Gabriela Cravo e Canela

Gabriela Cravo e Canela Jorge Amado




Resenhas - Gabriela Cravo e Canela


494 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Eduardo 27/01/2019

Gabriela: adjetivo, verbo, substantivo, advérbio (de modo, principalmente)
É gabriela ou Gabriela? Já não dá para saber se Gabriela é substantivo ou adjetivo. E muito provavelmente também é verbo. Sendo uma pessoa, talvez não seja uma, seja muitas. Há incontáveis Marias e Joões por toda a parte que, no fundo, são gabrielas.
Ilhéus dos anos 20 é um retrato fiel de uma sociedade que teimava em não avançar; não por falta de influência, mas por excesso de barragem. Em uma sociedade ainda controlada por uma forte influência coronelista, vivendo uma realidade política tensa, sob sombras recentes do poder conquistado através da força, da corrupção e da morte, qualquer sinal de avanço se torna ameaça. O sinal de avanço, nesse caso, é Mundinho Falcão, grande idealista econômico e, durante a época em que a história se passa, iniciador de avanços políticos e sociais, candidato a enfrentar a arcaica política da cidade nas próximas eleições, esta representada pelo conservador coronel Ramiro Bastos. Por mais que o setor econômico de Ilhéus estivesse em constante avanço (principalmente devido ao cultivo do cacau), o mesmo não ocorria na área social, educacional e política. O desafio de enfrentar uma política suja, alicerçada sobre o voto de cabresto e alianças perigosas, exigiria certo esforço de Mundinho, mas o sujeito não estava sozinho.
Quando nos damos conta de que o debate político ocupa a maior parte da narrativa, pensamos "por que Gabriela no título?". É tão complicado dar uma resposta à essa simples questão porque, ao mesmo tempo em que Gabriela é causa, também ela é consequência. O cenário político não é pano de fundo, é parte da nova pintura de Ilhéus, desenhada por Gabriela, mas retocada por todos os outros personagens secundários. Não há como retocar algo que ainda não tem corpo. Explico mais adiante, se conseguir, porque não é uma tarefa fácil.
Não há sombra de Gabriela por um grande pedaço inicial da obra. É que até esse ponto Jorge Amado prepara o terreno.
O árabe Nacib, dono de um famoso bar da cidade, vê-se abandonado por sua cozinheira e em meio à necessidade de contratar uma nova. Retirantes se reúnem no mercado de "escravos" para que possam ser avaliados e, então, contratados. É de lá que Nacib traz Gabriela, ainda suja e maltratada pela longa caminhada, pelo calor e pela miséria. A nova cozinheira será então responsável pela preparação das comidas para o bar e pelas tarefas domésticas na casa de seu patrão. É a partir desse momento que Nacib descobre-se apaixonado pela linda moça, tão jeitosa e ingênua. Mas sua beleza e ingenuidade não despertam a atenção apenas do árabe; grande parte dos homens da cidade começa a desejá-la, a cortejá-la, sejam eles solteiros ou casados, afinal de contas, a honra deve ser respeitada apenas pelas mulheres, fato esse corroborado pela acomodável aceitação pública diante do assassinato de Sinhazinha e Osmundo pelo coronel Jesuíno Mendonça, que flagra sua esposa e o dentista na cama e justifica suas mortes como lavagem de honra, justificativa essa aceita inclusive pelas autoridades judiciais da cidade. Aliás, sendo essa uma das primeiras cenas do livro, serve de marco para a transformação que Gabriela trará à cidade.
Começam a partir de então os desenvolvimentos de diversas histórias paralelas, que ora se cruzam, ora não, algumas têm relação direta com Gabriela, outras nem tanto, mas sempre acabam pegando carona na onda de mudança que se abate timidamente sobre Ilhéus. Então conhecemos um pouco mais sobre os embates e todas as falcatruas envolvidas na política da cidade e de suas vizinhas. Acompanhamos também as alianças e impasses de Mundinho Falcão para conseguir construir a barra no porto de Ilhéus, que traria ainda mais progresso para a economia local, mas que, acima de tudo, alavancaria sua carreira política. Conhecemos também Malvina, filha do coronel Melk Tavares, que começa a se relacionar com um dos engenheiros de Mundinho e desperta a fúria do pai, mais um dos típicos defensores da honra familiar, desde que ela seja apenas respeitada por sua esposa e sua filha. Há ainda mais uma dezena de personagens, cada qual com suas histórias, suas tradições, suas desconfianças, seus segredos, e todos eles moldam o cotidiano da cidade, que é narrado de forma primorosa por Jorge Amado. Não há como não se deitar na rede com Nacib, não há como não estar nas pedras com Malvina, não há como não dançar descalço na rua com Gabriela...
Tanta gente, tanta história, tanto sangue e tanta glória, tantos mundos que não cruzam o mundo de Gabriela... Então por que Gabriela? Porque Gabriela é sinônimo para progresso, acima de tudo progresso social. Mas, quando há progresso social, todo o resto é consequência. Gabriela é influência, é a personificação de uma nova Ilhéus. Sua ingenuidade, sua leveza e sua sensibilidade exalam como perfume, e perfume de cravo. Não à toa, na linguagem das flores, o cravo pode ser desprezo, amor eterno, encantamento, não esquecer, amar sem que o outro perceba, coração partido e amor eterno. E tudo isso é Gabriela. Por que ela precisa ser o que os outros querem que ela seja? Por que ela não pode ser um cravo hoje, outro amanhã? Por que ser sujeitada a um homem, e não dona de suas próprias escolhas? Por que casada, se é feliz solteira? Por que sapatos, se gosta de andar descalça? Ela mostra, em sua humilde simplicidade e maneira de ver o mundo, que ninguém nasceu fadado a rótulos, que não precisa seguir preceitos e cerimônias, e acha isso tão simples que é incapaz de compreender como pode existir um mundo em que as pessoas se escondem atrás dos não-podes, disputando quem é mais feliz não podendo a maior quantidade de coisas possíveis.
Jorge Amado criou um livro atemporal, uma obra que atravessa gerações, cuja visão se perpetuará, e cuja protagonista merece todas as classes gramaticais possíveis para si. Malvina, ao enfrentar a fúria do pai em nome de sua felicidade e de seu direito de escolha, é Gabriela. Glória gabrielamente peita a cidade, fonte de tantas fofocas que a atingem. Nacib, em dado momento, se gabriela com seus próprios pensamentos e forma de ver as relações sociais. Mundinho Falcão começa a gabrielar uma nova política, uma nova forma de conduzir problemas econômicos e sociais em Ilhés.
Acho que posso me permitir adaptar um pouquinho de Chimamanda Ngozi Adichie para finalizar essa resenha, porque achei completamente adequado, afinal de contas, sejamos todos gabrielas, por que não?
Jean Milhomem 27/01/2019minha estante
Ótima resenha, com certeza tenho que ler este livro.


Eduardo 27/01/2019minha estante
Valeu, Jean! Muito obrigado :) Leia sim! É uma obra maravilhosa!


Aline 28/01/2019minha estante
Eu adorei Gabriela. Junto com Tocaia Grande, é o meu favorito de Jorge Amado. Nasci na zona do cacau que Jorge retratou tão bem nas obras dele.


Eduardo 28/01/2019minha estante
Que legal, Aline :D Quanto aos livros dele, li somente Gabriela e A morte e a morte de Quincas Berro d'água. Não vejo muita gente falando de Tocaia Grande, mas já adicionei à minha wishlist haha. Obrigado ;)


Aline 30/01/2019minha estante
Li Tocaia Grande no colégio para o vestibular. Por aqui os livros dele sempre caem no vestibular. Graças a isso, li vários livros na adolescência. Tocaia Grande é como se fosse o nosso Cem anos de solidão.


Eduardo 30/01/2019minha estante
Aqui ele costuma cair também, mas geralmente os mais conhecidos acabam sendo Gabriela, Dona Flor, Capitães da Areia, Tieta, Quincas e Tereza Batista. Vou dar certa prioridade então a Tocaia Grande nas minhas próximas leituras haha :D


Aline 31/01/2019minha estante
Brigada pela confiança. Tocaia Grande se passa num ponto de tropeiros (onde fizeram uma tocaia) entre as cidades de itabuna e ilhéus. E adivinha onde ficava minha faculdade? Entre as cidades de itabuna e ilhéus. Rss


Eduardo 01/02/2019minha estante
Num universo paralelo, você era uma tropeira universitária kkk


Cílio Lindemberg 03/02/2019minha estante
Gostei da resenha! É de convidar a gente pra ler. Parabéns!!! :)


Eduardo 03/02/2019minha estante
Valeu, Cílio! Muito obrigadinho :) Se for ler, depois me diga o que achou haha


Cílio Lindemberg 03/02/2019minha estante
Magina. :) Pode deixar. ^^


Angelica75 16/12/2019minha estante
Ótima resenha! Preciso ler Gabriela :)


Eduardo 16/12/2019minha estante
Obrigado, Angélica :) Leia sim! Acho esse livro uma joia!




Iarelena 20/06/2012

A menina que não morre
Gabriela é linda. Mas é tão linda, mas tão linda, que se arrebenta e se explode em si de beleza. Ela rompe aquela primeira barreira que as mulheres ligeiramente bonitas alcançam, que é a de gerar inveja e ciúme nas outras mulheres. No caso dela, o ciúme é até justificado, mas realmente não vem ao caso. Ela é linda de tal maneira que isso, o ciúme, a inveja, ficam pequenos. Ou, pelo menos, menores que suas ancas.
Ela é linda porque gera beleza ao seu entorno. Ela é musicalidade, mas não é qualquer musicalidade. Ela é aquela brincadeira de samba de roda, com um quê de baião, e é ginga. É sorriso sincero e sem tamanho, felicidade por pouco. Felicidade que não precisa de grandes motivações, porque ela não precisa ser gerada: Ela nunca deixa de ser. Não é o riso de desespero, que esconde qualquer coisa, ou talvez até o seja, mas que deixa essa qualquer coisa a ser escondida pra trás tão longe que nem mais escondida fica. Fica à mostra, aos olhos de quem quer ver. Qualquer um que queira efetivamente ver. E, ao mesmo tempo, que não se impõe.
Ela é uma mocinha de aproximadamente 17 anos, e embora não se ofendesse se eu a chamasse de ninfeta e não entendesse -, eu não gostaria de chamar. Porque ser ninfeta pressupõe uma série de quesitos aos quais ela deveria preencher, e Gabriela não lida muito bem com bandeiras, com papéis. Ela só é. Ela é uma mocinha que provavelmente é nordestina, embora não se saiba bem de onde. É de um lugar que já nem há. Nova que só, já passou por muita coisa. Aprendeu muita coisa. E não sabe coisa alguma. Gabriela quer, apenas, um teto, um pouco de água, um pouco de comida, uma flor no cabelo, os carinhos de um moço bonito, os olhares de frete dos moços.
Não lhe importam as águas de cheiro, os sapatos altos, jóias, maquiagem, luxo, roupas caras. Não lhe importa a política, a emancipação feminina, o cacau no pé, o cacau no banco, a economia, a velhice, o futuro... Ela serve ao seu patrão, e é isso que ela faz. Ela serve às bocas da cidade, com seu sabor inconfundível. Ela serve aos olhos dos homens, e ao seu quase toque... Ok, eventualmente, a alguns toques. Com gosto, ela serve. Ela serve ao seu moço bonito então... Com um prazer que faria corar. Não diria submissa porque os rótulos não cabem em Gabriela, e esse logo falharia também: Ela serve, principalmente aos seus desejos. Deles, é cativa. E, com isso, sem querer e sem saber, contesta sim a grande ordem, faz barulho, e ais de amor. Ela quer sexo. Ela quer ser desejada. Ela não quer casar. Ela prefere samba à festas de sociedade, e tira o sapato e vai correndo de uma a outra. Essa é a nossa menina. Ela serve-se de si, e como não é egoísta, serve aos outros e dos outros também. E não é isso o tal do amor, e do amor ao próximo?
E isso é o livro. O livro é Gabriela. O resto? Cenas de Ilhéus, com briga de poderes entre uma frente de fazendeiros de Cacau e um liberal vindo da cidade. Causas aqui, bandeiras acolá. Tudo o que existe em tantas outras obras, e que me perdoe Jorge Amado, mas sei que ele amou Gabriela tanto quanto eu. E eu digo de cadeira: Tudo isso é interessante, sim. Ilhéus é apaixonante. A Bahia, como diz Caetano, tem um jeito... E, como completaria Caymmi, que nenhuma terra tem. E a trama política, o assassinato, tudo isso é primoroso. Mas é sufocado pelo cheiro de cravo que emana de Gabriela. É ela de quem se quer saber. E, como Nacib, perdidos em seu encanto, que caminhamos pelas páginas.
Nacib é um moço bonito, apesar de não ser exatamente bonito. Ele não é um bonito galanesco, e nem tão moço... Tem barriga, faces cravadas e brutas de sírio. Mas em expressões tão doces, e comportamento de mel, que é bem quisto por todos os lados de todas as batalhas. Nacib é boa praça, mas não só. É boa gente, mas não só. E é tão bonito que compensa o fato de não ser bonito de todo. E, como todos, se apaixona por Gabriela. E no meio de seus dilemas machos, que não cabem aqui porque há que se ler o livro, e no meio de sua consciência tão síria e tão brasileira, percorre com a nossa menina uma jornada de amor, de aceitação das diferenças, de superação dos limites sociais e das regras comportamentais em busca dos desejos pessoais. É uma linda jornada de se acompanhar, enquanto se espera na espreita para ver Gabriela desnudar-se.
Porque é a linda Gabriela que queremos ver quando lemos esse livro. Ao menos eu. No meu caso, não tanto com a fome dos moços. Mas por ser tomada por sua beleza de alguma forma. Porque, retomando lá no início, ela é de uma lindeza tão abrangente, e tão abundante, e tão não mesquinha, que nos faz buscar em nós mesmos essa beleza. Que é dela e nossa. Se aos homens, o argumento de tê-la já parece o suficiente, para as mulheres ele é similar, mas com uma diferença fundamental. O argumento é tê-la... Dentro de si. Gabriela é a menina que descobre o amor, que gosta de se envaidecer com a própria beleza um pouco. Que não liga pra dinheiro, pro cartão de crédito, pro casamento, pra velhice, que não faz previdência social, que nem sabe o que isso é, que não entende de impostos. Gabriela não quer casar com o príncipe para jamais precisar ser rainha de nada. Traz só suas chinelas velhas, seus trapos, uma flor do meio do caminho e ela. E... Bom, nós temos tudo isso. O namorado, o marido, a fidelidade, as contas, as preocupações, os projetos ao longo prazo, um perfume, um ouro, uma roupinha, uma maquiagem, uma mesquinharia, um ciúme... Mas também Gabriela, com tudo o que ela pressupõe. Ela, aquela voz maliciosa de querer dizer vem, quando você diz não quero mais te ver. Ela, aquele sorriso descarado depois de ouvir um gracejo sórdido. Ela, a menina de chinela em nós que não morre nunca, por mais que tentemos matar dia a dia. Ela, aquela flor desengonçada que você põe no cabelo, aquele vestido simples e o cabelo não-escovado.
Ela...
Jorge a trouxe à tona. Para nós.
Gabriella 14/09/2012minha estante
Lindo. Lindo.
incrível como você descreveu exatamente o que se sente ao ler Gabriela.


MimiPanda 13/04/2020minha estante
Na minha opinião, essa resenha deveria ser inclusa em todas as edições do livro. Perfeita a resenha, que sensibilidade vc tem, menina. Tem alma de Gabriela ?


Alessandra.Rodrigues 02/05/2020minha estante
Que lindo, realmente é isso! Como uma colega falou deveria ser inclusa nos livros


Jay 13/10/2020minha estante
Lindíssimo ?


Karina.Almeida 02/01/2021minha estante
Uauuuuu ??




GiGi181 11/04/2023

Desânimo e desespero na tortura de Amado
Odiei cada segundo de leitura deste livro!
Seria impossível transmitir em palavras o quão frustrante e maçante foi ler esta obra, mas é um mal do autor.
Sua escrita é uma lenga lenga sem fim e sem propósito, só um monte de frases vazias e sem sentido. Não foi possível gerar imagens enquanto lia, era como ler uma língua sem sentido.
Chega a ser bizarro o quão aclamado é o autor pensando na qualidade muito duvidosa de algumas de suas obras. De Gabriela só o título e os olhares maldosos do autor e de suas criações. Dos demais personagens só delírios machistas e falta de personalidade.
Se eu pudesse desler algum livro, esse seria com toda certeza uma das minhas primeiras escolhas, muita perca de tempo.
Rodrigo 11/04/2023minha estante
Eu lhe entendo perfeitamente... sensação parecida ao ler capitães de areia...


GiGi181 12/04/2023minha estante
Acho que meu problema é com o autor no todo


Rodrigo 12/04/2023minha estante
Isso, é o que me deixou p*tô é que eu caí no efeito cascata de todo mundo que endeusa as obras dele. Depois de achar o livro uma bosta, ainda fiquei me sentindo culpado por não ter entendido a vibe do cara


Vício em sebo 18/06/2023minha estante
Finalmente alguém falou o que eu penso. Detesto as obras desse autor e esse é um dos piores livros que já li na vida


Srta Nane 05/01/2024minha estante
Amei Capitães, por isso, quis tentar Gabriela, mas assumo que está um parto. Passo da página 100 com extremo fardo? preste a desistir.




Ju 08/09/2012

Gabriela Cravo e Canela
Primeira coisa, a capa. Eu acho muito fofo o fundo, com o desenho das casas. Agora o que fizeram com a Gabriela? Se a gente olhar só o rosto e as mãos, a pobrezinha parece uma mistura de vampiro com lobisomem. E espero que eles não se ofendam com a comparação. Felizmente, existem muitas outras versões de capa, inclusive da mesma editora.

Eu comecei a ler Gabriela Cravo e Canela sem expectativa alguma. Sabia que existia há tempos, claro, mas nunca tinha visto nenhuma opinião sobre ele.

O primeiro terço do livro foi um suplício pra mim. Era só pegar pra ler que dormia. Achei chato mesmo. Mas por favor, lembrem-se, tudo o que digo aqui é apenas a minha opinião pessoal. O livro não me conquistou, não quer dizer que não vá conquistar você.

Eu fiquei perdida no meio de tantas personagens. Sinceramente, eu não queria saber a vida inteira de cada uma delas. Mas fui obrigada a isso. E me dava uma aflição, eu queria saber onde é que, afinal, a Gabriela entrava nessa história.

Quando ela aparece, tudo muda. Acredito até que talvez tenha sido proposital. O autor pode ter feito o início do livro chato de propósito, pra gente se sentir como as personagens, vivendo em uma Ilhéus sem graça e sem vida, dominada pelos coronéis.

Com a chegada de Gabriela, a cidade se ilumina. A vida das pessoas também. Ela pode não ser alguém que eu gostaria de ter como minha melhor amiga (homem pra ela não tem dono mesmo!), mas tem um coração puro. Faz o que faz pois é o único jeito que conhece de viver.

Não sei cantar aquela música famosa, só me lembrava de uma parte, e durante toda a leitura fiquei com ela na cabeça: Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabrieela, sempre Gabrieela...

Gabriela é quem é. Sabe exatamente quem é essa pessoa. Até tenta fazer algumas concessões, mudar seu jeito. Mas sem sucesso. Ela quer ser Gabriela, nada mais. A moça com cheiro de cravo e da cor de canela.

A obra tem todo um fundo político; como eu não gosto, me prendi ao restante. Principalmente na transformação que pode ocorrer na vida de todos quando alguns dão o passo inicial. É um livro que deixa a gente cheio de esperança, de conhecer um dia um lugar melhor.

O amor não se prova, nem se mede.
É como Gabriela. Existe, isso basta.
Lua 28/02/2013minha estante
Pura ignorância por não saber que aquele seriado foi baseado em um livro. Já pelo pouco que eu vi no seriado não leria esse livro, não sei se gostaria na verdade. o.O


Adriane Rod 30/03/2013minha estante
Capa horrorosa e nunca curti essa história. Não digo nunca, mas acho que não lerei esse livro.

;)

http://pseudonimoliterario.blogspot.com.br/


Thaís 12/04/2013minha estante
hahahahahahaahahahaha rachei quando vc disse "a pobrezinha parece uma mistura de vampiro com lobisomem" hahaha pior q é vdd!!
A minha mae nunca me deixaria ler um livro assim! Ela me mataria na vdd se vesse eu com um livro desse nas mãos! Mas achei ele interessante! Ma não leria (não msm)


Baah 14/04/2013minha estante
muito legal essa capa, a historia é otima! eu adorei!


Dani 15/04/2013minha estante
Não topo ler porque teria muita raiva da personagem, mulher tem que respeitar outra mulher, e ponto u.u Ladra de namorado, credo u.u




Soliguetti 02/04/2020

O melhor que a literatura pode oferecer
Um livro belíssimo, repleto do melhor que a literatura pode oferecer. Jorge Amado apresenta Gabriela e seus personagens com uma paixão tão grande que é impossível que os leitores também não caiam de amores por eles. O enredo é conduzido com maestria, na deliciosa narrativa de Jorge Amado, que nunca deixa a peteca cair, apesar da grande quantidade de núcleos da história. "Gabriela, Cravo e Canela" é um livro lindo, emocionante e digníssimo de ser chamado de clássico.
Michele 02/04/2020minha estante
Uma delícia a leitura, eu li em Ilhéus enquanto viajava pela região e olha, visitar a terra que inspirou o livro enquanto lia foi sensacional


Soliguetti 02/04/2020minha estante
Nossa, deve ter sido muito mágico!


Michele 02/04/2020minha estante
Foi muito legal sentar na praia em frete a igreja e ler... O Vesúvio a frete (sim, tem um restaurante com esse nome no pé da ladeira ao lado da igreja)... Fui no Bataclan, almoço ótimo!


Soliguetti 02/04/2020minha estante
Deve ter sido a experiência mais imersiva de leitura que você já teve!




Lailton.Almeida 13/05/2022

O Progresso
Como não amar a escrita de Jorge Amado, com certeza um dos meus autores favoritos da vida. Iniciei a leitura achando que seria um livro sobre o romance e a história de Gabriela, mas não poderia estar mais enganado, aqui encontramos uma crítica a sociedade com costumes e pensamentos retrógrados, como o coronelismo e machismo da época, que em alguns lugares perpetuam até hoje. Gabriela mesmo só aparece no livro próximo da páginas 80.
Apesar de ter gostando bastante da leitura, em alguns momentos se tornou um pouco cansativa, além da falta de explicação de alguns ocorridos, mas nada que diminua a importância dessa obra
16/05/2022minha estante
Qual livro dele vc indicaria para começar ?


Lailton.Almeida 16/05/2022minha estante
Com certeza capitães da Areia, foi o primeiro que li e continua sendo o meu favorito dele


16/05/2022minha estante
Esse eu já li kkkkkkk clássico, além desse qual vc acha melhor ?


Lailton.Almeida 16/05/2022minha estante
Se for de Jorge Amado, A morte e a morte de Quincas berro d'água




leticia 30/03/2020

gabriela, lirica e livre
meu segundo do jorge amado, tenho certeza que já já ele vai se tornar meu autor brasileiro favorito.
deixei o livro na pilha de favoritos e enquanto lia outros, ainda pensava sobre ilhéus e gabriela e nacib e mundinho falcão. o livro fez eu me interessar pela trama de todos e o final foi a gota d’água pra se tornar um dos meus favoritos da vida. mal terminei de ler e já quero ler de novo.
jorge amado tinha mesmo jeito de falar do povo e com o povo.
Sandra Martins 30/03/2020minha estante
Oii! Qual foi o outro de Jorge que tu leu? :)


leticia 31/03/2020minha estante
OI! Eu li Capitães de Areia


Sandra Martins 01/04/2020minha estante
Massa :)




Vício em sebo 18/06/2023

Péssimo
Livro extremamente ruim, raso e deprimente, em que a mulher mestiça é retratada de uma forma grotesca, desumana e inverossímil. Um caso clássico em que um homem branco soterrado em privilégios não se dá nem ao trabalho de procurar saber como uma mulher periférica pensa, sente e experimenta o mundo na vida real. O autor simplesmente projeta o seu olhar pornográfico na personagem, que é tão vazia, objetificada e sem sentido quanto qualquer estereótipo imbecil que certos estrangeiros alimentam sobre as mulheres brasileiras. O livro propaga a ideia que muitas pessoas brancas de classe média têm, de que as mulheres pobres e mestiças são mentalmente simplórias e sexualmente depravadas, servindo apenas para prover comida e sexo. É o tipo de representação que contribui ainda mais para o apagamento e a vitimização da mulher negra, que é a parcela da população mais afetada por crimes de violência doméstica e feminicídio. Enfim, é uma história preconceituosa, machista, insensível e repulsiva que não deveria ser tão celebrada pelos leitores de hoje. Sem sombra de dúvida, um dos piores livros que já li na vida.
Wesley 18/07/2023minha estante
O livro retrata como era visto na época


Vício em sebo 08/05/2024minha estante
Wesley, eu concordaria com o seu comentário se o livro tivesse sido escrito em primeira pessoa, pois assim o autor estaria apenas demonstrando conhecer o raciocínio turvo de um narrador egocêntrico e sem credibilidade, mas ao optar pela narração em terceira pessoa, Jorge Amado injeta suas próprias crenças preconceituosas na história, provando apenas que suas habilidades como autor são inexistentes. No livro Dom Casmurro, Bentinho pensa todo tipo de absurdo e expressa uma obsessão doentia pela personagem Capitu, denotando ter um caráter inseguro e neurótico. A narração em primeira pessoa deixa claro que os pensamentos de Bentinho não são necessariamente os mesmos do autor, e esse é um aspecto essencial para nos fazer duvidar se Capitu o traiu ou não. Ao mesmo tempo em que sentimos compaixão por Bentinho e solidarizamos com suas dúvidas, também somos levados a entender que ele tem a razão obscurecida pelo ciúme, agindo de uma forma que afastaria até mesmo uma mulher que o amasse de forma genuína. É uma história atemporal e brilhante porque retrata algo visceralmente real independente da época e, ao contrário de Jorge Amado, Machado não precisou vender a imagem da mestiça sexualizada para ficar famoso entre certos tipos de estrangeiros (e conterrâneos elitizados) que sempre tiveram as piores intenções em relação ao nosso país e ao nosso povo. Eu acho que Jorge Amado deve continuar sendo lido e estudado, mas assim como Monteiro Lobato, os preconceitos evidentes do autor devem ser criticados, até para que o tipo de mentalidade que legitima a exploração de pessoas deixe de se perpetuar em um país tão etnicamente diverso como o Brasil.




sabrinasilva26 11/06/2023

Gabriela
Não vou mentir: até os 20% esse livro é uma chatice. Depois, melhora. Até o final que fica bom o bastante.
Jorge Amado criou um livro onde a terra e os conflitos do povo são os protagonistas. Os costumes, os conflitos, os interesses dos ilheenses estão muito mais em foco que Gabriela e sua cor de canela.
Mas valeu a leitura, foi gostosa de certo modo.
Talitha 03/08/2023minha estante
Tem algo parecido com a novela em relação aos outros personagens?


sabrinasilva26 07/08/2023minha estante
Lembro muito pouco mulher, mas que eu lembro tem sim




Hellen 20/07/2019

maravilhoso
Confesso que fui iludida pela novela do Walcyr Carrasco, apesar de ser um tanto diferente do que eu esperava ainda é sensacional. Obrigada, Jorge Amado por essa obra incrível!
Mayza7 20/07/2019minha estante
Quero mto ler!


Hellen 20/07/2019minha estante
Eu recomendo muito, é uma leitura gostosa e fácil!




Sabrine Borges 30/04/2013

Gabriela, pele cor de cravo e perfume de canela
Nacib, um sírio naturalizado brasileiro, que tem um bar em Ilhéus, a capital do cacau. No seu bar muitos acontecimentos eram discutidos, um dia um médico pegou sua mulher na cama com outro e matou os dois, muitos concordavam com sua atitude, dizendo que traição só se pagava com sangue. Nacib também concordava e dizia que mataria sua mulher se ela o traisse, por isso tinha receio de se casar. Já com 30 e poucos anos era um homem solteiro, que curtia a vida indo no cabaré quando podia, dormindo com 2 ou 3 mulheres e sendo feliz ao seu jeito.
Tudo mudou depois que conheceu Gabriela, quando ele estava a procura de uma cozinheira, a encontrou. Ela estava toda suja e com roupas rasgadas, mas depois que tomou um banho e se arrumou ele viu o quanto ela era bela. Ela era também muito boa cozinheira e arrumadeira, fazendo tudo com um sorriso no rosto. Levava a comida quentinha para seu Nacib no bar, e os fregueses se encantavam com sua beleza, muitas vezes até ela se encantava com os moços bonitos que ali se encontravam. O movimento no bar até aumentou depois que Gabriela passou a frequentar o bar. Todos faziam diversas propostas pra ela, alguns até prometiam terrenos. Ela sempre compreensiva quando pegavam em sua mão, nada fazia e sempre recusava suas ofertas. Nacib ficava aflito e com ciúmes com medo de algum dia perde-la. Desde a segunda noite que ela passou a ser sua empregada, os dois dormiam juntos, Gabriela sempre fogosa e ardente, dormia sempre em seus braços. Cada dia isso o afligia mais, a única solução que viu foi casar-se com Gabriela, mas naquela cidade preconceituosa todos falariam, pois ela era moça sem família, cozinheira, mulata e retirante encontrada no mercado. Assim sendo, Nacib pediu a mãe de Gabriela, para ela não precisava disso pois como estava já estava bom, mas Nacib queria enche-la de joias caras de ajudantes de cozinheiras, faze-la uma senhora Saad. . Gostava muito dele, era seu pai, seu irmão, seu amante. Entretanto, gostava também de correr solta no sol, tomar banho frio, mastigar goiaba, comer manga espada e morder pimenta. Gostava de andar pelas ruas, cantar cantigas, com um moço dormir e com outro sonhar. Achava que teria de tomar cuidado, Nacib era homem bom, não queria magoá-lo. Mas, por outro lado, não podia ficar sem sair de casa, sem ir à janela, sem ouvir a voz de homem.
O casamento trouxe muitas proibições para Gabriela que não podia mais andar descalço, ir ao circo, rir sem motivo, falar alto, e tinha de ir em lugares chiques.
Nacib queria abrir um restaurante que se chamasse restaurante do Comércio, e recebeu uma proposta de um amigo para ser seu sócio. Nesse mesmo tempo ele começou a notar que Gabriela não o esperava com o mesmo ardor de antes, e pediu conselho para sua amigo que disse ser assim mesmo, mulher casada não era como amante fogosa. Mas, Nacib depois soube o porque Gabriela não o esperava com o mesmo ardor de antes: ela tinha um amante. Ele descobriu depois de uma desavença com seu funcionário, que disse que toda a Ilhéus já sabia. Mesmo assim não conseguiu mata-la e somente a surrou e anulou seu casamento. Os dois sentiram muito a falta um do outro, sendo que Nacib foi o que mais sofreu, Gabriela ká estava nos braços de outro e não via mal nisso. Fazia somente o que tinha vontade e não se preocuparia se seu antigo marido tivesse outra mulher.
O restaurante iria ser inaugurado, foi mandado vir um cozinheiro do Rio, mas um dia antes da inauguração ele desapareceu. Gabriela tomou seu lugar e impressionou a todos com sua presença. O restaurante não tinha tantos clientes, mas dava seu lucro.
Nacib a Gabriela voltaram a sua antiga relação, de cozinheira e chefe. gabriela voltou a ser mulher livre, e Nacib vinha ardente quando não tinha nenhuma mulher interessante no cabaré.
SERGIO 18/03/2014minha estante
Parabéns por ter conseguido ler esse livro. Eu não teria tanta coragem assim. Deve ter sido uma leitura cansativa.


Sabrine Borges 20/03/2014minha estante
Eu li para o vestibular e acabei gostando, rs




T.N.T.Rock 06/08/2023

O gosto do Cravo e o perfume de Canela.
Uma leitura tão encantadora quanto Gabriela.
Jorge Amado descreve muito bem o Brasil profundo, o Brasil dos Coronéis de cacau, dos Doutores da cana de açúcar, um Brasil ainda tão ingênuo, mas nem um pouco inocente.
O Romance tem uma riqueza de personagens que nos faz nutrir os mais variados sentimentos, a única coisa que não se leva dessa leitura é indiferença.
Sem dúvidas um dos maiores clássicos da literatura mundial de todos os tempos.
Layza 06/08/2023minha estante
Esse livro é mt bom mesmo!!


T.N.T.Rock 06/08/2023minha estante
Sim, um livro tão rico, são tantos personagens interessantes e enredos divertidos. Maravilhoso!




Mariana 07/02/2019

flor do campo não serve pra jarros
'Gabriela Cravo e Canela' é o famoso romance folhetinesco de Jorge Amado sobre o progresso chegando na região cacaueira da Bahia.

O contexto principal da história é a cidade de Ilhéus dividida pela disputa política que toma corpo na simbologia 'atraso X progresso'.

"Modificava-se a fisionomia da cidade, abriam-se ruas, importavam-se automóveis, construíam-se palacetes, rasgavam-se estradas, publicavam-se jornais, fundavam-se clubes, transformava-se Ilhéus. Mais lentamente porém evoluíam os costumes, os hábitos dos homens. Assim acontece sempre, em todas as sociedades."

Pela primeira vez após décadas como manda-chuva absoluto, o coronel Ramiro Bastos enfrenta oposição: um jovem exportador, filho de família rica do Rio de Janeiro, torna-se popular na cidade.

E aí imerso nesses ares de confusão política é que se passa o romance entre Nacib, dono de bar amigueiro, e Gabriela, sertaneja de tempero inigualável na cozinha.

Assim como a cidade inteira, Nacib também convive com o conflito dicotômico 'atraso X progresso'. Quer se casar com sua cozinheira, mas hesita diante do que a sociedade vai pensar. Quer fazê-la senhora de altas rodas, mas Gabriela quer dançar, cantar, rir alto, quer ser passarinho solto.

Uma cena incrível é quando ela foge atrás de um cortejo folclórico de reisado em dia de quermesse. Nacib se desespera ao ver Gabriela dançando com o estandarte, até Jerusa, neta de um coronel, ir atrás dela, sendo seguida por várias personalidades da cidade. Nesse momento, o "atraso" da cidade em proibir mulheres casadas de dançar é abandonado e todos dançam junto com a protagonista. Impossível não abrir o sorriso.

A discussão feminina está presente em todo livro, mas especialmente em Malvina, filha do coronel Melk Tavares, que gosta de ler e que foge de Ilhéus para trabalhar e estudar. Diz que não quer ser infeliz como sua mãe, dona de casa cheia de luxos porém restrita à cozinha, à casa, à procriação.

O livro é cheio de rupturas com o atraso cultural da população, tanto simbólicos (como Gabriela soltando o passarinho engaiolado que ganha de Nacib), quanto práticos (como a conversa que rompe a aliança entre o coronel Altino e o coronel Ramiro). O final em si também é uma ruptura sensacional.

Como uma boa novela, Jorge Amado apresenta vários personagens interessantes que dão cor à vida da cidade: o Doutor, dona Arminda, o Capitão, o professor Josué, a rapariga Glória, o livreiro João, os coronéis... e vai nos contando da Ilhéus de meados do século XX, cuja promessa de progresso esbarra na cultura atrasada dos jagunços, dos coronéis e dos macho-chôs.

Delicinha de livro. Recomendo!
Lena D. 18/05/2019minha estante
Uma ótima resenha!! Impossível não ficar com vontade de ler depois de ler está maravilhosa resenha sua..


Mariana 19/05/2019minha estante
@Milena obrigada, querida! muito bom ler isso




494 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR