A visita cruel do tempo

A visita cruel do tempo Jennifer Egan




Resenhas - A visita cruel do tempo


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Daniel 02/03/2012

"O tempo que antecipa o fim / também desata os nós"
Extasiado. Há muito tempo não lia um livro tão bom. Mereceu mesmo levar o Pulitzer, é melhor que Liberdade do Jonathan Franzen. Dá mesmo vontade de ler tudo de novo quando chegamos na última página.

Um dos trunfos da narrativa são os capítulos fora da ordem cronológica. Os personagens às vezes dão a impressão que sumiram, e surgem outros, em épocas e lugares diferentes. Parece que você está lendo um livro de contos, mas no final há uma unidade surpreendente. Mas mais do que os recursos criativos da autora (como um capítulo narrado em powerpoint, ou outro narrado em segunda pessoa!) são as ideias e reflexões que o texto de Egan provocam: Qual é a importância que temos no mundo? O que nos tornamos são frutos de nossas escolhas ou de nossas oportunidades? ou de ambas? O tempo é circular? Tudo é temporário, tudo passa, tudo é substituível? Reflexões, é claro, que uma leitura rasa e apressada não vai gerar.

Alguns leitores podem se sentir intimidados ou confusos com tantos nomes, lugares e datas (ou a AUSÊNCIA aparente das datas!). Os personagens principais aparecem com idades diferentes em determinados capítulos. Por exemplo: Sasha é uma adolescente no capitulo Adeus, meu amor (começo dos anos 90); uma jovem universitária no capítulo Fora do Corpo; uma mulher adulta em Ouro que cura e em Achados e Perdidos; e uma mulher madura no capítulo Grandes Pausas do Rock.

Os personagens principais - SEM SPAM ! - são:

- SASHA: uma das personagens centrais do romance. Foi uma adolescente rebelde, chegou a fugir de casa. Foi secretária e assistente de Bennie nos anos 90. Cleptomaníaca.
Amigos de Sasha na Universidade de Nova York nos anos 90:
- ROB: gay, melhor amigo de Sasha
- DREW: namorado de Sasha
- LIZZIE: melhor amiga de Sasha
- BIX: negro, namorado de Lizzie

- BENNIE SALAZAR: outro personagem central, foi músico nos anos 70 e posteriormente um produtor musical de sucesso
Amigos de juventude de Bennie nos anos 70:
- SCOTTY: fazia parte da banda chamada "Flaming Dildos", com Bennie e Bosco
- ALICE: a beldade do grupo, disputada por Scotty e Bennie
- JOCELYN: teve um caso com o produtor Lou, e com o filho dele, Rolf
- RHEA: melhor amiga de Jocelyn
- BOSCO: guitarrista do "Flaming Dildos", planeja a "tour suicida" em 2003

- LOU: produtor de discos nos anos 70, pai de CHARLENE e ROLF, e tem outros filhos de outros casamentos
- MINDY: namorada de Lou, fez um safári com ele e os filhos no começo dos anos 70
- ALBERT: guia do safári

- STEPHANIE: casou-se com Bennie e teve um filho, CHRIS
- KATHY: "amiga" de Stephanie, com quem jogava tênis num clube esnobe

- DOLLY, ou La Doll: publicitária, foi chefe de Stephanie. Esteve presa por causar um desastre numa festa
- LULU: filha de Dolly. Irá trabalhar com Bennie no futuro, substituindo Sasha

- JULES JONES: repórter de celebridades, irmão de Stephanie

- KITTY JACKSON: jovem atriz entrevistada por Jules. Posteriormente contratada por Dolly para visitar um ditador

- TED HOLLANDER: tio de Sasha, foi procurá-la quando ela fugiu para a Itália na adolescência

- COS: terapeuta de Sasha

- ALEX: conhece Sasha quando chega em NY. No futuro, vai trabalhar com Bennie e Lulu
- REBECCA: esposa de Alex

- ALISON e LINCOLN: filhos de Sasha


Segue um roteiro – SEM SPAM! – com os capítulos em ordem cronológica, localizando o ano em que a ação se passa e o narrador (quando for o caso).

1. Safari - África, 1973 - Capítulo 4

2. Não estou nem aí - São Francisco, 1979 (narradora: Rhea) – Capitulo 3

3. Adeus, meu amor - Nápoles, 1992 – Capítulo 11

4. Fora do corpo - NY, 1993 (narrador: Rob) – Capítulo 10

5. Xis-zero - NY, 1997 (narrador: Scotty) – Capítulo 6

6. Um almoço em 40 minutos - NY, 1999 – Capítulo 9

7. De A a B - NY, 2003 – Capítulo 7

8. Vocês - São Francisco, 2006 (narradora: Jocelyn) – Capítulo 5

9. Ouro que cura - NY, 2006 – Capítulo 2

10. Como vender um general - NY, 2008 – Capítulo 8

11. Achados e perdidos - NY, 2009 – Capítulo 1

12. Linguagem pura - NY, 2020 – Capítulo 13

13. Grandes pausas do rock - Deserto da Califórnia, 202_ (narradora: Alison) - Capítulo 12

Dá para arriscar uma releitura em ordem cronológica...
Eu reli desta forma (quatro anos depois da primeira vez) e achei que funcionou muito bem!

O jornalista João Paulo Cunha definiu muito bem as sensações que o livro desperta: “A romancista nos coloca em meio a um caleidoscópio que, com o desenrolar da história, passamos a girar para ver brilhar imagens encantadoras ou assustadoras. O nome do brinquedo é Tempo.”
Júnior 21/04/2012minha estante
Também usarei a mesma palavra: Fiquei extasiado ao término da leitura! Que livro ótimo!


scarleth 25/04/2012minha estante
legal vc ter contextualizado no tempo cada capitulo. adorei :)
quando ao capitulo 12, eu acredito q seja 2027.
olha só: em 2009 a sasha tem 35 anos. É dito que ela tem filhos tardiamente, digamos então que o primeiro filho aos 40, quando esse filho tiver 13 anos sera 2027.
Talvez seja até um pouco mais.


Fabiana 11/06/2012minha estante
Ainda estou lendo o livro mas como você não consegui seguir sem tentar checar os anos, também contei idades, narradores... Até o capítulo 7 temos praticamente os mesmos palpites.


Tuca. 21/07/2012minha estante
Massa. Será que uma leitura cronológica é legal? Talvez valha a pena tentar...


Daniel 22/07/2012minha estante
Com certeza um dos trunfos deste livro é exatamente essa coisa pouco precisa sobre o tempo nos capítulos, essa "desordem" do tempo.
A ordem cronológica não tem o mesmo charme, mas dando um exemplo: o personagem Rob é citado logo no primeiro capítulo (Achados e Perdidos), mas tão rapidamente que só o leitor muito atento vai lembrar dele quando chegar ao capítulo 10 (Fora do corpo), que é engenhosamente narrado por ele. Assim, quando vc lê na ordem cronológica, fica mais fácil ordenar os fatos conforme aconteceram. Mas entendo que alguns podem achar uma heresia sugerir inverter a ordem dos capítulos proposta pela autora.


Vicente Moragas 08/01/2013minha estante
Cara a sua tentativa de organizar cronologicamente o livro é muito boa, mas vc deve marcar como spoiler. Pois essa é a graça do livro, ficar sem saber exatamente qual é o ano que se passa o episódio quando o capítulo começa. Ainda não tinha ligo o último, estragou a surpresa.


Daniel 21/02/2013minha estante
Desculpa aí, Vicente! Minha intenção nunca foi a de estragar a surpresa de ninguém... Acho que não dá para considerar que há spoiler no meu comentário, porque nada do que vai acontecer na história é revelado. Discordo que "a graça do livro" seja os capítulos em tempos e lugares diferentes... E quem preferir não saber as datas e locais basta não continuar lendo estas informações - dá tempo, tipo: "opa, não quero saber!"


jota 30/04/2013minha estante
Daniel: não acho que isso configure spoiler - pelo contrário, pode ser útil para quem não conseguiu identificar com facilidade os anos em que se passam os capítulos. A autora dá várias pistas musicais, políticas (era Clinton, por exemplo) e até mesmo algumas continhas podem ser feitas para se chegar lá. Não vou reler, mas se tivesse visto isso antes, talvez tivesse optado pela ordem cronológica. Não estragaria em nada a leitura, creio. Muito boa essa sua dica.


Arsenio Meira 10/05/2013minha estante
Concordo com o Jair. Já tinho lido a resenha, antes de ler o magnífico romance da Egan. E por pouco, muito pouco, deixei de optar pela ordem cronológica sugerida pelo Daniel. Ao contrário do Spoiler, foi - isto sim - uma boa dica. Quando reler (no meu caso, sim, pretendo reler o romance, vou adotar a sugestão abordada na resenha.

É apenas questão de opinião e de enxergar como se deu a proposta do Daniel. Para mim, ficou claro que o livro não tem como ponto nuclear ou fundamental, a situação temporal dos capítulos.

O Vicente tem o direito de discordar, é claro; tanto é, que assim o fez livremente.


Renata CCS 18/09/2014minha estante
Adquiri recentemente este livro e já está nas metas de leitura de 2014. Gostei da ideia de uma leitura - ou releitura - em ordem cronológica.


Ana 01/03/2016minha estante
tenho ele aqui desde o lançamento. Meu marido leu e gostou, mas santo de casa não fez milagre rs Mas essa sua animação toda ...


Nanci 01/03/2016minha estante
Não sei se o Daniel mudou a resenha ou apenas a republicou, mas li esse livro em 2014, motivada por sua empolgação. Gostei muitíssimo também.


Daniel 01/03/2016minha estante
Eu estou relendo em inglês, para treinar... Fui fazer uma correção na resenha e aí apareceu como seu eu tivesse escrito agora. Se não me engano foi o primeiro comentário que escrevi no skoob, logo quando entrei, no comecinho de 2012... Falando no TEMPO... como ele voa!!!


Carol Montezuma 01/03/2016minha estante
Caramba, eu sou um ET... Tenho achado tão chato que tenho tido preguiça de continuar. Estou a beira de um abandono...


Daniel 02/03/2016minha estante
Não desista Carol! Quando a história te fisgar, vc nao vai largar mais!
Estou tão entusiasmado com a releitura que resolvi ampliar um pouco a resenha, fazendo uma lista dos personagens. Espero que possa ajudar!


Lize 28/04/2016minha estante
Que resenha maravilhosa!


Karol Rodrigues 13/03/2017minha estante
Muito obrigada por essa lista! Deveria ter no livro, porque eu precisei parar por um tempo a leitura e quando voltei fiquei completamente perdida. Mas esse livro


Heitor Oliveira 07/05/2018minha estante
Meu Deus, obrigado por esse comentário, estou em leitura no momento e estava a anos penando pra ler, esse livro devorei 80 paginas no primeiro dia. Mas a leitura imprevisível está tão boa que, quando terminar vou voltar aqui para pegar sua contextualização e reler essa maravilha.

Que livro!


Robson Almeida 15/09/2018minha estante
Comecei a ler, Daniel!


Frankcimarks 03/03/2019minha estante
Ótima resenha. A HBO deveria te contratar para fazer o roteiro da série...rsrsrs.


Daniel 09/12/2019minha estante
Frankcimarks rsrs


gcpina 27/08/2021minha estante
Putz! Quero um comentário assim em todo livro que for ler!


Kelly Oliveira Barbosa 30/09/2022minha estante
Melhor que Liberdade do Franzen? Sério! Vou ter que ler então.


Daniel 30/09/2022minha estante
Eu achei melhor, disparado!


ademir.telles 04/10/2022minha estante
Livro fantástico! Curioso para ler "A casa de doces". Também gostei (menos) de "O torreão", mas "Praia de Manhattan" eu abandonei.


Daniel 05/10/2022minha estante
Eu resolvi reler "A visita cruel" antes de começar "A casa de doces". A releitura está sendo maravilhosa. Concordo com vc, o Torreão e Praia de M. são decepcionantes


João Vitor 08/10/2022minha estante
você precisa ler a continuação? ?A casa de doces?! Inclusive, escrevi sobre ele. Acabou de sair pela Intrínseca. Achei até melhor que o primeiro ??


Daniel 10/10/2022minha estante
Já está comprado, estou esperando chegar! Doido pra ler!!




Alex 10/07/2023

Uma viagem pelo tempo
A visita cruel do tempo, é daqueles livros que você ama ou odeia. Não tem como, ele vai separar opiniões mesmo.

Com uma ótima escrita, mas sem nenhuma linearidade, você terá a impressão, que cada capítulo trás uma história diferente. Pensará que é uma loucura, completamente aleatória.

Mas de forma genial, em um determinado ponto, você perceberá as conexões, as familiaridades e, inevitavelmente, perceberá que o protagonista em todos os capítulos é o próprio tempo.

Uma história sobre histórias, vidas que se cruzaram e fizeram algum sentido, ou não, se cruzaram e se perderam, vidas vividas intensamente, ou não. Vidas que tiveram tempo de serem tocadas pelo tempo que passou.

Recomendo, mas se você gosta de começo, meio e fim, tudo desenhado e lógico, esse livro não é para ti.
Regis 14/07/2023minha estante
Não conhecia, mas me pareceu muito interessante e curioso. Foi uma boa resenha, Alex. ???


Alex 14/07/2023minha estante
Regis, é bem interessante. Ganhou um Pulitzer. Parece uma colcha de retalhos. Vale a experiência.


Regis 14/07/2023minha estante
Vou colocar na lista que só cresce, Alex. Rsrsrs




Carol 16/11/2012

Puta que pariu. Que livro!
Nyew 26/11/2012minha estante
Huashuashuas!
Gostei desta resenha! Objetiva e totalmente convincente, de verdade!


Carlos Ralize 07/02/2013minha estante
A melhor resenha que já li até agora.


Rafael 03/01/2017minha estante
Depois dessa resenha quero ler mais ainda kkk




Caroline.Martins 09/01/2022

Bom
A forma que é montada o livro é muito interessante, são histórias que se conectam mas não estão em ordem cronologia e nem se passa no mesmo tempo.
Inclusive tempo aqui é a palavra chave, vemos personagens com diferentes idades, fazendo coisas diversas da vida e principalmente sendo afetados pelo tempo e como lidam com ele (uns bem e outros nem tanto assim kkk).
Mas justamente a falta de ordem e a mudança abrupta de personagens de uma história pra outra me deixou cansada e depois dos 50% os capítulos foram ficando maiores e me deu vontade de abandonar até, terminei com uma satisfação da primeira personagem amarrar tudo no final.
A experiência valeu a pena mas não faria uma releitura.
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Renata CCS 28/10/2014

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela. (Fernando Pessoa)


"In the days of my youth / I was told what it means to be a man / Now I've reached that age / I've tried to do all those things the best I can / No matter how I try / I find my way into the same old Jam." - Good Times, Bad Times (Led Zeppelin)


Quando o tempo bate à nossa porta, não tem jeito. Ele chega e detalhe: ele avisa! Todos os minutos, dias, meses, anos vão passando e a gente, claro, percebendo. Basta olhar no relógio e no espelho, que lá estarão as provas e as marcas dessa visita. E apenas nós podemos fazer com que essa visita não seja muito cruel.

Em A VISITA CRUEL DO TEMPO, Jennifer Egan trata da passagem do tempo e de como somos afetados por ele, de como sonhos e desejos começam, acabam e se renovam com o passar do tempo. E isso tudo baseado nas escolhas que fazemos e com a ajuda ou oposição - das pessoas que convivemos.

Sob a perspectiva de vários personagens e com um esquema que, em algum momento de suas vidas, suas histórias fazem com que se conectem uns aos outros, cada capítulo compreende um momento dentro do intervalo de cinco décadas que nos apresenta as mais diversas pessoas, onde o protagonista de um torna-se o coadjuvante do seguinte, como se cada um dos capítulos fosse um conto.

Nessa obra encontramos uma mistura do tempo presente, passado e futuro. Não há uma ordem cronológica: é tarefa do leitor adivinhar em que época se passa cada capítulo. Vamos nos orientando no tempo e no espaço através dos fatos que a escritora lança no texto.

E o tempo, implacável, é quase um personagem adicional que vai tocando a vida dos personagens, provocando efeitos que podem ser tanto avassalador como recompensador. E esse passar do tempo traz um que de pessimismo à narrativa: a constante busca de realização, a ausência de objetivos, a juventude que se dissipa, o isolamento e manipulação por meio da tecnologia, o talento musical em vias de extinção... realmente uma visita muito cruel, mas que vai de acordo com as escolhas de cada um.


"It's the time of the season / When love runs high / In this time, give it to me easy / And let me try / With pleasured hands / To take you in the sun to / Promised lands / To show you every one / It's the time of the season for loving..." - Time of the Season (Zombies)


O livro tem a música como pano de fundo - embora seja uma presença insconstante - e mais precisamente o rock. Direta ou indiretamente, todos os personagens parecem se ligar a este estilo musical. Mas os acontecimentos não são voltados única e exclusivamente para a música. Acho que a autora escolheu a indústria fonográfica porque ajuda na idéia de transição temporal, já que está sempre em movimento: é transitória, momentânea, mortal. Talvez seja a música o que mais nos faz refletir sobre a passagem do tempo, pois a banda ou cantor que foram sucesso ontem provavelmente não mais serão amanhã.

Mas vamos agora à criação de Jenifer Egan: escrever um livro onde possamos vislumbrar a passagem do tempo através do ponto de vista de várias pessoas pode ser uma tarefa difícil de realizar, mas Egan conseguiu isso com uma perfeita narrativa, além de ser muito perspicaz em adotar uma pluraridade de vozes para ilustrar a passagem do tempo. Sem dúvida, um livro muito bem escrito, mas a história dos personagens não me cativou. Embora a idéia do livro e sua forma de escrever sejam atraentes, seus personagens não são.

O livro dá a impressão de ser um experimento de Egan para elaborar suas histórias e testar diversas formas de narrá-las. Como foge ao típico torna-se uma leitura agradável, porém, mais adiante, nota-se que pouco sai do lugar.

São gigantes as qualidades técnicas. Sim! O domínio técnico é o que mais chama a atenção. Egan é extremamente hábil em espaços pequenos e entre tantos fios - mesmo emaranhados - a sua estrutura perfeita e completamente fora dos padrões é o grande atrativo do livro. É mesmo a questão da linguagem que chega ao fim do livro em posição de destaque.

Mas é difícil dizer se toda essa ânsia e fome do novo têm charme. Talvez as minhas expectativas estivessem muito elevadas ou talvez me falte uma sensibilidade necessária para compreender esses personagens. Não sei. Mas falta alguma coisa.

Se por um lado sua qualidade de escrita é assombrosa, acho que Egan não conseguiu traduzir com o mesmo arrebatamento o quanto é difícil o processo de amadurecimento de uma pessoa, seus sonhos e anseios, sua decadência e resignação, e as constantes mudanças causadas pelo decorrer do tempo.

Um livro de qualidade inegável, mas difícil de manter na memória. É bom. E só.


"Closing time, open all the doors / And let you out into the world / Closing time, turn all of the lights on Over every boy and every girl / Closing time, one last call for alcohol / So finish your whiskey or beer / Closing time, you don't have to go home / But you can't stay here." Closing Time (Semisonic)


Clara K 29/10/2014minha estante
Gostei muito do livro. Para mim, foi um 4 estrelas. O tempo pode até ser cruel as vezes, mas pode nos fazer muito bem também.


Ren@t@ 30/10/2014minha estante
Eu adorei o livro. Mas acho que o barulho todo em torno dele realmente foi exagerado. Não espere encontrar um personagem como fonte de inspiração, ou um texto que vá mudar sua vida.


VICKY 31/10/2014minha estante
As opiniões estão bem divididas aqui no Skoob. AInda não li mas estou curiosa.


Jayme 31/10/2014minha estante
Gostei da escolha das músicas que falam sobre o tempo. Se bem me lembro, pertencem a playlist de um dos personagens. Muito boa sacada!


Karol Rodrigues 15/03/2017minha estante
que resenha!




Geh 31/05/2020

A Visita Cruel do Tempo
Um livro de muitas idas e voltas no tempo pra mostrar que viver intensamente é bom mas que o tempo passa, a gente cresce e num piscar de olhos a gente tá numa vida que nem de longe foi o que imaginamos. Eu acabei repensando muito sobre a minha própria trajetória até aqui. Apesar de ter um ou outro capítulo que me deixou confusa e cansada foi uma leitura em que eu ansiava pelo desfecho da vida dos personagens que moram/moravam todos na mesma cidade e mesmo que parecesse impossível em algum momento se conectavam.
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Cami 19/04/2022

Experiência avassaladora
Primeiramente, só não dei 5 estrelas porque só dou para os livros que me destruíram rsrs.
Quero destacar o quanto a escrita desse livro é genial. Achei incrível como a autora fez cada capítulo com um narrador, e até mesmo em diferentes formatos, principalmente o capítulo em 2° pessoa e o capítulo em PowerPoint (esse em especial conquistou meu coração). Também achei sensacional como a autora consegue desenvolver a narrativa em diferentes datas e de forma aleatória sem tornar a leitura confusa. E, por último e não menos importante, gostei de como o assunto "passar do tempo" foi retratado, mostrando planos, sonhos, frustrações e, acima de tudo, novos caminhos.
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jota 30/04/2013

Sexo de menos, muita droga e rock 'n roll
Na capa deste livro da Intrínseca o Los Angeles Times informa: O melhor livro que você terá nas mãos. Exagerados! Prefiro ficar com a Newsweek que também elogiou o livro mas ressalvou: Em meio a todos os floreios pós-modernos A Visita Cruel do Tempo é tão tradicional quanto um romance de Dickens. O objetivo [de Egan] não é explodir a narrativa convencional, mas explorar como essa narrativa responde às pressões e às oportunidades da época digital.

Daí que temos todo o capítulo 12 em Power Point, o diário em slides de uma jovem personagem certamente um dos tais floreios de que fala a revista; outro poderia ser a narrativa fatiada, como se Egan estivesse escrevendo vários contos interligados -, que vai me fazer mais ainda continuar preferindo a narrativa tradicional do Dickens de Grandes Esperanças, por exemplo.

Espero que nos anos 2020, nem tão distantes assim, os autores não inventem de escrever seus livros (no todo ou parcialmente) no formato de fluxogramas, organogramas, árvores genealógicas ou afins. Esse capítulo 12 é um dos mais interessantes do livro (não exatamente por conta das pausas nas canções), mas a forma como é apresentado o torna um tanto aborrecido.

Mas é certo que não é nada complicado acompanhar o desenvolvimento do livro com seus muitos personagens vivendo em diferentes épocas, embora eu pense que ele continuaria sendo tão interessante quanto é se tivesse seguido a ordem cronológica banal. Mas então certamente não ganharia o Pulitzer: críticos e julgadores de prêmios literários têm uma enorme queda por autores que fogem da escrita convencional, não?

Mais do que a forma é o conteúdo o que importa para quem está em busca apenas de uma boa história para companhia e nesse sentido a autora se sai bem melhor, pois apresenta várias histórias interessantes dentro dessa história maior sobre o tempo, sua passagem e os efeitos sobre as pessoas. Somos levados a conhecer personagens marcantes, com qualidades e defeitos, como todos os seres humanos. E, sem dúvida, a personagem Sasha é a que mais se destaca aqui (ela abre o primeiro capítulo e é mencionada na última linha do final), embora o personagem principal deste livro seja mesmo o tempo.

Naquele sentido que Nietzsche dá a ele. O tempo não passa devagar ou depressa, o tempo simplesmente é e está; ele é infinito e está aí o tempo todo. Nós e todas as coisas é que passamos por ele. Eu diria mais, uma obviedade, claro: tempo e espaço são personagens constantes em todos os livros e a nossa absoluta falta de controle sobre o primeiro (o espaço a gente também não domina muito bem, vai destruindo tudo o que pode em nome de muitas coisas) torna a vida uma caixa de surpresas nem sempre agradável de ser aberta, às vezes cruel mesmo...

Lido entre 25 e 30/04/2013.
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Jow 12/07/2012

Para tornar a realidade suportável
"Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras supostamente mentirosas descrevem uma realidade que está próxima." Proust

De tanto tentar entender o que é o Tempo, acho que a primeira coisa que eu entendi é que deveríamos sempre começar alguma coisa sem saber que forma ela terá ou que tipo de estrutura se seguirá. Com o Tempo é assim, sempre existe uma espécie de sentimento misterioso no começo.

Ao ler “A Visita Cruel do Tempo” fiquei com a impressão de que um livro e uma série tiveram influências especificas e que podem ser contraditórias ao mesmo tempo. Uma é Proust e sua obra prima “Em Busca do Tempo Perdido” que eu li de forma fragmentada e quando era muito mais jovem e inexperiente, e por não entender muita coisa que ali se encontrava, deixei para ler em ocasiões futuras. Mas, depois de folhear algumas páginas eu me peguei pensando em como o tempo não é apenas um ótimo tema para um livro, mas, na verdade, me parecia como o único tema para um livro. E, de certa forma, o Tempo é o tema de todos os livros, porque todo romance é baseado na passagem de tempo para acontecer.

Pra quem já leu Proust, sabe que a leitura do francês é muito complexa e pouco contemporânea, algo que dificulta, e muito, o processo de entendimento do livro. Já a obra de Jennifer Egan corre pelo lado contrário, e que finalmente temos um livro contemporâneo sobre tempo. Em “A Visita Cruel do Tempo” o leitor sente, instintivamente, que o tempo real é uma característica muito bruta do romance e mesmo assim Egan consegue criar uma abordagem complexa, singular e angular do tempo.

Outra influência perceptível neste livro é a série “The Sopranos”. Assim como no seriado um dos principais traços marcantes da narrativa é que as histórias são contadas de uma forma descentralizada. Não existe uma história central, e assim é possível deslanchar a narrativa através da ótica de personagens principais e periféricos. Sendo assim, de repente, um personagem periférico se torna importante, o que torna a experiência da leitura muito mais excitante; Com isso os capítulos pareciam muito bidimensionais. Frequentemente é possível não saber qual era a história principal do capítulo, até que finalmente ele chegasse ao final, mas isso não importava. A cada capítulo a pergunta que fica é: “Como foi à mudança, o processo”.

Depois de terminada a leitura, me peguei pensando se esse, livro faz as pessoas refletirem de um jeito melancólico sobre a vida?! E, pra falar a verdade, eu detestaria que as pessoas pensassem assim. Penso que Egan não escreveu essa obra para que ela fosse lida como uma advertência sobre a vida selvagem. A impressão que eu tenho é de que ela estava “apenas” interessada em observar como são as pessoas ao longo do tempo. Na verdade, a maioria das pessoas se sai melhor, na vida com as suas escolhas, e algumas outras não. É assim que acontece na vida. É muito difícil saber, e eu acho tão surpreendente conforme fico vivido nesse mundo, ao ver o que acontece com as pessoas e como elas se parecem. E essa é a melhor experiência do Facebook, por exemplo: você pode olhar para alguém que não via desde os 15 anos, pensar: “Uau!!”

Por fim, acredito que o real objetivo de “A Visita Cruel do Tempo” é criar esses choques e as mais espantosas realizações sobre a passagem do tempo. “Porque ficaríamos surpresos?” Nós sabemos que o tempo passa, mas não sabemos de verdade. E essa é uma das coisas divertidas sobre isso. Nós sabemos que isso está acontecendo. Nós dizemos “estou atrasado” ou “eu tenho um prazo final”. Nós experimentamos o tempo e suas maneiras pró-funcionais. Mas a grande questão nós ignoramos por razões óbvias, porque parte da ilusão da vida é achar que a gente vai durar para sempre. E nós precisamos disso! Então, tentar deixar isso desdobrado no livro é o grande mérito de Jennifer Egan.

Alan Ventura 12/07/2012minha estante
Acho que essa resenha foge de tudo o que você já escreveu por aqui. E não posso precisar que desdobramento isso tem ou terá, acho que talvez em entenda... com o TEMPO... Parabéns.


Fran Kotipelto 20/07/2012minha estante
"Acho que essa resenha foge de tudo o que você já escreveu por aqui". O que quer dizer que cada vez mais você se supera. Parabéns.




KaioPi 07/06/2020

Fazia tempo que eu não lida nada fora da minha zona de conforto, sem falar no leve preconceito que eu tenho com livros que ganham prêmios hahaha, por achar que eles são obras mais difíceis de ler. Porém com este foi um equívoco, ainda bem. Tão bom que entrou pros meus favoritos.
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Mari 28/01/2022

A leitura do livro não me prendeu muito. A narrativa do livro é bem diferente, pouco linear, de modo que as vezes me perdia na leitura e se tornava um pouco confuso processar a história que estava sendo contada.
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Carla 28/04/2021

um livro cujo protagonista é o próprio tempo(?)
Egan me conquistou na primeira página e me manteve interessada por seus personagens ao longo de todo o livro, pra me arrebatar com o capítulo final.

Não espere por um livro comum. A escrita de Egan é simples, sem ser simplista. É direta, mas profunda. A narrativa não nos diz como devemos nos sentir. Na verdade a história nos faz, de fato, sentir as emoções junto com o personagem (em dado momento me senti tão nauseada que precisei dar um tempo da leitura).

O livro entrelaça a história de vários personagens, todos igualmente relevantes, todos irremediavelmente humanos e, portanto, belos e terríveis em diferentes medidas de acordo com o momento. Contudo - como entreguei no título da resenha -, é o tempo, para mim, o protagonista da história, o fio condutor da narrativa. É ele quem liga todos as histórias e personagens.

Parece-me que o objetivo da autora não é falar sobre seus personagens em si, mas sim mostrar como o tempo é cíclico, como tudo (re)começa no exato instante em que termina, como o tempo pode nos surpreender, nos quebrar, mas também pode nos curar.

O final, meio distópico, totalmente surpreendente, nos mostra que o sucesso não necessariamente simboliza felicidade e que a vida, ou melhor, o tempo - pode nos colocar novamente no fundo do poço ou no lugar mais elevado do pódio - o que, de qualquer sorte, não durará eternamente.
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Benaia 14/03/2021

Entre 8 ou 80, escolhi 36
Li o livro em um dia, tem uma história fluida, porém por ser narrado por muitos personagens diferentes em tempos distintos pode ser confuso. Confesso que entre um capítulo e outro tinha dificuldade em lembrar se já tinha ou não lido sobre aquele personagem e qual seu papel na história.

É uma escrita não linear, diferente do que estou acostumada a ler, realmente me surpreendeu o formato.

Apesar de achar o modelo de história diferente, intrigante e ler o livro rápido (li em algumas horas) eu esperava mais.

Um livro que vários definiram como ?ame? ou ?odeie?, eu consegui gostar, mas não amar e nem odiar. Para os interessados em conhecer um modelo diferente de escrita vale a pena.

?Pensei: se eu tivesse uma vista como esta para olhar todos os dias, teria energia e inspiração para conquistar o mundo. O problema é que, quando você mais precisa de uma vista assim, ninguém lhe dá.?
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Mateus Bandeira 16/02/2012

Uma metáfora perfeita das mudanças que sofremos com o tempo!
De início, Egan nos apresenta histórias simples de pessoas comuns. Aparentemente, nada de mais. Nas primeiras páginas, somos apresentados aos primeiros personagens da história: Bennie Salazar e Sasha. E, assim, inicia-se a teia de eventos que dá continuidade ao livro. Alternando de momentos de 1970 à um futuro próximo, somos apresentados a uma variedade de personagens com histórias distintas, mas que se interligam de formas extraordinárias. E isso é o que dá tanto destaque para A Visita Cruel do Tempo, a forma como é contada e a maneira com a qual a autora lida com a gama de personagens fazem com que esta obra distinta tenha gerado tanta repercussão em todo o mundo, além de ter sido tão premiada.

A obra lida com conflitos do nosso cotidiano de uma forma assustadoramente real, alternando entre o passado, o presente e o futuro. O detalhismo que a autora usa em partes do livro, junto dos cenários, do mais simples ao mais impactante, dão um complemento a história sem igual. Poderia até dizer que o livro é uma antologia, até parece no começo, mas apesar de cada capítulo ser como uma história distinta, os personagens se interligam em certo ponto, de uma forma sensacional. Neste ponto, ressalto ainda que devo dar os parabéns a autora, pois o livro tinha tudo para ter um resultado terrível e um desenvolvimento mal-elaborado. Mas o que ocorre é justamente o oposto: é tudo tão bem estruturado e elaborado que nenhum buraco é deixado durante a narrativa.

Leia a resenha completa em: http://our-vices.com/?p=10747
Luiz 23/02/2012minha estante
só não entendi pq o livro tinha tudo para ter um resultado terrivel e um desenvolvimento mal-elaborado? fiquei meio com um pé a tras depois q li isto pode me explicar o pq? ;D


uyara 01/03/2012minha estante
Luiz, acho que o Matt quis dizer que a estrutura do livro é difícil de construir. Trabalhar em uma história que alterna passado, presente e futuro não é fácil e o escritor precisa ter muito talento. Neste caso, a autora não só tem talento, como tornou sua obra vencedora de muitos prêmios.
Acho que é isso. Espero que tenha ajudado...




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