Matheus656 13/05/2022?solitária? conta a trajetória de duas mulheres negras, que moram no trabalho, um condomínio de alto padrão - desses que podem ser encontrados em qualquer metrópole brasileira. eunice, a mãe, é testemunha-chave de um crime escandaloso ocorrido na casa dos patrões. mabel, a filha, compõe o caminho que leva não apenas ao deslindamento e à explicação deste crime, mas a uma mudança que é drástica e total na vida delas e na das pessoas que rodeiam as personagens principais.
esta leitura foi a primeira experiência que eu tive com a escrita da eliana, e, sem dúvidas, é algo que pretendo repetir futuramente. a narrativa, embora curta, nos provoca um turbilhão de sentimentos divergentes - certamente um dedo na ferida.
a autora nos mostra uma realidade - que é triste e que revolta - do brasil, onde trabalhadores domésticos são obrigados a fazer parte de regimes de trabalho inadmissíveis e intoleráveis: a face (que consegue ser tão mascarada) de uma ?senzala moderna?.
?ah, mas ela é quase da família!? fazendo uso desta expressão, muitas pessoas se utilizam de dependências e encadeamentos pessoais para ?passar por cima? de direitos trabalhistas, além de pôr em prática inúmeros abusos e arbitrariedades sobre as empregadas domésticas - como é observado de forma tão explícita na narrativa.
[mãe, a senhora precisa se libertar destas pessoas. a senhora não deve nada pra elas. não tenha medo de encarar esse povo que nunca limpou a própria privada.]
texto sensacional e didático para se compreender a relação laborativa entre a empregada doméstica e o patrão. ansioso para ler outras obras da eliana alves cruz.