Fran Kukuty 26/10/2020
Um trevosinho que é um amorzinho.
"Há outra coisa no berço. (...) Esse não é o irmão dela. Sou eu."
Gentry é uma cidade próspera financeiramente, mas em suas entranhas há algo podre e sombrio; de tempos em tempos, crianças desaparecem e “coisas” (criaturas sensíveis ao ferro) as substituem, mas não sobrevivem por muito tempo, não até Mackie Doyle.
Mackie sabe que é um substituto, mas esse assunto é um tabu em sua família; adolescente, além dos típicos conflitos da idade, ele tem que se esforçar para parecer normal, mas está cada vez mais difícil disfarçar, ainda mais quando vem sofrendo um estranho e frequente mal-estar.
Emma, “sua irmã”, encontra uma fórmula para ajudá-lo (uma espécie de remédio), mas tudo tem um custo, não é? E esse implica em aceitar trabalhar para as criaturas da “Casa do Caos”, as do submundo da cidade; é aí que Mackie vai conhecer mais da sua origem e também descobrir tudo de errado que acontece há tempos em Gentry.
"Todos eram Eles, tanto as pessoas de Gentry quanto as da Casa do Caos. Eu era o único que não pertencia a Eles."
Então, eu pergunto "pode um livro macabrinho ser fofo?" e eu mesmo respondo: PODE (e esse é!!!)
Não espere terror, mas também não espere romance; temos todo um universo sombrio com mortos-vivos, cemitério, carrasco e outras criaturas, porém a história é sobre amor; amor próprio, amor pela família, pelos amigos, por onde se vive e eu fiquei: "autora como você conseguiu fazer isso, uma proeza!".
Eu me apaixonei por Mackie, shippei ele com personagens, temi por sua vida, visualizei tão claramente a complexidade de ser acolhido por uma família amorosa e como isso foi bom e ruim ao mesmo tempo, porque é nela que a diferença de não ser humano fica mais tangível e o esforço que os pais fazem para não haver diferença também machuca.
"Porque não importava quantas vezes meu pai me chamava de Malcolm ou me apresentava como seu filho. Isso só piorava as coisas."
Sim, eu admito, chorei nesse livro todo "trevosinho" e achei maravilhoso, tanto que o favoritei, porque para mim a história foi perfeita.