sofia 28/01/2021
Um livro necessário, envolvente e um pouco cruel
Se tivesse que descrever esse livro em uma frase, diria que é a narrativa de duas pessoas tentando enfrentar o paradoxo agonizante de ser perdidamente apaixonado por alguém. Foi o livro certo na hora certa pra mim e, com certeza é um dos melhores que já li. Escrita de forma muito direta e franca, a história está longe de ser um clichê monótono feito para nos confortar. Acredito que Normal People foi feito, justamente, para tocar em feridas, nos incomodar e nos fazer pensar. Sally Rooney nos presenteou com personagens complexos vivendo problemas reais e, às vezes, insolucionáveis.
Quando Marianne e Connel estão juntos, se sufocam. Quando estão separados, se sentem incompletos. O sofrimento dos personagens principais perdura pelo processo de compreensão de que, mesmo que a vida pareça mais tolerável quando estão juntos, não se pode colocar tamanha responsabildade como a razão de viver em alguém.
Por serem pessoas totalmente diferentes, seus problemas e angústias são incompreensíveis e desconhecidos um pelo outro. Enquanto Marianne convive com a sequela dos maus tratos que sofreu a vida toda, Connel está acostumado a ser adorado por todos. Marianne foi injustiçada e abusada; Connel foi colocado em um pedestal durante anos e, de repente, descobriu que era perfeitamente normal. Os dois foram alienados e achavam que a forma como eram tratados era adequada. Entre términos, brigas e reconciliaçoes, os dois descobrem a verdade sobre quem são.
É um livro necessário, envolvente e um pouco cruel que nos mostra sem sutileza que pessoas que se amam podem (e provavelmente vão) machucar uma a outra. O mundo não se divide entre pessoas tóxicas e alecrins dourados, e nem tudo tem solução. Coisas ruins acontecem, sim, pessoas se magoam, se perdem na vida e, às vezes, não têm um final feliz. Afinal de contas, sem tempestade não há arco-íris.