Filipe 13/04/2024
Os riscos da busca por um emprego
Bill Hodges é um personagem verossímil por ser falho e experiente, tendo que equilibrar os limites de seu conhecimento e atuação com a experiência adquirida nos anos como policial. Aposentado, passa a receber correspondências de um criminoso que jamais conseguiu capturar, e decide voltar à ativa para encerrar o assunto.
Brady, por outro lado, é inteligente e parece super capaz, mas é inexperiente e falha frequentemente por ter um lado humano fácil de se atingir. (E uma mente pervertida e perversa que, admito, me chocou bastante. Freud mandou abraços e Édipo ficou mais do que orgulhoso desse aqui).
De certa forma, um representa a antítese do outro e a história se desenrola justamente por causa disso: não é uma investigação brilhante e nem uma sucessão de pistas mirabolantes, mas uma revisão de erros por parte de Hodges é uma série de falhas por desleixo de Brady. É isso que carrega a história e, de certa forma, a torna crível.
Me admirei com uma narrativa policial diferente das histórias do tipo que costumo ler e conhecer por aí, me encantando com uma forma nova de levar uma história de assassinato. King conseguiu, de certa forma, reinventar o detetive aqui, consagrando-o mais uma vez como o mestre que de fato é.
Além disso, é preciso destacar a série de personagens cativantes que acompanha o duo na obra. Se a rivalidade dos protagonistas não é o suficiente, o que dizer da presença de Holly aqui? Uma personagem tão incrível que ganhou um livro próprio posteriormente. Ou Jerome e Janelle que de tão caricatos parecem exalar um espírito único, repleto de piadas próprias que trazem vida aos personagens.
Leia esse livro, ele te faz enxergar um gênero por outros olhos. Vale a pena e vale a leitura.
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