Andre.28 24/03/2020
A identificação com o Charlie
Não consigo fazer uma análise isenta desse livro. Se existe uma pessoa suspeita pra falar de “As Vantagens De Ser Invisível”, essa pessoa sou eu. Amo muito esse livro pela identificação que tenho com o Charlie. Eu não preciso falar muito sobre esse livro. A narrativa comum e encantadora aborda o jeito simples e introvertido do Charlie, um garoto suburbano que vive numa cidade da Califórnia. Os problemas de um adolescente de 15 anos e um passado sombrio, as confusões de um momento importante da vida. O momento de aprender a crescer e entender que não é tão fácil assim estar nesse mundo maluco e insensato.
Todos esses elementos aliados à força da amizade, o desejo de crescer, a formação de uma personalidade própria, e o “abandono da inocência” compõem a narrativa em 1° pessoa, feita pelo próprio Charlie através de cartas a um amigo imaginário. O Charlie é o protagonista dessa história. É através da lente dele que percebemos os outros personagens: especialmente a encantadora Sam, e o desinibido Patrick, ambos meio irmãos e amigos mais velhos de Charlie. Toda narrativa fala do desabrochar do Charlie, a sua invisibilidade, os seus momentos de dificuldade na escola e seus problemas psicológicos e sua luta para sobreviver em meio a timidez e os seus traumas. Tudo tem um ar bem subentendido, muitas vezes melancólico e profundamente triste.
Eu me vejo no Charlie em muitos aspectos, principalmente na sua vontade de escrever com o coração, de ser simples, tímido, e que procura se aceitar, crescer. Em uma autodeclaração epistolar de sua vida, Charlie mostra o poder da literatura, que não necessita de grandes floreios. A literatura faz parte do nosso ser, quebrado, incoerente, imperfeito, e que acha que merece determinadas migalhas de sentimentos.
Sim Charlie! Nós somos mais! Somos infinitos com a literatura ao nosso lado. E por mais que o mundo possa parecer difícil, temos que aprender a conviver com ele, a se levantar. Charlie descobre o mundo, e diante de sua própria sensibilidade vai trançando seus referenciais de convivência e descoberta. Sabemos das dificuldades se ser uma pessoa sensível num mundo de apertos, instabilidades e insensibilidades. Nós aceitamos o amor que achamos merecer. Mas nós merecemos muito mais! Nós merecemos a literatura, o infinito que ela nos proporciona.