Ninha Machado 15/08/2014Quase perfeito - Criatividade nota 10!Criatividade! Essa é a palavra que define este livro.
Com o Ed Kenned pode-se aprender que mesmo quando achamos que não temos nada de bom a oferecer ao mundo, podemos nos surpreender se realmente quisermos e tentarmos. E o melhor de tudo: saber que há pessoas que acreditam na gente. A trama nos mostra que enquanto estamos em nossa zona de conforto na vida, pessoas ao nosso redor precisam de ajuda, sofrem e gritam silenciosamente por socorro. Muitas vezes as necessidades nem são tão grandes assim, e nisso Zusak conseguiu nos passar a mensagem de que não precisa você salvar o mundo para se sentir importante, às vezes um gesto simples, um sorvete...
Ed é um garoto de 19 anos, taxista, tem um cachorro (fofo e fedorento) que é viciado em café, mas é muito companheiro, três amigos tão medíocres quanto ele e uma mãe que não o suporta e, pra completar, não tem um pingo de visão sobre seu próprio futuro. Além disso ele se vê estagnado, sem ter realizado nada de proveitoso na vida e sem sonho algum - exceto por Audrey. Achei muito interessante e criativa a forma como o Ed se comparou, de forma crítica, aos aclamados artistas e ícones históricos Bob Dylan, Salvador Dalí e Joana D'arc, sendo que estes, com a mesma idade que ele já tinham realizado grandes feitos e realizações deixando seu nome gravado na história. Já ele, Ed Kennedy, era um zero a esquerda... Então, após ele ajudar a por um fim em um assalto a banco, ele vê uma oportunidade de deixar sua marca no mundo quando começa a receber por correio cartas de baralhos com pistas que levam a certos endereços. Nesses endereços desconhecidos, pessoas precisam de ajuda, ou de incentivos, ou de palavras, ou simplesmente que sejam salvas. Após dar início a ajuda a essas pessoas Ed aos poucos vai amadurecendo e percebendo que todos podem ser ALGUÉM, até mesmo ele e seus amigos incompetentes. Outra mensagem que foi passada, é que muitas vezes nós não conhecemos a fundo nossos próprios amigos; não sabemos seus medos, suas frustrações, seus desejos.
Ponto Negativo:
O que eu considero como ponto negativo no livro é, sem dúvida, as diversas vezes em que Zusak nos deixa abandonados em nossas próprias opiniões sobre acontecimentos na trama, como por exemplo na mensagem sobre a menina que corria descalça, se o Ed tinha matado ou não o homem que estuprava a esposa e principalmente sobre o FINAL DO LIVRO. O autor deixou que o leitor tirasse suas próprias conclusões sobre quem era o arquiteto de todo esse plano criativo de de entregar mensagens (ajuda) às pessoas. Isso seria uma ideia genial, se houvesse um epílogo, mas não há. Fiquei bastante frustrada e alguns dias sem entender o final, mas depois de reler algumas vezes consegui chegar à uma conclusão, que, se for o que acho, torna o livro PERFEITO! Mas como não existe um epílogo - acho que todos os livros com finais de interpretações dúbeis deveriam ter um - vou qualificar o livro com apenas quatro estrelas, mas com a ressalva de que o livro é quase perfeito e deve ser lido.