Ana Júlia Coelho 05/06/2023Tully é super popular no colégio, mas ninguém imagina que ela esconda um segredo: é criada pela avó, porque sua mãe vive aparecendo e a abandonando. Claro que ela ama e faria tudo pela avó, mas sente falta do amor que nunca conseguiu cativar da mãe. Kate se afastou das poucas amigas que tinha por conta das escolhas das meninas, então se sente muito sozinha enquanto frequenta as aulas. Cresceu em uma família tranquila, até um pouco careta, e não sabe o que fazer para combater a solidão. Até que a vida trata de juntar essas duas.
Por anos, foram unha e carne. Kate, com seu jeito insuportavelmente permissivo, e Tully, impondo e conseguindo todas as suas vontades. Esse relacionamento super saudável perdurou por muito tempo, e Kate permitiu que Tully ditasse até o que as duas fariam na faculdade. Mesmo percebendo que não era mais jornalismo que queria fazer, Kate não conseguiu fazer valer sua vontade e se formou nesse curso.
A vida foi tratando de ir separando seus caminhos. Tully seguiu no sonho de ser uma jornalista famosa, e conseguiu, enquanto Kate desviou dos sonhos profissionais para se tornar mãe e dedicar seu tempo à família. Mesmo com esses trajetos diferentes, com os altos e baixos de todas as relações humanas, uma sabe que pode contar com a outra. Sempre.
Desde o início já achei essa uma amizade bem estranha, tóxica até. Uma sempre tem tudo o que quer, e a outra não sabe se impor. Chegou no limite quando Tully começou a dar palpite na criação da filha adolescente e rebelde de Kate. Tully, por optar em construir uma carreira e ser famosa, sempre soube que abriria mão desse lado familiar, que seria difícil criar laços, um relacionamento, filhos. E aí fica sendo aquela tia solteirona e velha, chata e rica, que quer agradar a adolescente a todo custo. Fica tomando partido da guria só pra ser legal. Odiei toda essa interação entre elas.
O final do livro também me deixou extremamente indignada. Mais uma vez, a autora recorreu à fórmula já usada em A Grande Solidão. Não fui capaz de chorar porque eu estava muito puta com as escolhas da autora para o encerramento da narrativa. Mas, pra não dizer que odiei totalmente a história, sempre gosto do jeito que a autora aborda o tema de não trabalhar fora e querer cuidar da casa, do marido e dos filhos – apesar de já ter usado isso anteriormente também.
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