CooltureNews 22/07/2014
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No momento em que escrevo isso, o livro se encontra ao meu lado e praticamente acabei de fechá-lo. Muito do que foi escrito ali ainda está fresco em minha memória e não sei bem se conseguirei expressar o quanto este livro é ótimo e deve ser lido.
Franny é uma personagem comum. Não há nada nela que a distinga de outras protagonistas comuns de chick lits, já que ela é bonita, mas nem tanto, tem talento, mas nem tanto, e claro, possui muitas confusões em sua vida. Ela está na luta por uma carreira de atriz, possui um emprego como garçonete em um clube de comédia, divide um apartamento no Brooklyn com mais dois amigos e tem um prazo final: se não conseguir nada em seis meses, vai abandonar Nova Iorque e seu sonho de ser atriz. É neste ponto da vida dela que a conhecemos e acompanhamos seus dias, suas desventuras, conquistas e decepções.
Franny está em constante guerra com os seus sonhos e em como a realidade parece convergir para que nada dê certo. Há nela uma perspectiva distorcida sobre si mesma, tanto pela sua aparência como pelo seu talento como atriz, e ainda que outros ao seu redor tentem convencê-la do contrário, ela não consegue ter qualquer pensamento positivo.
Foi isso que me fez ter uma completa identificação com a personagem, pois, mesmo ela vivendo em um mundo diferente, possui as mesmas dúvidas e medos que qualquer jovem que está iniciando sua carreira e sua vida adulta possui.
Considero simplesmente incrível que a autora tenha conseguido transparecer todos esses sentimentos sem cair num clichê horrível e melodramático. Pelo contrário, quase não há drama, as mudanças que a personagem sofre e suas aventuras são recheadas por comédia de alta qualidade, com jogos de palavras, ironia, um pouco de sarcasmo e coerência.
Mas não é somente a vida profissional de Franny que a preocupa, há ainda o romance, ou mais especificamente, a falta dele. Ao longo do livro, Franny se vê envolvida em diversas emoções e por algumas situações que parecem ser boas demais para ser verdade.
E novamente temos quase uma identificação simultânea com ela e seu momento amoroso. São tantas as situações que é difícil não pensar: “ei, já passei por isso”.
Temos um cara simplesmente demais, o sonho da protagonista, tanto por ser bonito como por representar tudo o que ela espera conquistar, mas não consegue. Há aquele cara legal que fica ali, em surdina, que pode ser o cara certo, se não fosse o detalhe dele já estar namorando, mas ainda continua sendo um ótimo amigo. E, por fim, temos o antigo namorado, que pode ser um bom plano B se nada der certo.
Então, temos um conjunto de confusões que levam Franny a amadurecer e criar confiança em si mesma. A autora consegue trazer isso de forma a tocar o leitor e a levá-lo a ansiar por um final feliz.
Através de uma narrativa fluida, Lauren Graham conseguiu construir uma história que torna uma garota aparentemente comum em uma personagem fascinante. Ela dá a Franny algo de real que a torna bem próxima do leitor, levando-o a ver nas páginas algo da autora e possivelmente de sua própria experiência de vida.
Essa é uma daquelas histórias simples, que transcendem o papel e trazem para a vida de quem lê algumas lições importantes, que ele já pode ter aprendido ou não, mas que reforçam aquele sentimento otimista de fé no futuro e de que, ao final, sempre há algo que pode ser aprendido.
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