Ana 16/08/2015Aplausos de pé para Colleen Houck.Tenho que admitir: é impossível afirmar que minha opinião sobre O Despertar do Príncipe é 100% imparcial. No máximo 98%, e os outros dois ficam de admiração pela audácia que a Colleen teve ao explorar outra cultura tão fascinante quanto a indiana.
Ah, aos que não sabem, Colleen Houck é autora da série de livros A Maldição do Tigre, da qual sou fã até o último fio de cabelo. Vai ser incrivelmente complicado evitar as comparações, até porque o livro em si já é uma grande comparação: aos olhos desavisados, as histórias são incrivelmente iguais. Mas, como tenho certeza que a maioria dos leitores iniciais dessa série (e consequentemente dessa resenha) já leu algum volume de AMDT, acabarei utilizando algumas. Mal vejo a hora de começar!
Lilliana Young é uma nova-iorquina de dezessete anos, que, um belo dia, ao visitar o Museu Metropolitano de Arte, se depara com um lindo semideus egípcio quase nu, que cria um vínculo temporário entre os dois e tem de sorver a força vital dela até encontrar seus vasos canópicos e seus dois irmãos.
Ufa. Esse foi o choque de realidade.
Essa é a história, pessoal, e fica confusa ao longo do livro assim como ficou na minha frase anterior. E isso é bem, bem frustrante. Só consegui captar depois de um tempo qual era o objetivo de Amon, e mesmo assim não ficou tão claro. Mas ok.
Vou tentar recapitular aqui.
Lilliana foi visitar o museu e, quando quer encontrar um lugar mais calmo para desenhar, acaba ficando na ala em reforma do Egito antigo e tcharãm: Amon, um semideus egípcio está lá, de carne, osso e túnica, precisando de alguém para emprestar a força vital e lutar contra o tempo para a) encontrar seus órgãos, b) despertar seus irmãos e c) concluir mais um ritual milenar de afastamento do mal do deus-perverso-fodão-que-não-aparece-no-livro Seth.
E ela vai. Mas cá entre nós, quando você ler - e eu sei que você vai ler. Nem tente negar, consigo sentir sua curiosidade daqui! - vai entender que no fundo, ela não teve lá muita escolha. E mesmo se tivesse, sabe como é...
Vocês devem estar pensando: e aí, essa menina é órfã que nem a Kelsey e faz o que quiser, tipo viajar para a Índia - ops, Egito - com um bom velhinho que fala com animais?
Nananinanão, caros cidadãos desavisados. As semelhanças não param por aqui, mas a grande maioria dos fatos é diferente da série anterior, sim. E não tem animais, muito obrigada. Quer dizer... não tem tigres, pelo menos.
Lilliana é filha de pais ricos que praticamente a tratam como um obediente cavalo premiado: durante os poucos momentos que os dois aparecem no livro (na verdade, só a mãe dela dá o ar de sua graça) as interações são incrivelmente estranhas, onde o sentimento predominante é como o de conhecidos distantes que não se veem à anos. Traduzindo: desconforto. Por isso, quando surge a oportunidade inesperada de se jogar no desconhecido, Lilliana - não, Lily - a abraça e aí a treta de verdade começa, com direito a muita aventura, muita areia, muitos poderes convenientes que foram dados por deuses esquisitos e nem tanto amor assim.
O Despertar do Príncipe, na verdade, foi meio decepcionante. É. Falei o que a maioria dos fãs de AMDT não teve coragem de admitir: as partes de ação, que ganharam foco nesse volume, não foram tão boas assim. Muitas vezes era complicadíssimo imaginar o cenário onde a cena se desenrolava, então perdeu um pouco do encanto. Mas, veja: meio decepcionante. Não totalmente. A aventura não foi de todo falha: alguns trechos ficaram bons, muito bons! Assim como alguns trechos do casal ficaram maravilhosos, com gostinho de quero mais.
Eu não diria que esse livro foi uma cópia de A Maldição do Tigre que mudou de nome e foi ruim. Não mesmo. A Lily é um milhão de vezes melhor que a Kelsey: por não haver um foco tão grande no romance dessa vez, fomos poupados de muitos - mas não todos, que fique claro - pensamentos irritantes sobre a baixa autoestima da protagonista ou o clássico ele-não-gosta-de-mim-o-tanto-quanto-eu-gosto-dele. Apesar de que eu até aguentaria isso por um pouquinho mais de... sabe, coisas físicas e tal... E Amon não é o Ren, de um doce insuportável para alguns, assim como não é o Kishan, o badboy sexy que canta descaradamente. Amon é Amon. E se você não leu A Maldição do Tigre, isso foi um elogio. Mas seus irmãos... Aí cabe a vocês decidirem se Asten e Ahmose são parecidos com os irmãos Rajaram...
Como vocês já sabem, O Despertar do Príncipe explora o universo fascinante, embora um pouco confuso, da cultura egípcia, que não é tão distante da indiana - é a mesma brisada básica, um bando de coisa louca que no final fica incrível. Os livros [O Despertar e A Maldição] não são tão semelhantes quanto pensei. Nada de triângulos amorosos a vista, creio eu. Posso estar errada, mas acho bem difícil. É aquela história: leia para ver se não concorda comigo.
E sim. O romance lindo, fofo e caramelizado que eu amei tanto na outra série da Colleen (alerta de comparação) não está tão presente nessa nova história, mas continua lá. Acho que muitos não concordam comigo nesse ponto por não terem gostado de Rensey, mas não posso evitar...
Foi incrivelmente difícil fazer essa resenha. Não porque eu amei o livro - elas geralmente são mais difíceis de escrever quando nutrimos um sentimento tão grande pela história. Foi justamente porque eu não amei. Eu gostei muito, mas não me apaixonei. Mesmo com toda a chatice de Kelsey, na outra série (olha a comparação aí de novo!) criei um vínculo infinitamente mais forte com Ren e ela do que com Lily e Amon. Frustrante é a palavra que quero usar para descrever momentos onde a química era gritante, mas nada aconteceu, e maravilhoso para o momento onde Amon... cedeu, digamos assim.
Então, foi um livro ótimo. Sou especialmente apaixonada por essas culturas, a indiana e, nesse caso, a egípcia: são tão diferentes da nossa realidade! Mas veja, você tem que gostar; realmente mergulhamos em histórias e lendas que muitas vezes são complexas de entender - porém é impossível evitar minha admiração por elas.
Mesmo com o esforço óbvio para consertar todos os erros de insegurança da Kelsey nessa nova personagem, Lily ficou muito, muito boa - e sim, melhor do que a Kelsey.
O Despertar do Príncipe vai agradar aos fãs de Colleen, assim como os novos leitores. E, se você for alguém que não gostou muito de A Maldição do Tigre, principalmente pelo romance, se prepare: tenho certeza que esse livro aqui vai te conquistar! É uma edição com melhorias e pioras, mas que no final, ficou muito bom, não tão simples de ler, mas que prende a atenção.
Mais um trabalho digno de aplausos de Colleen Houck.
site:
https://letrinhasmiudas.wordpress.com/2015/08/17/o-despertar-do-principe-colleen-houck-resenha/ (em construção)