Mia Fernandes 04/05/2020
o despertar do principe
Eis uma série que eu não ouvi ninguém falando bem. Como é que a autora pode largar assim os meus tigres, e lançar uma nova saga com múmias? Que nada mais é uma cópia mal feita de A Maldição do Tigre, que somente acrescentou um personagem masculino... ouvi e li tantas críticas, que não tinha a intenção de adquirir esta obra. Mas, o destino, na forma de um amigo, me fez sucumbir a esta linda capa e eu acabei comprando e devorando o livro em poucos dias. As comparações acabam por aí, porque não vi nenhum dos tigres e muito menos Kelsey. Eu considero os tigres, Ren e Kishan, meus, mas se tem duas coisas que Colleen sabe fazer é: criar personagens incríveis e adaptar mitologias grandiosas sem perder seu conteúdo e sua cultura.
Lilliana Young tem dezessete anos, mas tem toda a sua vida regrada por seus pais. Em troca de sua liberdade, ela só tem que tirar notas altas no colégio, entrar na universidade da escolha dos pais e somente se relacionar com a elite. Pouco né? Mas, Lilly não tem grandes pretensões e ainda não decidiu qual carreira seguir. Ela sempre foi certinha, monótona e normal.
Toda a sua normalidade vai areia abaixo, quando ela está na sessão egípcia do Metropolitan Museum of Ar, de Nova York, pensando na vida e qual rumo vai dar para o seu futuro, quando ela acaba cruzando com uma múmia – um príncipe egípcio. A própria encarnação do rei sol, Amon-Rá. Um semideus quase nu – se não fosse por aquela tanga. Que precisa que ela compartilhe sua energia vital com ele através de um vínculo temporário até ele encontrar com seus outros irmãos tão gatos como eles. Oi? Lily fica um pouco fora de órbita com esta situação e tenta realmente não aceitar isto. Mas conforme o vínculo perdura e ela descobre o que está por trás das ataduras, ela decide embaçar nesta jornada. Pois será a sua única chance de viver plenamente, de sentir o sabor da liberdade antes de seguir os planos dos seus pais.
Amon é um semideus, um príncipe que tem a missão de salvar a humanidade junto com os seus dois irmãos, Asten e Ahmose das forças do mal, o Deus Seth. Os príncipes despertam a cada mil anos e cumprem o seu trabalho desde sempre. Porém este despertar está diferente, pois Amon está em NY, fora do Egito e seus vasos canópicos – sua força – foram surrupiados. Então o vínculo com Lily é necessário para ele cumprir o seu objetivo, a sua missão.
Eu cheguei a pensar que a autora fosse enrolar e não mostrar os irmãos. Mas, não a jornada de Lily e Amon é surpreendente, divertida e muita ação e problemas são criados para impedir os príncipes de cumprirem a sua meta. Lily não é aquela garota chata (aprende com ela, Kells), e mesmo rica, ela não é esnobe. E sabe o que quer, e o quer descobrir o que tem por debaixo daquela túnica XD. A química entre Amon e Lily é ótima, mas sem ficar enojada. O clima de romance existe, não somente pelo vínculo que Amon criou para sobreviver, mas porque dar para sentir. Pelo menos eu senti.
Amei conhecer Asten, a reencarnação das Estrelas, ele é tão fofo e convencido de um jeito muito gostoso. Suas cantadas e seu jeito leve me encantaram tanto. Já Ahmose teve poucos momentos, espero saber mais dele, mas também ganhou um cantinho do meu coração. Porém, Amon por ser a minha primeira múmia, meu coração bateu forte.
O Despertar do Príncipe se concentra bastante na mitologia egípcia, nos momentos de ação e na busca de Amon pelos seus irmãos. E a briga nos bastidores dos Deuses, que em vez de resolverem seus próprios problemas, bota as minhas múmias para pagar o pato. Foi bem desenvolvido, consegui me imaginar em todas aquelas tumbas, sarcófagos, até cheguei a sentir o vínculo com Amon. Viajei nas costas de Asten, e até me encantei com Ahmose. E claro amei a tempestade de areia.
Outro ponto positivo foi que a autora não ficou marcando em cima de Lily com Amon. Claro que teve os momentos, ela literalmente só faltava agarrar o cara (muito ativa, adorei!). Ela deixou correr a história e quando finalmente Amon cedeu, porque até Múmia não tem sangue de barata, meu deus! Todos os meus circuitos explodiram...
O que falta para a autora – isto tanto para a saga das múmias quanto dos tigres – capítulos com o ponto de vista masculino. Isto enriqueceria muito a mitologia, a história, e saberíamos o que eles estão pensando, sentindo. Porque quando as emoções são vistas pelos olhos masculinos, parece que tudo é mais profundo e verdadeiro.
Este foi somente o primeiro volume, mas deixou com um gostinho de quero mais. Quero mais de Amon, quero mais ouvir as cantadas de Asten, quero mais conhecer Ahmose. Quero que Lily os liberte deste trabalho e sim, se ela puder, me enviar Asten aqui para a minha casa, eu prometo que vou cuidar bem da múmia.
xoxo
mia fernandes.