Yuri 29/02/2012Faltou algoDepois de ler "A Menina que Roubava Livros" imaginei ter encontrado uma mina de ouro na imaginação e criatividade em Markus Zusak, mas acabei me decepcionando um pouco com eu sou o "Eu Sou o Mensageiro". Dessa forma, fica um pouco difícil não me render a comparações entre as duas obras do mesmo autor.
A história de Ed tem momentos de grandeza, mas peca muitas vezes por uma aparente falta de ritmo e rumo, como se o autor tivesse montado uma colcha de retalhos e depois costurado listas com círculos, vermelho com amarelo, linho com seda.
O final é a constatação dessa "preguiça criativa", uma história cética, que busca passar lições por meio das fraquezas humanas, finda-se em uma passagem mal explicada migrando trezentas páginas de expectativa para algo meio sobrenatural, não apresentado, discutido, muito menos explicado em momento nenhum. É como se repentinamente um livro de auto ajuda terminasse com algo do tipo "se tudo der errado acenda uma vela verde, coloque o nome da pessoa amada em um papel e queime na chama numa noite de lua crescente"!
O incrível de "A Menina que Roubava Livros" está em o narrador (a morte) contar o que vai acontecer e mesmo assim conseguir arrancar do leitor o sentimento puro, o choro numa morte já anunciada, o riso em um encontro já premeditado; em "Eu Sou o Mensageiro" o que Markus Zusak fez foi desconstruir a bela impressão deixada, pois mesmo escondendo o enredo e criando um clima de mistério, eu sou o mensageiro não conseguiu trazer o leitor para dentro do livro.
Gostei do Porteiro!