gleicepcouto 11/06/2014Quem acompanha o blog, sabe que chick-lit não é um dos meus gêneros favoritos. Na verdade, tenho (várias) ressalvas com ele. Há, porém, alguns títulos dos quais gosto muito, então, lá fui eu encarar Quem Sabe Um Dia (Record). Ainda mais porque algumas pessoas que também não curtem chick-lit se disseram fã da história.
Eu, porém, devia ter desistido logo no início quando li, na quarta capa, Meg Cabot tecendo elogios ao livro e à sua autora, Lauren Graham - é, a terna Lorelai de Gilmore Girls. As pessoas mais próximas sabem dois fatos sobre mim: 1. Não gosto da Cabot. 2. Não suportava Gilmore Girls. Ou seja, o mundo implorava para eu não ler o livro. Mas eu sou teimosa e curto a possibilidade de sempre tá mordendo a língua e me abrindo para novos horizontes.
Não foi uma experiência péeeeessima, sabe? Mas bem vazia. Nula. Isso porque o livro não traz nada de novo ou interessante. Parece que é um apanhado de diversas outras histórias que vejo por aí desde sempre. Nem o humor característico do chick-lit está ali. Juro, não ri uma vez sequer. Às vezes um sorriso amarelo surgia no canto da boca. Só.
Os personagens são rasos e poucos carismáticos. A protagonista, por exemplo, não gera nenhuma empatia. Ela tá lá, vivendo. E eu aqui, lendo. Conexão zero. Pra mim, tanto fazia se ela alcançasse o seu objetivo ou não. Ela não conseguiu me fazer querer torcer por ela. Alguns personagens são também mal aproveitados. Caso de Dan. Tá certo que, como personagem literário, ele não é lá grandes coisas, mas merecia uma atenção maior diante do contexto e do papel que desempenha na história. Mas ele aparece e some de forma tão inconstante que cheguei a pensar que ele também poderia ter dado adeus.... Não sentiria falta.
A narrativa de Graham não é ruim, entretanto. Ela escreve bem e de forma fluída. Não é um texto muuuuito elaborado, mas é ok - exatamente o que espero de alguém com o mínimo de noção de escrita.
Há alguns pontos pertinentes dos quais o livro trata, como a questão da autoconfiança, de perseverar e não desistir nos primeiros obstáculos que a vida põe em nossos caminhos. Antes de tudo, é mostrar que para ato há uma consequência e você tem que estar disposto e consciente disso. Há muito caminhos para um mesmo sonho.
A autora pecou mesmo foi no enredo, como já disse. Acho que mesmo se a narrativa dela fosse espetacular, não conseguiria salvar Quem Sabe Um Dia. Isso me dá uma esperança, ao menos. Quando ela tiver uma boa ideia, vai saber colocar no papel e aí será sucesso absoluto. Enquanto isso não acontece, todavia, Lauren Graham amarga uma estreia na literatura pouco satisfatória, instável e sem sal.
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