Queria Estar Lendo 29/08/2018
Resenha: Os Imortalistas
Os Imortalistas é um livro de Chloe Benjamin, que foi publicado pela HarperCollins e nos cedido para resenha. Com uma narrativa simples e bonita, que vai te pegar pela mão e te levar para dentro da vida dos irmãos Gold.
A história começa com as quatro crianças da família Gold indo visitar uma vidente que, segundo os rumores, é capaz de adivinhar a data em que as pessoas vão morrer. Com essa informação em mãos, cada um deles passa a reagir de maneira diferente em relação a sua vida e a forma de vive-la. A vidente pode ser uma fraude, é verdade, mas a única maneira de descobrirem isso é morrendo (ou vivendo além da data que lhe foi dada).
Passado o capítulo inicial com a apresentação dos personagens, a premissa da história e a separação da família, o livro então passa a ser dividido em quatro partes. Cada uma dessas partes é narrada pelo ponto de vista de um personagem, até o seu desfecho, então passando para o próximo.
Primeiros temos Simon, o mais jovem de todos e primeiro a partir, que foge para São Francisco em uma gana de viver a vida e ter todas as experiências que puder. Sendo um adolescente gay na década de 80, o caçula dos Gold faz parte de grandes acontecimentos da comunidade LGBT da época, nem todos eles positivos.
É impossível não se conectar com Simon, o mais carismático dos quatro irmãos, e entender seus tormentos, mesmo quando julgamos suas más decisões. O caçula da família é simplesmente muito cheio de vida, para o bem ou para o mal. E foi com dor no coração que nos despedimos dele para dar espaço a Klara.
"Ela sempre pensou no lar como um destino físico, mas talvez Raj e Ruby sejam lar o suficiente. Talvez o lar, como a lua, a seguirá para onde ela for."
Ela que sempre teve o sonho de ser uma grande ilusionista, mas que deixa sua vida em pausa para se mudar com o irmão e permitir que ele vivesse no auge, e que sempre se sentiu diferente dos demais, com uma conexão além. Klara sempre acreditou na previsão da vidente, na essência do algo a mais, e isso foi parte do que guiou todas suas escolhas em vida (e em morte).
Posso ter amado Simon, mas Klara é a personagem que melhor entendi, por quem mais senti. Queria que ela tivesse sido tão feliz quanto ela gostaria, quanto ela merecia. O sonho de ser uma grande ilusionista não passava por Las Vegas, mas ainda assim é lá que ela vai parar, com seu marido e sua filinha Ruby. Talvez eu me identifique com algo de sombrio que havia dentro dela, a pequena pontinha de descontentamento, aquele mínimo detalhe que impede a felicidade completa. Mas a questão é que Klara era maravilhosa, mas doía. E doeu até o fim.
"Dentro de Klara um longo caule se entorta e parte. Sempre, é assim: a família que a criou e a família que ela criou, puxando-a em direções opostas."
Então chegamos aos irmãos mais velhos, e menos carismáticos. Daniel foi um personagem com o qual não tive conexão ou empatia, e até mesmo quando me interessei por sua jornada – mais próximo ao fim -, ainda não consegui me importar o suficiente. Pode ter sido o azar de ele ter vindo logo após a Klara, é verdade, mas a sua narrativa não me segurou como eu gostaria. Foram-se os irmãos artísticos, eis os metódicos e pragmáticos.
"Por fim, temos Varya e sua vida tão vazia que chega a dar pena. E raiva. Mas o que se inicia com uma narrativa fria e distante vai se provando uma história complexa e cheia de camadas. Varya me intriga, e me peguei gostando dela mais do o esperado. O problema da personagem, agora já sozinha e apenas com a mãe em um asilo, é que na ânsia pela longevidade ela acabou por esquecer de viver. E quem pouco vive, morta está.
"- Não me importo com relevância. Me importo com a família. Há coisas que você faz por pessoas que fizeram isso por você.
- E há coisas que você faz por si mesmo."
Os Imortalistas é um romance sobre família, vida e escolhas. Sobre saber viver a vida que temos, e a vida que queremos ter.
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