Marcos.Detanico 14/08/2021
As vicissitudes da vida e a banalidade da mortalidade
Livro muito bom, a proposta é excelente, mas o desenvolvimento deixa a desejar, porém é uma leitura satisfatória e reflexiva, mas não gostei muito do desfecho, ficou banal o que não estraga a experiência, mas deixa um sentimento que ficou faltando algo.
Os Imortalistas narra a vida de quatro irmãos: Simon, Klara, Daniel e Varya, os irmãos Gold, movidos pela curiosidade ainda ciranças, vão atrás de uma vidente para saber o dia de suas mortes. Apavorados com as respostas, eles tentam viver suas vidas alheios a essas informações cruéis. Entretanto, com o passar dos anos, é impossível não questionar se a cigana estava certa.
Como toda família, os irmãos se separam para seguirem com suas vidas da forma que lhes convém, tentando reescrever um destino enquanto vivem seus dias. Chloe Benjamin descreve os diferentes cenários e contextos históricos das cidades que viraram paradeiro dos irmãos. Simon é protagonista da San Francisco dos anos 70, palco da violência para com homossexuais em uma época que a AIDS começa a aterrorizar o mundo. Klara recria a fantasia dos grandes mágicos do século XX e de uma Las Vegas em ascensão. Daniel é um médico militar que precisa aprender a viver em um mundo depois do 11 de setembro. E Varya encarna a eterna busca pela longevidade em uma sociedade que não sabe lidar com a morte eminente.
A morte provavelmente é a maior inquietação dos seres humanos. Obviamente por ser o ponto final de tudo, mas também por ser desconhecida. Ela chega sem avisos, não tem critérios bem definidos e pode levar qualquer um a qualquer segundo. Independentemente do quão tranquilo ou desapegado alguém seja, certamente já teve aqueles momentos íntimos em que se pegou pensando nessa finitude, o imponderável que em um piscar de olhos muda perspectivas, abre lacunas, traz dor e vazio. O antigo ditado sentenciava que para tudo se encontra um jeito, menos para a morte
Os Imortalistas é uma perfeita metáfora da vida e de sua finitude. É um retrato das consequências de nossas escolhas, do apego humano ao passado e da fixação doentia para com um futuro incerto. Uma leitura que me marcou de um jeito intenso e que com certeza ficará na minha mente por um bom tempo