Gabriela é uma figura apaixonante, traz o gingado nas ancas, a inocência na fala, a ternura no abraço e toda a sensualidade no olhar. O moço bonito logo se apaixonou e foi correspondido, mas cometeu um erro medonho, quis transformar ave livre em passarinho preso na gaiola. Logo o sorriso de criança foi sumindo, "sapato? gosto não, meia ? gosto não, vestido alinhado? gosto não". Gabriela que tinha cheiro de cravo e cor de canela gostava mesmo era de liberdade, de brincar com as crianças da rua, de ir ao circo, de ir ao cinema, de comer goiaba diretamente do pé, brincar e acolher os bichinhos de rua, mas nada disso agradava Nacib, ele queria uma esposa chique, um troféu, a mulher mais linda da cidade, com formosura e elegância. "Casamento? Precisa não, importa não", mas Nacib queria envelhecer ao lado dela, pensou que casar fosse a melhor solução. Casaram, viveram, mas, asa cortada dói na alma e pavão é bicho vaidoso, que gosta de olhares, carinho e elogios, moços bonitos não faltavam e dessa vez quem chorou foi o árabe. No entanto, como na vida tudo que muda pode ser para melhor, no livro não foi diferente . Os caminhos podem atravessar os quereres e o sentimento pode vencer o orgulho. A escrita de Amado é poética, uma prosa rimada e cheia de sabores, cores, cheiros, personagens, amores, mas também é uma obra política, que retrata o coronelismo, a ascensão do cacau na Bahia e o machismo extremo de uma sociedade hipócrita. Leitura importante para todos os públicos, em especial para os vestibulandos, já que Jorge Amado é uma das figuras principais modernista, com uma obra marcada pelo regionalismo e pela denúncia social.