Papéis Avulsos

Papéis Avulsos Machado de Assis
Machado de Assis
Machado de Assis




Resenhas - Papéis Avulsos


77 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Anica 19/02/2011

Papéis Avulsos (Machado de Assis)
O Machado de Assis contista sempre se apresentou aos poucos para mim. Fora a coletânea Contos Fluminenses, não lembro de ter buscado outras coletâneas, mas os contos de forma avulsa mesmo. Sem nem pensar duas vezes penso em A Igreja do Diabo, Missa do Galo e outros textos que mostram que quando o assunto era prosa, Machado de Assis sabia muito bem o que estava fazendo. E justamente por isso quis conferir a edição de Papéis Avulsos que saiu pela Penguin & Companhia das Letras: mesmo que já conhecesse alguns contos, sabia que seria um prazer reler.

Minha grande surpresa é que mesmo as releituras viraram novas leituras. Porque o trabalho com as notas de Hélio Guimarães (professor de Literatura Brasileira na USP) tornou textos já conhecidos como O Alienista e O Espelho algo completamente diferente, ampliando a noção do Rio de Janeiro e do Brasil de Machado e, mais do que isso, mostrando a pluralidade de referências do escritor, que citava autores então modernos como Allan Poe e Longfellow, além dos clássicos.

Além das notas de Hélio Guimarães, esta nova edição de Papéis Avulsos ainda conta com um brilhante prefácio de John Gledson (Doutor pela Universidade de Princeton), notas de Machado de Assis sobre seus contos, Preâmbulo a “Na arca”, cronologia e uma lista de sugestão de leituras relacionadas. Nos mesmos moldes da edição de O Amante de Lady Chatterley, é o equivalente a um DVD recheado de extras, que enriquecem infinitamente a leitura.

E sim, tem a capa laranja linda no padrão da Penguin na década de 30.

Ok, falamos sobre os extras, vamos ao texto. Nesta edição, os contos estão em ordem cronológica, de acordo com as datas em que foram publicados em revistase jornais para os quais Machado escrevia. É curioso saber que alguns deles o escritor acabou optando por assinar com um pseudônimo (caso de A chinela turca e A arca).

Papéis Avulsos vem cheio daquele Machado que nossos professores não cansavam de repetir no cursinho, a ironia no máximo e aquelas interrupções para conversar com o leitor, por exemplo. Mas o que mais chama a atenção nestes 12 contos que fazem parte da coletânea é como muitos deles ainda são atuais, mesmo quando se situam tão bem no Rio de Janeiro do século XIX. O leitor vê um espaço dominado por casas iluminadas por velas, personagens seguindo uma rotina que hoje em dia já não existe. Mas o interior do texto não envelheceu nem um ano sequer.

O destaque de Papéis Avulsos é sem sombra de dúvidas O Alienista, que muitas pessoas discutem tratar-se de uma novela e não um conto, mas para essa discussão gosto do que fala Machado já na Advertência que abre o livro: “Direi somente que se há aqui páginas que parecem meros contos, e outras que não o são, defendo-me das segundas com dizer que os leitores das outras podem achar nelas algum interesse (…)“. Algum interesse é uma forma até modesta de falar dessa genial história que a todo momento levanta a questão da loucura, do que é ser louco e o que é o normal. Dr. Simão Bacamarte está sem dúvida na galeria das grandes personagens da literatura brasileira.

Ainda sobre a atualidade do texto de Machado, temos o ótimo A Teoria do Medalhão, com a conversa de pai para filho mais irônica que lembro de ter lido. Os conselhos do pai causam graça porque muito do que é dito ali se encaixa no que se vê nos dias atuais. São pequenos detalhes e passagens, características de personagens que dão esse tom, como também se pode ver em A sereníssima república.

Outro conto que chama a atenção é Na Arca, que Machado escreve como se fosse um trecho retirado da Bíblia (três capítulos inéditos do Gênesis). Fico pensando na coragem do escritor de publicar algo envolvendo personagens bíblicos naqueles tempos – já que mesmo nos dias de hoje envolver religião mesmo que como alegoria ainda possa causar dores de cabeças para autores. E o melhor é que o texto é engraçadíssimo, e muito bom.

Na realidade, toda a coletânea apresenta textos de bons para excelentes. Alguns podem passar meio batido em uma primeira leitura, como D. Benedita, mas aí a questão das notas acabam melhorando a leitura. Valeu a pena reler alguns e conhecer outros, ainda mais com todo esse cuidado desta nova edição. Foi quase como reencontrar um velho amigo depois de anos, e ver o quanto ele melhorou com o passar do tempo.
Geisa 28/06/2011minha estante
Também já li os contos separados através do site Domínio Público. comprei a edição da Penguin justamente pelos extras: notas, prefácio e a capa inconfundível, marca registrada do selo.

Sua resenha está ótima.


Anica 28/06/2011minha estante
Obrigada, Geisa ^^


Vinnie 03/02/2012minha estante
Sua resenha fez justiça a esse que é o Saergent Pepper's da literatura curta nacional. Jesus, que livro!


Sara Melo 06/03/2016minha estante
Estava em dúvida se comprava ou não a edição. Sua crítica foi definitiva na minha escolha de comprá-la. Obrigada. :D




Wilton 16/04/2016

Pequenas grandes histórias
O conto, como sabemos, é uma narrativa curta. Impressionante, como num pequeno espaço, Machado de Assis consegue transmitir tanta ação, tantas personagens heterogêneas, tanta emoção. Usa uma linguagem culta sem ser afetada; fala de assuntos de sua época de uma forma que eles despertam a atenção do leitor mais de um século depois. A psicologia sob a sua pena não é uma matéria espinhosa, mas verdadeiramente uma ciência humana.
Aninha 16/04/2016minha estante
Machado de Assis é mestre. Tb adoro esse autor!


Wilton 16/04/2016minha estante
Como diria o sambista: Quem não gosta de Machado de Assis, bom leitor não é!!!


Aninha 16/04/2016minha estante
Concordo! ^^


Jailson 29/07/2017minha estante
Machado de Assis é GÊNIO!




MatheusPetris 21/12/2022

Unidade na diversidade
Unidade na diversidade. Essa é uma boa definição para Papéis Avulsos. A definição não é minha, é de Jaison Luís Crestani. Essa é a seiva do terceiro livro de contos machadianos. A diversidade é enfatizada pela afirmação de Machado na advertência do livro, quando fala que este título parece negar uma unidade e, logo em seguida, afirma que “a verdade é essa, sem ser bem essa”. Isto é, essa diversidade, essa escolha de textos avulsos, compreende uma diversidade proposital. Ao meu ver, uma diversidade mais formal do que conteudística. Se Machado abre o livro frisando a importância do leitor na relação com o livro, o trecho a seguir de “A Chinela Turca”, serve como chave de leitura do livro enquanto unidade: “Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco”. O que, nas palavras de Crestani (2014, p. 326) evidencia “a exigência de uma participação decisiva do leitor no sentido de acionar o dispositivo irônico e a desenvoltura paródica que fundamentam o conjunto de textos reunidos no volume”.
MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Como o Skoob não está permitindo a resenha completa, vou adicionar ela aqui nos comentários:


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Unidade e diversidade se coadunam com textos publicados anteriormente em periódicos entre os anos de 1875 e 1882. Para Crestani (2014), esse paradoxo proposto por Machado é uma espécie de provocação, pois, além de ter anunciado essa ambivalência na abertura do livro, deixou a resolução ? ou, melhor dizendo, a resposta ? ao próprio leitor. Ademais, há uma outra relação entre esses textos, pois são de gêneros diversos e não o são: ?Entre o parecer e o não ser permanece uma vez mais a indefinição, que sugere uma dubiedade conscientemente construída? (CRESTANI, 2014, p. 314).

As diferenças formais entre os contos tal como a extensão, tipos de narrador, tipos de personagem, não deixa de estabelecer um fio condutor que rege o livro: a ironia, as críticas ao cientificismo e a arrogância de pretensas ideias mirabolantes. Uso a expressão ?fio condutor? no singular e destaco essas três características, pois elas fazem um ataque conjunto e frontal aos costumes da época? em uma trincheira que é a própria sociedade. Machado critica essas questões internamente. A ironia não está presente apenas em seu uso retórico dentro dos contos, mas no fato de que a maioria dos contos foram publicados na Gazeta, jornal declaradamente particípio dessas ?metodologias? escrachadas por Machado. É como a verve da crítica do conto ?O Espelho?, o narrador não questiona a filosofia de Jacobina em si, mas sua metodologia. Afinal, não existe filosofia sem dialética.


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Esse fio se estende ao longo de todo o livro. Eis a outra unidade. O sério e o cômico se entrecruzam nas provocativas narrativas irônicas. As personagens pretensiosas e de abundante retórica cientificista e filosófica, distribuem as suas teorias como uma verdade incontestável, enquanto o tom dos narradores e a coesão por trás dos contos que se entrechocam, evidenciam o tom sarcástico e jocoso de Machado, que apenas debocha das ideias profundamente vazias e arrogantes. Tudo isso se cristaliza no conto (ou novela, como queiram) que abre o livro: O Alienista, que, como sabemos, dispensa apresentações.

Impossível não lembrar de um trecho de uma carta de Graça Aranha para Machado de Assis:
?Ah! o culto do superlativo, meu caro. Como ele serve ao Brasil, à nossa decadência intelectual e moral, ao grupo dos aduladores e aos vazios de ideias! Creio que é necessário grafá-lo num tipo literário que fique eterno.? Machado o grafou: José Dias, personagem paradigmático de Dom Casmurro. Mas aqui, além do uso (ainda pouco usado) do superlativo, há, justamente, o desenho dessa decadência. O pedantismo que traduz a ignorância local, como nos diz Ana Cristina Pimenta da Costa Val, não reafirma essa ideia dos superlativos de José Dias? Que nas palavras de Graça Aranha representam o vazio das ideias?


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Pensemos um pouco mais detalhadamente por meio de um exemplo. Se, em teoria do Medalhão, o pai aconselha ao filho nos mais minuciosos detalhes de como se portar em sociedade ? e, acima de tudo, em como ser, ou melhor: como se mostrar para alcançar ?, esperando que essas conceituações formulaicas e prescritivas, alcem seu filho ao sucesso social; o conto não atesta, justamente, uma crise moral na sociedade? Portanto, existe uma (a)moralidade girando em torno dos contos de Papéis Avulsos? Suas personagens são individualistas, escusas de compaixão, de ?humanidades?? Estão em crise? D. Benedita é outro exemplo de alguém perdida em si própria. Ela age de acordo com suas frívolas e efêmeras vontades. Mas nada a preenche. A suposta família feliz é apenas um ornamento. Assim como as ideias para tantos outros.

Não delinearei respostas. São questionamentos em aberto. O fato é ? guardada as devidas proporções ? que esse livro é tão importante como Memórias Póstumas. Diferentemente de quase toda a patota da época, esse livro, assim como o seu próprio autor, não se contentam com as importações francesas perfumadas. O Brasil pode ? e quer ? mais do que isso. 1882. Um ano após Memórias Póstumas de Brás Cubas. É mais do que claro o refinamento e o domínio formal da literatura de Machado. Seja nos romances, seja nos contos. Não é o começo, mas uma profunda marca da trajetória do maior literato da nossa terra.




Pri 12/09/2020

Machado sendo Machado
Mais um livro do clube. Não vou mentir, o li obrigada, já havia lido O Alienista e não tinha gostado, reler apenas reforçou minha opinião, fui perseverante e terminei a leitura. Talvez essa minha resistência a genialidade de Machado de Assis seja fruto da obrigação literária do pré vestibular que me deixou traumatizada, então não deixe de ler, eu sou uma das poucas pessoas que não gosta.
manu 13/09/2020minha estante
Vc já tentou ler Dom Casmurro?

P.S o vestibular traumatiza de tantas maneiras que nem sei


Pri 13/09/2020minha estante
Li no ensino médio também, Manu. Não tentei relê-lo ainda. Acha uma leitura mais "leve"?


manu 13/09/2020minha estante
vish não skksksks
o mais leve é leve e rápido é o Alienista, mas Dom Casmurro a história é bem legal, porém tem muitos clássicos incríveis na nossa literatura que vc vai pode ter prazer de ler sem forçar




Rômulo Carvalho 12/05/2009

Fascinante
Livro do grande gênio, um pouco diferente dos outros , que relata a vida da sociedade da época muito bem. Tem-se também uma opinião a frente daquela de sua época no conto " A sereníssima República " , um livro escrito no Brasil Império, e que demonstra a atual democracia brasileira. Sem contar os outros contos como " o Alienista " , " Uma visita de Alcebíades "e " a Chinela Turca " , que são surpreendentes !!!
comentários(0)comente



Andressa 18/05/2010

Este é um livro que transcreve a realidade social através de contos.
Os que mais me chamaram atenção foram:

1º O Alienista: A meu ver este é um exemplo de nosso cotidiano, onde costumes são passados de geração a geração, exercidos por alguns e desafiado por outros. A crença no imaginário, folclore, permite que se criem justificativas próprias para acontecimentos que fogem a razão de determinadas pessoas. Isto, nesse conto, é considerado loucura por Simião Bacamarte, médico que após trancar quase toda uma cidade num manicômio, Casa Verde, solta-los como curados e ser elogiado arduamente pelo Padre, interna-se para servi de cobaia a seus próprios estudos pois era o único que reunia a “teoria e a prática”.

2º A Sereníssima República: Neste conto consigo enxergar claramente que todo governo é corrupto. Que sempre haverá algo que impeça que este ocorra com real fluidez. No conto o empecilho expressa-se através de um saco que serve de sorteio para os cargos públicos.
comentários(0)comente



Monnie 09/09/2011

Bonzinho.
comentários(0)comente



Valério 27/02/2012

Bons contos
Bons contos. Uns melhores que os outros. Por uns, nota 5. Mas alguns puxam a nota para baixo. Na média, nota 4. Gosto mais dos contos de Gabriel Garcia Marquez, em "Doze contos peregrinos. Ou dos contos de Nelson Rodrigues, de "A vida como ela é". Ou ainda de Nelson Motta, na coletânea "Força Estranha". Vale a leitura, sem dúvida alguma.
O estilo de Machado de Assis é próprio e deve-se o mérito de ser um dos precursores da leitura de nível brasileira.
Mas estes não são, definitivamente, seus melhores trabalhos. Ainda que não sejam ruins.
comentários(0)comente



Gláucia 30/04/2011

Papéis Avulsos - Machado de Assis
Esse livro reúne alguns de meus contos machadianos preferidos, como por exemplo O Alienista, A Chinela Turca, O Empréstimo, O Espelho, entre outras.
Tenho a edição da Garnier, minha preferida, mas pretendo adquirir a recente da Penguin/Companhia das Letras, enriquecida por extras que ressaltam o valor da obra.
comentários(0)comente



Ana Beatriz 09/11/2014

Papéis Avulsos
Mais um livro de vestibular, vamos lá.

Em Papéis Avulsos, Machado de Assis reúne doze contos publicados originalmente na empresa carioca.

O livro possui momentos antológicos da curta ficção brasileira.

Para quem já leu Machado de Assis antes e gosta de seus livros, leia este.

site: ultragirlandstuffblr.tumblr.com
comentários(0)comente



Elvis Pinheiro 29/07/2017

Um livro fantástico
Todos os contos são temperados pelo realismo fantástico. São impressionantes, engraçados e bastante refexivos e filosóficos. De uma crítica sagaz à politica e de um ceticismo aplicado à própria ciência. Vale ler todos os seus contos.

A edição que li não é das melhores, possui erros e tem péssima diagramação. Foi o que achei num sebo, mas espero depois encontrar outra melhor publicação.
comentários(0)comente



midnightrainz_ 23/04/2024

Costumava dizer que os contos do machado deveriam ser passados mais nas escolas por serem mais fáceis de entender e dão um panorama base do que era o Machado escritor. bem, não vou dizer que esse livro em específico foi uma experiencia tranquila.

essa é a coletanea mais famosa do autor (segundo fontes: eu), e que se encontram os contos mais famosos como o grande "o alienista".

dois pontos que eu achei bem interessantes do livro é que: 1- alguns dos contos não seguem uma estrutura narrativa de conto (como "o alienista" que é dividido em pequenas crônicas, ou "uma visíta de alcibíades" que é em formato de carta, ou "teoria do medalhão" e "o anel de polícrates" que são em forma de diálogo); 2- a temática principal da obra, do machado escritor como um todo creio eu, que é a contradição entre ser e parecer, as máscaras sociais, a vida pública e a privada.

meus contos favs de um modo geral foram: o alienista, teoria do medalhão, a chinela turca (esse é bem diferentão, uma vibe meio policial), na arca (engraçadíssimo), o espelho e uma visita de alcibíades. de resto, vou precisar de releituras futuras para absolver melhor o conteúdo.
comentários(0)comente



Luciano Rosa 20/03/2018

Irônico e indispensável
É um livro que reúne contos imprescindíveis para compreender outras obras machadianas.
comentários(0)comente



Daniel 23/03/2018

Histórias não tão avulsas

O talento literário de Machado de Assis dispensa apresentações. Nesta coletânea Papéis Avulsos, ele mais uma vez se mostra um mestre do conto, sintetizando através de narrativas curtas e minuciosamente construídas, com personagens peculiares e fascinantes, os mais diversos aspectos da natureza humana.
No conto/novela O Alienista, um dos mais célebres da obra, Machado tece uma crítica mordaz e bem humorada ao cientificismo predominante no final do século XIX, baseado nas crenças do postivismo e numa suposta "superioridade da ciência" sobre os valores humanos. O texto ainda reflete sobre o aspecto tênue da loucura, levando à questão central: quem são os verdadeiros loucos, os outros ou nós mesmos? Seria a loucura uma construção social, uma mera questão de ponto de vista? É essa a premissa que enreda a história de Simão Bacamarte e sua tentativa de construir um hospício, a Casa Verde, na pequena vila de Itaguai, e as consequências inesperadas (e hilarias) que esse ato traz para o lugar.

Outros contos, como Teoria do Medalhão, O Segredo do Bonzo e Na Arca, retratam a ganância humana, a facilidade de se subir na vida sem qualquer mérito em uma sociedade de aparências e a capacidade que os charlatães e falsos oradores possuem de enganar as massas, manobrando - as ao seu bel - prazer. Em A Serenissima República, o processo eleitoral da "república das aranhas" serve de crítica à corrupção e aos desmandos dos poderosos. Em O Espelho, apresenta uma interessante teoria sobre a alma humana e em Verba Testamentaria, demonstra até que ponto pode ir a inveja e egoísmo dos seres humanos.

Machado mostra-se, tal como o protagonista de O Alienista, um verdadeiro cientista da alma humana, procurando desvendar artisticamente todos os meandros da sociedade que o cerca e que prevalece até os nossos dias.
comentários(0)comente



Leila de Carvalho e Gonçalves 22/07/2018

A Contradicao Entre Ser E Parecer
Lançado em 1882, esse é o terceiro livro de contos de Machado de Assis. Escrito na mesma época de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", ele já pertence a fase realista do autor e apresenta boas histórias que revelam um nítido aperfeiçoamento da linguagem.

Apesar de nomeadas "avulsas", essas narrativas apresentam um ponto em comum: "a contradição entre ser e parecer, entre a máscara e o desejo, entre a vida pública e os impulsos obscuros da vida interior, desembocando sempre na fatal capitulação do sujeito à aparência dominante".

Fazem parte da lista: "O Alienista", "Teoria do Medalhão", "A Chinela Turca", "Na Arca", "D. Benedita", "O Segredo do Bonzo", "O Anel de Policrates", "O Empréstimo", "A Sereníssima República" "O Espelho", "Uma visita de Alcebiades" e "Verba Testamentária".

Sem dúvida, o conto mais conhecido é "O Alienista", uma sátira a arrogância da medicina e que, paralelamente, também traça uma interessante análise do poder e de seus mecanismos psicológicos e sociais.

Porém, as demais narrativas também merecem atenção e tomo a liberdade de citar duas entre minhas preferidas: "O Empréstimo", uma anedota que retrata duas personagens com visões distintas a respeito do dinheiro, e "Uma Visita de Alcebiades", narrada em forma epistolar, revela como o famoso general grego "apareceu" na casa de um chefe de polícia...

Boa leitura!
comentários(0)comente



77 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR