Lina DC 16/02/2014O primeiro livro da série Firefly Lane é emocionante e delicado. Nessa primeira parte da história conhecemos a vida de Tully e Kate. Narrado em terceira pessoa, o livro começa narrando a vida de Tully na década de 1970 que naquele momento estava com 10 anos de idade. Acompanhamos através do olhar inocente de uma criança, o abandono constante de sua mãe Dorothy. Dorothy aparece esporadicamente na casa dos pais (Tully é criada pela avó e pelo avô), sempre bêbada, drogada ou ambos, leva a filha por pouco tempo e depois some. A necessidade de amor de Tully e de entender porque sua mãe nã a ama toca o coração do leitor.
Desde cedo a garota aprende a esculpir uma máscara de indiferença e acaba se tornando precocemente popular. É aos 14 anos que a sua vida muda, ao encontrar Kate...
Ao contrário de Tully, Kate tem uma vida estruturada, com pais presentes e seu irmão mais novo Sean. Mas o fato de não ser "moderna", querer beber e fumar maconha a torna excluída socialmente, e voltada ao mundo dos livros.
Duas jovens tão diferentes vão formar uma amizade que o tempo não altera.....
" - Eu não disse que a fé era algo simples. Disse apenas que é necessária". (p. 255)
A trama é extremamente sensível e mostra como a vida dessas duas jovens vão se entrelaçando, de modo que uma não existe sem a outra. Enquanto Tully se torna uma mulher mais centrada na carreira, em atingir seus objetivos e até mesmo um pouco egocêntrica, Kate se torna a conciliadora, aquela que sempre perdoa e na maioria das vezes é colocada em segundo plano. Claro que uma relação desse tipo tem altos e baixos, principalmente quando a vida das duas começa a tomar caminhos diferentes. Mas o que é tão belo nesse livro é que não importa os anos que se passaram, os caminhos que ambas tomaram ou os seus desentendimentos.... no final ninguém no mundo conhece os segredos das duas a não ser elas mesmas.
"Logo, Tully estava fazendo Kate dar risada. Este era o segredo de grandes amigas. Como irmãs e mães, elas podiam nos deixar furiosas, nos fazer chorar e nos magoar; mas, no fim, quando era preciso, elas estavam lá, nos fazendo rir mesmo nos piores momentos". (p. 260)
A história das duas é dramática. Existem momentos em que vemos o sofrimento, a dor, a perda, mas também acompanhamos as alegrias, as conquistas e os amores.
Kristin Hannah conseguiu criar uma amizade atemporal que ultrapassa a barreira do impossível e deixa o leitor com lágrimas nos olhos até a última página do livro.
O enredo é perfeitamente construído com a passagem das décadas, os personagens secundários são enriquecedores e a vida dessas duas mulheres são um testemunho de amor.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um excelente trabalho. A capa faz menção a rua onde ambas se conheceram e transporta o leitor a um mundo maravilhoso.
"Vocês podem ser o que quiserem. Mas você precisa se arriscar às vezes. Se abrir para o mundo. Uma coisa que eu posso lhe dizer com toda certeza é o seguinte: na vida, a gente só se arrepende do que não faz". (p. 27)
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