Mia Fernandes 01/05/2020
Conselho se fosse bom ....
Já disse um velho ditado: se conselho fosse bom, ele não seria dado, e sim, vendido.
Conselhos são bons, principalmente quando veem de amigos, daquele melhor amigo, mas não deixa de ser sugestão de outra pessoa, que está do lado de fora da sua vida. Porém, no final das contas, você tem que escolher o seu caminho com sua própria cabeça e se tiver que errar, errou, mas foi por sua própria escolha. Não vai ser porque você não seguiu o conselho do amigo, que ele vai deixar de gostar de você. Mas caso ele deixe, você já percebe que esta pessoa nunca foi sua amiga e que você não pode contar com ela. “Conselho de Amiga – se não dá para confiar em seus amigos, em quem pode confiar?” aborda a questão quando amizade entra em conflito quando opiniões adversas se mesclam entre si e trazem o caos.
Ruby achava que finalmente havia superado o trauma de ter sido abandonada pelo seu pai, quando ainda era criança. Porém, no seu aniversário de 16 anos, rodeada por sua mãe e suas amigas, eis que surge Jim, o seu pai, trazendo consigo todo um passado cheio de perguntas sem respostas e conversas sem terem sido verbalizadas. Apesar de seus problemas familiares, Rube é uma adolescente destemida, sempre em busca de aventuras. Com a ajuda de sua melhor amiga, Beth conseguiu sobreviver ao abandono paterno e seguiu em frente, e abrindo o seu círculo social para a descolada Maria e a rebelde Katherine. Tudo estava lindo e azul, até que tudo desmorona quando seu pai surge naquela trágica noite. A simples aparição dele, fez com que ela desenterrasse sentimentos e memórias esquecidas e angustiantes. Ruby agora finalmente tinha a sua chance para pode finalmente encarar o seu passado e fechar um ciclo da sua vida. Então em qual dos diversos conselhos que recebe, ela deverá seguir?
No meio do aparecimento do seu pai, o surgimento das cinzas do seu passado e o inesperado atrito com a mais leal de suas amigas, aparece na escuridão, Charlie, um novo garoto que vêm para acrescentar novas emoções na vida de Rube e quem sabe ajuda-la como reconhecer o valor de cada amizade e o que cada uma pode acrescentar na sua vida.
Siobhan Vivian escreveu uma história que transcorre de maneira bem leve, divertida, mas que somente prendeu a minha atenção quando os fatos – Charlie, o pai de Jim e as amigas de Rube – estabeleceram uma ligação que culminaria na escolha da Ruby. Um ponto totalmente a favor da autora foi o seu incrível desfecho para a história e o porquê da família da protagonista ter sido desmantelada. Realmente fiquei que nem a Ruby, surpresa com o decorrer dos acontecimentos finais desta história.
Não me vi completamente em nenhuma das personagens, não sou tão rebelde como Ruby e muito menos curti algumas de suas atitudes com a sua mãe, apesar de que no final dá para entendê-las. Suas outras amigas, Beth – para mim, ela soava muito perfeita, o tipo de pessoa que quer mandar na vida de sua amiga e acha que tem a resposta para tudo e qualquer problema; a popular Maria, por eu inicialmente rotulá-la como “garota fácil” fui surpreendida positivamente por suas maneiras no decorrer no enredo, e Katherine – exemplo de garota incompreendida pelos pais e optou pelo jeito rebelde como uma maneira de chamar a atenção deles. Com todas essas nuances, podemos facilmente encontrar essas personagens em rodas de amizade da vida real. Quem é que nunca teve contato com alguma delas?
Esse já é o segundo livro, consecutivo que eu li, que utiliza o recurso de máquinas fotográficas para contar a história sobre o ponto de vista da protagonista. Rubes ganha no seu fatídico aniversário, uma Polaroid retro de sua mãe e a partir do primeiro rola de filme, acompanhamos cada passo na vida de Rubes, cada flash, contendo uma história, ligando um fato no outro. Não é a toa que através desta máquina que Ruby conhece o fofo Charlie. Foi essa recente paixão pela fotografia que me fez prestar mais atenção a história e aos sentimentos da protagonista.
Apesar de eu não pertence a este grupo de amigas, elas proporcionam um conselho para leitor: mostrar que verdadeiros amigos podem e devem ser diferentes um dos outros, e que não faz problema eles fornecerem conselhos para a sua vida, o que importa é que eles respeitem a sua escolha final, seja ela qual for.
XOXO
Mia Duarte.
Fica a dica: o verdadeiro amigo vai estar sempre do seu lado, para o bem ou para o mal.