Carous 12/11/2017Sem pé nem cabeçaMinhas escolhas de livros têm sido ainda pior que as de 2016! Tão desastrosas que sequer me lembro dos bons livros que li este ano.
Adquiri "Cadê você, Bernadette?" assim que foi lançado, mas deixei mofando na minha estante, e sinceramente, devia ter feito isso mesmo porque para passar adiante este livro será um sufoco. Foi mais uma compra motivada pela capa, mas a sinopse parecia vender um livro chick lit diferente e original.
Aparentemente este é o melhor livro que Maria Semple escreveu até agora, mas nossa, se esse é o melhor trabalho dela, quero distância dos piores.
Me conectei com os personagens principais - Bee e Bernadette - só de ler a sinopse, mas infelizmente a partir do momento em que iniciei a leitura, me desapeguei de todo mundo. Nada contra as personagens, são legais, rola uma identificação e o comportamento de Bernadette é um alerta para os cuidados com a saúde mental, principalmente após eventos traumáticos como aborto e depressão pós- parto, algo que muita gente considera bobagem.
O problema é que Bernadette e Bee não tiveram muito espaço na história. Para minha surpresa, o livro é narrado em grande parte através de cartas e e-mails trocados pelos personagens Bernadette, Bee, Elgin (marido de Bernadette e pai de Bee), Audrey e Soo-Lin (duas mosquinhas) e sei lá quantos mais personagens. Às vezes tem um parágrafo perdido entre um e-mail e outro em que ou Bee, ou Bernadette ou algum outro personagem - nem lembro mais - narra os fatos. Tudo, na verdade, não passa de Bee meio que mostrando ao leitor o dossiê que recebeu pelo correio depois que sua mãe sumiu relatando tudo o que houve nos meses anteriores.
Devo admitir: ficou confuso. Não a apresentação dos personagens, mas como a fonte era a mesma de um e-mail de personagem X para personagem Y, tinha hora em que eu não sabia quem falava com quem sobre o quê. E a nota de Bee "E-mail de papai para doutora sei lá quem" ficava perdida também entre uma passagem e outra.
A falta de falas dos personagens me incomodou demais além da zona narrativa! Não curto ler livros que só nos informam a história, larguei de mão isso quando me formei na faculdade. Quero diálogos e interações.
Enfim, Bee é uma personagem maravilhosa, não é aquela adolescente chata e birrenta. Muito matura e coerente. Adorei sua posição em relação ao pai aos eventos que causaram o desaparecimento da mãe. Bernadette é excêntrica. Agora o Elgin... qual a necessidade dos escritores enfiarem personagens masculinos imbecis para tirar o leitor do sério? Só pensava em esganar esse cretino de uma figa por tudo que ele causou à família.
Então, é isso. Mais uma insatisfação literária. Ouvi dizer que este livro vai virar filme e espero que o roteiro supere o que Maria Semple tentou apresentar aqui.
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