Rosana - @tudoquemotiva 26/05/2020O livro vai narrar a história de mãe e filha. A narração da mãe é no passado, Marilyn viveu um grande amor quando era mais jovem, que para os padrões da época era proibido, mas complicações da vida fizeram ela seguir o próprio caminho e criar sua filha sozinha, sem contato algum com a família do pai da criança.
Angie é a filha em questão, ela vive uma vida bem segura e feliz com a mãe, porém a sombra do pai ausente é um problema para ela. Sempre quando tenta conversar com a mãe à respeito, Marilyn sempre desconversa ou fica muito emocionada para falar sobre. É nesse ímpeto de saber mais sobre o pai e suas próprias origens, que ela acredita ainda estar vivo, que Angie vai atrás de saber mais respostas.
A capa e o título não fazem jus à esse livro. Ao julgar por essas informações, o que esperamos é um livro bobo, sem aprofundamente, algo apenas para passar o tempo, sem te fazer pensar muito. Porém, o que encontramos é um livro tocante e, com certeza, vai mexer com suas emoções. A autora vai pegar na sua mão e te levar por uma jornada de autodescoberta, sobre achar seu lugar, sobre solidão, aceitação e preconceitos.
Eu gostei muito da narração da Marilyn, ela apresenta um tom de realidade ao demonstrar todos os sonhos e planos que tem para o futuro, e a desilusão ao ver tudo ir por água abaixo. A sensação de impotência ao deparar com uma situação que não pode controlar. Com a personagem de Marilyn a gente vai perceber que podemos fazer mil e um planos, mas esquemos que a vida às vezes acontece e muda tudo aquilo que a gente tinha em mente.
Já na personagem da Angie, algumas questões abordadas deveriam ter sido melhor exploradas. No caso, Angie é negra, assim como o pai, e ela nunca conseguiu se encaixar no mundo e nem se ver na mãe. Ela acredita que a busca por seu pai, vai ajudá-la nessa questão de pertencimento, e vai ajudar na descoberta da própria identidade. Eu gostei da forma que a autora entrelaçou o lado dela com o lado da mãe, mas fiquei com a sensação de querer algo a mais, de uma melhor discusão do tema.
No geral eu gostei muito da leitura, principalmente da narração entre passado e presente. Pode ficar um pouco confuso no começo, mas logo você acostuma. Ao terminar a leitura eu fiquei com a aquele aperto no peito de que, sim é um livro de ficção, mas poderia ser a história de qualquer pessoa.
É um jovem adulto e vai ter alguns defeitos do gênero, confesso que me irritei em vários momentos com as ações da Angie e com a falta de comunicação da Marilyn, mas após a leitura eu percebi ainda mais que dói muito falar sobre algumas coisas e que o tempo, às vezes é o melhor remédio mesmo.
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