Queria Estar Lendo 26/06/2018
Resenha: Aos Dezessete Anos
Aos Dezessete Anos, segundo livro da Ava Dellaira - publicado por aqui e cedido em parceria pela editora Seguinte - é uma trama atemporal sobre amadurecimento, as nossas raízes e tudo aquilo que nos transforma em quem somos.
Aos Dezessete Anos se divide em dois pontos de vista, o de Marilyn, no fim dos anos 90, e o de Angie, em 2016, dessa forma, Ava Dellaira conta a história de mãe e filha aos dezessete anos, desenvolvendo a história aos poucos.
Nos anos 90, tudo que Marilyn queria era ir para a faculdade, quando finalmente poderia ser dona de si e abandonar os sonhos de fama que sua criou para ela. Nos anos 2000, Angie busca suas origens, sendo filha de uma mulher branca com um homem negro, ela sempre se sentiu deslocada, sem pertencer a lugar nenhum, e agora está determinada a encontrar suas origens.
"O curioso sobre a beleza, James escreve, é que de nenhuma forma sua presença nega a verdade do sofrimento, da injustiça, da dor, mas de toda forma ela se ergue em seu próprio direito, em sua própria verdade."
Como sempre, Ava Dellaira me pegou pela mão e me levou por uma história emocionante, tocante e bastante real. A forma como ela injeta emoção nas palavras, como ela consegue criar passagens tão emotivas, mesmo com uma narrativa bastante direta e simples, é apaixonante e lindo e me faz sentir lendo uma obra de arte, honestamente.
Me peguei sentindo tanto com a Angie, a Marilyn e o James, como senti ao ler as cartas da Laurel em Cartas de Amor aos Mortos. Fico muito feliz de ter pego esse livro. As vezes eu tenho medo de ler livros novos dos meus autores preferidos, porque a decepção pode ser real, mas a Ava manteve o padrão maravilhoso que estabeleceu para si mesma.
Angie foi uma personagem interessante. Não foi a minha preferida, mas definitivamente um ponto de vista que valeu a pena ser explorado e apresentado. Os sentimentos dela, sobre se sentir inadequada e sem um lugar para si, é algo que faz com que a gente se identifique, mesmo que não passe pelos mesmos problemas que ela. E o fato de acompanhar a história dos pais dela pelo ponto de vista de Marilyn, e depois chegar no dela e todos os sentimentos que ela tem sobre a mãe, a saudade que sente do pai que não conheceu e a pressão de ser tudo que a mãe tem, tudo isso transformou o ponto de vista dela em algo forte e identificável.
"O mundo está errado. Você não pode esquecer o passado. Ele está enterrado dentro de você: ele transformou sua carne em seu próprio armário."
Já a Marilyn e o James adicionaram a "realidade" da narrativa. Eles tinham tantos sonhos, tantos desejos, tantos planos, e ver como o futuro tratou eles foi desolador, ao mesmo tempo em que nos deixa com aquela sensação de realismo. A vida não é perfeita e nem sempre acabamos nos tornando as pessoas que achamos que seriamos aos dezessete anos, e ver isso tão claramente no papel foi um pouco devastador e triste.
É aquela coisa onde o vilão da história é a vida, porque não existe nada mais trágico na nossa história do que a própria vida.
"Ela não sabe quanto tempo vai ter, mas, agora, está aqui, entre os vivos. Consciente e respirando. Desperta, num mundo violento e marcado por horrores imagináveis, crueldade e bondade, maravilhas e muito amor."
Eu também amei muitíssimo a capa que a Editora Seguinte preparou para o livro, tem vários elementos importantes para a história e ficou com uma cara muito jovem e gostosa - meu amor por ela também pode ser porque eu realmente não curti a capa americana. Mas eu gostaria que tivessem mantido o título original, In Search of Us, que realmente fala muito sobre a história. No mais, a diagramação está bonita, delicada e bem dividida.
Aos Dezessete Anos é um livro com uma história dura, real, bonita e triste em partes iguais, e que me deixou completamente apaixonada por seus personagens e por sua profundidade. Uma história delicada sobre encontrar suas raízes e definir seu futuro. Amei muito e super recomendo para todos os fãs de YA, especialmente aqueles que gostam de uma pegada mais madura.
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