Polly 11/05/2024
A mulher em mim: Britoca por ela mesma (#204)
Eu acho que eu tenho a lembrança de ver o clipe “Oops!.. I did it again” pela primeira vez. Eu simplesmente A-M-E-I. Acho que Britney deve ter sido a primeira artista internacional de quem gostei na vida. Eu tinha, sei lá, uns 8 anos e, sempre que minha tia, uma adolescente àquela época, assistia à MTV, eu corria para ver o clipe de Britney (embora provavelmente tivesse conteúdo inadequado para mim passando na TV, mas quem liga? Anos 90/00 não foram para amadores).
Eu cresci e eu mesma virei a adolescente que assistia a MTV, ainda acompanhei alguns lançamentos dela, mas minha adolescência coincidiu justamente com o calvário da sua vida. E, embora, por todo esse tempo, a Britney tenha continuado lançando músicas sem parar, depois de um tempo, eu simplesmente parei de acompanhar sua carreira. Eu gostava (e gosto) das músicas, mas eu já não a achava a mesma (o que é uma pena, porque tenho escutado alguns álbuns dela e eles são ótimos).
O negócio é que não dá para ser a mesma depois de tudo pelo que ela passou. A cada página virada, mal dava para acreditar que uma mulher rica, bonita, famosa, uma das mais poderosas daquela época passou pelo que passou. Não importa quão “privilegiada” você seja, ser mulher é um fator de perigo em qualquer lugar. A história de Britney é uma prova disso.
Apesar de toda a tristeza narrada em boa parte de sua história, é legal ver ela falando com tanto amor do trabalho e de suas conquistas. Ela fala com orgulho de apresentações (F-A-N-T-Á-S-T-I-C-A-S) que ela fez em seu auge e, confesso, fica ainda melhor quando você sabe do que ela está falando. Como eu assistia compulsivamente alguns de seus shows naqueles dvds piratas tão comuns ali nos primeiros anos dos anos 2000, eu sabia decorado do que ela falava. É uma experiência bem boa para quem gosta do trabalho dela.
Por outro lado, é angustiante ver o que a família dela fez com ela, aos comandos do pai desalmado. Tudo o que a fazia se sentir ela mesma foi tirado dela: a liberdade, o amor pela música, os filhos. Inclusive, a maternidade também é um ponto principal na trajetória de Britney. Acho que ela não pôde ser mãe, afinal, alguém que está infantilizada e com a vida totalmente comandada por outra pessoa, jamais terá a autonomia necessária para ser vista, pelos próprios filhos, como uma mãe que merece respeito. Além disso, os filhos sempre foram o ponto principal para controlar qualquer revolta da parte dela. Qualquer ato de rebeldia vinha sempre acompanhado de uma chantagem de ser proibida de ter até o mínimo contato com os filhos a que tinha direito.
Ouvir a versão dela me fez voltar a ver um pouco do que ela era, mesmo naqueles vídeos meio malucos dela dando pirueta no instagram. Tem dela ainda naquele olhar. Não dá pra sair sem sequelas e traumas do que ela passou. Além dos caras problemáticos em sua vida, Britney também teve uma família que não a amava e a via apenas como uma mina de dinheiro para sustentar todo mundo. A família, que deveria ser seu ponto de apoio e regulação quando a vida nos dá umas rasteiras, ela não a teve. Britney aparentemente nunca teve apoio. Foi rasteira atrás de rasteira, sem chance nenhuma de se reerguer.
Fico feliz dela ter conseguido se livrar daquela família ingrata. Não acredito que ela esteja bem, acho que o que ela passou é algo para ser elaborado em muitos anos. Queria muito que ela voltasse para o show business, mas também sei que o mais importante é ela voltar a se sentir bem com ela mesma. E ter forças para ser corajosa novamente.
Vale muito a pena ouvir a história ser contada com suas próprias palavras.
P.S.: Eu passei a odiar o JT, vocês também? hehe