Lidia 09/09/2021
Desenvolvimento dos personagens
É impressionante que depois de 1.500 páginas, divididas entre os dois primeiros volumes, ainda temos mais de 650 páginas com história.
Não se desanime com os números, nesse volume o Jordan toma seu tempo para desenvolver personagens que não tiveram a oportunidade de estar em foco. O núcleo Tar Valon cresce, Mat tem a primeira oportunidade de mostrar novas nuances, Perrin começa a entender o seu papel em tudo isso, e não, não temos Rand aqui, pelo menos não de forma presente com um POV, mas vemos claramente os efeitos de todas as coisas que aconteceram nos livros anteriores afetando sua sanidade e também os locais por onde ele passa.
Ouvi e li muitas resenhas falando que esse era o livro que a maioria menos gostou, eu entendo alguns motivos, ele é bem lento nos primeiros 2/3 e confesso que relutei um pouco para pegar no ritmo, algumas fórmulas que já vimos antes nos dois outros volumes são novamente usadas aqui, o ritmo frenético de A Grande Caçada regrediu para O Olho do Mundo novamente, alguns personagens simplesmente são muito teimosos para terem qualquer evolução, e a Nynaeve passa 656 páginas dando puxões na trança. De qualquer maneira, para se ter uma experiência mais concreta e proveitosa desses livros eu entendi que o autor toma todo o tempo do mundo para a ambientação e narração dessa história, ele vai mostrar cada passo desses personagens sem perder nenhum fôlego, o que pode ser um pouco maçante pra uns mas eu vejo de forma muito positiva, não achei de forma alguma que esse foi um livro ruim, muito pelo contrário, mas se dos 3 que eu li até agora ele foi o que eu menos me empolguei? Sim.
Gosto muito como o Perrin toma a dianteira principalmente no começo do livro, os capítulos narrados por ele mostra alguém que realmente questiona se aquele propósito terrível destinado à ele é realmente algo plausível ou não, ele é o personagem mais racional dentre o grupo de Dois Rios e isso transparece bastante nos seus dilemas. Gosto muito como ele começa a se impor e confrontar Moiraine e Lan ao invés de se lamentar o tempo todo, cria uma dinâmica incrível entre eles que torna a leitura mais fácil.
Mat finalmente mostra a cara depois de alguns processos tensos pelo qual ele passou e também conseguimos vislumbres de sua real personalidade e do seu propósito nessa história, que até então estava coberto por conta de outras situações, estou bem curiosa pra ver onde tudo isso irá leva-lo.
O núcleo das meninas ainda é um pouco complicado pra mim, algumas intrigas desnecessárias e infantilidade ainda não deixaram nenhuma das três se desenvolverem melhor, a única que vejo tomar um pouco mais as rédeas é a Egwene, e entendo o porque ela se fechou tanto nesse volume, provavelmente devido ao trauma sofrido na história anterior. Gosto muito da história dela e acredito que ela seja um personagem que vá se desenvolver muito bem no futuro.
Pelas resenhas dos próximos volumes parece que essa fórmula usada até agora é aposentada e as coisas mudam de rumo a partir do quarto livro, e vendo o ponto que estamos na história acho isso extremamente positivo, eu vejo esses 3 primeiros livros como a ambientação e preparação dessa história gigantesca, é necessário ver esses perrengues e ter calma nos passos lentos que é narrada, para então se desenvolver de forma melhor e mais clara para os leitores que estão acompanhando, isso é muito positivo porque agora me pego entendendo os termos mais bizarros de forma mais natural, sem ter que consultar o glossário, e isso provavelmente será útil nos próximos volumes com mais de 900 páginas, afinal, toma muito tempo consultar toda hora.
Se você é um leitor que gostou muito mais do ritmo do segundo volume, não desista na metade desse livro, o final é muito empolgante, traz revelações que não tivemos até agora e personagens novos super interessantes.