dialogonoslivros 16/10/2020
Aula de empatia
Para Sempre Alice é um livro que ganhei em 2015 e nunca tive tempo, ou coragem para lê-lo. Porém essa semana este livro foi meu companheiro e fonte de muitas lágrimas. Para Sempre Alice é um livro bastante simples, sem reviravoltas, e bastante direto. Mas nada disso tira dele sua genialidade e sensibilidade para falar sobre mal de Alzheimer.
Alice é uma mulher de 50 anos, professora PhD. em neurolinguística, tem uma carreira de peso como professora titular em Harvard. Vários orientandos, palestras, livros, artigos. Tem um marido tão inteligente quanto ela, biólogo PhD em biologia celular. Tem três filhos lindos que já estão seguindo seus próprios caminhos na vida. Porém tudo isso é atravessado por um diagnóstico de Alzheimer de instalação precoce.
Durante o livro acompanhamos a progressão da doença de Alice, e a forma como esta doença transforma uma mulher independente e brilhante em uma mulher frágil, abatida e triste. O livro inteiro tem algumas facadas no peito do autor, estamos na mente de uma mulher que sofre de Alzheimer e com isso sofremos juntos, participamos de seus lapsos de memória simples como perder chaves, até os mais graves como não saber quem é.
O livro traz a nós a reflexão de como devemos valorizar nossas vidas e aqueles que nos cercam, como tudo pode mudar rápido e que temos que aproveitar cada minuto. Também nos traz a reflexão acerca do medo de perder nossas próprias identidades, o que você faria se esquecesse quem é, o que gosta de fazer, como caminhar e se vestir?
Como profissional da saúde, vi inúmeros pacientes meus em Alice, me emocionei, relembrei suas histórias e dores e com isso me lembrei da importância de ser gentil sempre.
"Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente (...) Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não importa."