O último voo do flamingo

O último voo do flamingo Mia Couto




Resenhas - O Último Voo do Flamingo


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Vini 22/08/2013

Inspirador
São poucos os livro que já li em que o autor realmente sabe usar as palavras, frases que me fazem pensar duas vezes, proporciona ao leitor uma nova visão. Sua história foi bem feita, os personagens tem muita personalidade. O livro tem sua magia.
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Nélio 17/12/2015

Não é o melhor que li dele, mas foi uma boa leitura. Esse foi, com certeza, o que melhor mostra a veia política do autor, mostrando um Moçambique oprimido por brancos - Europa, ONU, EUA etc. - ao mesmo tempo que ele revela a mística de um povo africano que tem muito para mostrar ao mundo.
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Túlio Demian 02/04/2012

Um Voo entre sonhos!
Eis um livro interessante que, como em quase todos os outros livros de Mia, expõe o conflito entre tradição e modernidade. Esse paradigma permeará toda a trama que se passa em Tizangara.
A postura e a incredulidade dos funcionários da ONU acabam por nos atrair para um desfecho cujos indícios será para a dissolução racional das mortes misterioras e seus respectivos esclarecimentos. Porém, o que vemos na cena final, onde o pai do protagonista retira o esqueleto para descansar e dialóga sem a estrutura de sustentação, em seguida a revelação que uma lenda defendida, principalmente por sua mãe, acaba por se manifestar no voo largo e distante do flamingo, é a inversão de que a racionalidade moderna tenta pregar.
Vale a pena cada página neste voo entre sonhos!
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Potterish 30/11/2012

O voo solo da África
Nos últimos anos, está cada vez mais fácil ter acesso a autores de continentes como a Ásia e a África. Essa troca de experiências faz com que os mundos europeu e americano tenham uma outra visão de sua cultura e história.

Mia Couto é um dos mais notáveis escritores africanos. O moçambicano alcançou reconhecimento mundial por seus romances que buscam uma identidade nacional, mas de uma maneira diferente da que estamos acostumados a entender. Como sempre, a literatura explica por linhas tortas. Confira a resenha de “O último voo do flamingo.”



“O último voo do flamingo”, de Mia Couto


Contar a história da África é sempre um grande desafio. Primeiro, porque as fontes principais sempre foram colonizadores que viam o continente com os olhos do explorador. Mas mesmo os historiadores contemporâneos, que buscam a história pré-colonial, costumam encontrar dificuldades pela falta de documentos escritos. A cultura africana sempre foi marcada pela oralidade. Dessa forma, é imprescindível que os próprios africanos traduzam para o papel o que vivem. O moçambicano Mia Couto é um dos escritores mais notáveis a fazer isso.


Porém, não espere em “O último voo do flamingo” um registro histórico fiel. Para começar, os acontecimentos do livro se sucedem em Tizangara, uma comunidade imaginária de Moçambique. O período é pouco depois da independência (1975) e um grupo de esquerda está no poder vigiado de perto pela ONU. Apesar das inúmeras mortes locais, a Organização só se preocupa quando seus militares começam a aparecer mortos, na verdade, explodidos, sem deixar pistas.

O italiano Massimo Risi é mandando para Tizangara para desvendar o mistério e ganha a companhia de um tradutor, sem nome, que é o narrador do livro. Nesse momento, o leitor espera o começo de uma narrativa de suspense e investigação, como já vimos e lemos diversas vezes. Mas é exatamente nessa parte que somos surpreendidos.

Quanto mais Risi tenta se infiltrar na cultura moçambicana para desvendar os mistérios, mais perdido ele fica diante de personagens misteriosos, das crenças em feitiços e coisas sobrenaturais, de bebidas alucinógenas, e de coisas sem explicação. O leitor pode até sentir uma certa frustração com a resolução do mistério, mas ela atende perfeitamente à proposta de Couto.

Seria muito fácil colocar Risi como narrador, por ele ser o branco que tenta entender a África e criar uma identificação com os leitores estrangeiros. Mas Couto escolheu de forma correta o tradutor, pois ele simboliza exatamente a dificuldade de refazer os significados não só entre idiomas, mas de uma cultura para outra.

“A sabedoria do branco mede-se pela pressa com que responde. Entre nós o mais sábio é aquele que mais demora para responder. Alguns são tão sábios que nunca respondem”, diz a prostituta Ana Deusqueira. Em outra passagem, o pai do tradutor afirma: “O problema deles é manter a ordem que lhes faz serem patrões. Essa ordem é uma doença em nossa história. Antigamente queríamos ser civilizados. Agora queremos ser modernos”.

“O último voo do flamingo” é um manifesto ficcional de identidade de Moçambique, mas que também pode ser entendido como africano em suas devidas proporções. O livro demonstra de forma eficaz como é difícil trazer a África tradicional para o entendimento europeu de história.

Resenhado por Sheila Vieira

225 páginas, Editora Companhia das Letras, 2006.
Publicado originalmente em 2000.


ACESSE: WWW.POTTERISH.COM/RESENHAS
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Universo dos Le 09/10/2013

Desde Terra Sonâmbula que Mia Couto vem contando histórias de uma Moçambique após sua independência. A maioria delas trata de um país absolutamente devastado pelas guerras civis das tribos e dos autoritários e violentos governos que, em meio a corrupção, se usam da fé e da crença da população para se tornarem espécies de novos deuses encarnados. No entanto, não se pode dizer que os livros de Mia Couto sejam trágicos ou tristes, pelo contrário, quem os lê percebe logo de cara a imensa poesia, mágica e esperança na narrativa de suas fábulas. Em O Último Voo do Flamingo (2005) não é diferente.

O livro conta a história de um italiano chamado Massimo Risi que chega na vila de Tizangara para investigar misteriosas explosões de soldados da ONU em operações de paz e, por não dominar a língua, acaba recebendo como companhia o Tradutor de Tinzangara, o narrador da história. Na vila, tanto o narrador quando Risi, ao investigar o caso, entram em contato com histórias de todos os moradores daquele local: a estranha e bela Temporina, com cara de menina e corpo de velha, a prostituta Ana Deusqueira, o vidente Zeca Andorinho, e o pai do narrador, o senhor Sulplício. Ah, e claro, há também o governador local, Estevão Jonas, um corrupto enriquecido que manda e desmanda em todos, sendo quase que um opressor entre os oprimidos, uma vez que segue ordens de seus superiores no exterior.

Algo que se pode destacar de O Último Voo do Flamingo é uma espécie de caráter de humor, ou pinceladas humorísticas na escrita, fato raro em Mia Couto, principalmente quando, ao explodirem, os soldados deixarem apenas uma parte como rastro: o pênis. Em uma cena hilária, Ana Deusqueira, a prostituta, é chamada na frente de todas as autoridades para dizer de quem era aquele pênis no meio da rua, uma vez que ela deveria conhecer, literalmente, todos os membros da vila. No entanto, o que parece ser essa leve história de humor, retorna para o tema de Couto: a exploração da pobreza e da crença dos Moçambicanos. Logo de cara, fica claro para todos, até para Risi que só há essa investigação, pois se tratam de estrangeiros que estão morrendo, fato que não ocorreria caso fossem os negros africanos a estarem explodindo. É como dizem, aqueles homens parece que nasceram por defeito.

Como todos os espaços descritos por Mia Couto, aquela vila também parece vertiginosa, mágica, com seres ainda semi-míticos, sempre sendo levados por espíritos, tradições, histórias e passados longínquos que lhes são contados. Temporina, por exemplo, havia sofrido uma maldição de envelhecer no rosto e ficar jovem de corpo, assim como os corpos dos explodidos que, teriam morrido por fornicar com as moradoras da vila e serem punidos pelos deuses por isso. Esses espaços são colocados como um lugar a se descobrir. Risi é logo perguntado: “Qual vila o senhor está visitando? (…) Aqui temos três vilas com seus respectivos nomes – Tizangara-terra, Tizangara-céu, Tizangara-água.”

Ou seja, a lógica é diferente da nossa composição de país ocidental, europeu, lógico, cartesiano: Mia Couto descreve mundos, por vezes muito pequenos, por vezes gigantes, mas que, sonâmbulos, nunca estão no mesmo lugar, nunca se fixam.

Todos esses temas são tratados pelo autor no discurso contido no fim de seu livro, texto que acho que arremata o que tento dizer:

O Último Voo do Flamingo fala de uma perversa fabricação de ausência – a falta de uma terra toda inteira, um imenso rapto de esperança praticado pela ganância dos poderosos. O avanço desses comedores de nações obriga-nos a nós, escritores, a um crescente empenho moral. Contra a indecência dos que enriquecem à custa de tudo e de todos, contra os que tem as mãos manchadas de sangue, contra a mentira, o crime e o medo, contra tudo isso se deve erguer a palavra dos escritores.

E é isso que o livro almeja, e faz, ao lado de diversas obras do próprio autor que descreve uma Moçambique mágica, criadora, potente, vital para o mundo, um lugar que vale a pena viver e lutar.

site: http://www.universodosleitores.com/2013/10/o-ultimo-voo-do-flamingo-de-mia-couto.html
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Wagner 12/12/2015

MORADAS

(...) É preciso consultar um demônio para se saber a morada de outro demônio (...)

In: COUTO, Mia. O ultimo voo do flamingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. página 125.
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Gildo 05/08/2015

Críticas e almas
Fosse uma carta de Pero Vaz de Caminha para descrever a África e teríamos incontáveis detalhes de sua exuberância, diversidade, cores, intensidades. Fosse uma passagem bíblica, talvez fosse descrito o Éden, com seus pecados, incertezas, inícios e fins. Mas é Mia Couto. Então, temos a alma africana.

O Último Voo do Flamingo é uma alegoria sobre os negócios da guerra e a guerra nos negócios, como ele mesmo diz. Num vilarejo de Moçambique, lotado de minas terrestres, soldados da ONU começam a explodir, misteriosamente. Sim, explodir. Sim, misteriosamente. Deles, nada sobra, nem sangue, nem restos mortais. De alguns, fica apenas o órgão genital. A intriga surreal é apenas um ponto de partida para a visita de um italiano ao vilarejo, enviado para investigar os crimes.

Acompanhado por um tradutor local, Massimo começa a conhecer as estranhas crenças do povo, recheadas de histórias sobre feitiços, homens que retiram o esqueleto, flamingos que voam para criar o por do sol, mulheres novas com corpos velhos.

Parece apenas um romance fantástico, mas é uma viagem analítica sobre o relacionamento entre homens e mulheres e também sobre as políticas de exploração e corrupção que correm soltas no continente africano. Mia Couto é soberbo na linguagem, na precisão, na descrição, nos neologismos. Um vocabulário surpreendente, ainda que em Português claro, evidencia que as tradições africanas devem ser contadas de outra maneira, com outra lógica. Interessantíssimo, por exemplo como um ancião do vilarejo descreve um gravador: uma máquina de fotografar a voz. Esse tipo de conceito revela muito falando pouco: a restrição de conhecimento, as referências que se tem e a crença de que aquilo não era necessariamente bom. Rico assim, é um livro que desnuda tudo, com pouca roupa na linguagem.
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Felipe 16/06/2015

Médio, mas vale a pena.
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Prênteci 31/07/2013

Mia Couto é o melhor autor moçambicano
Os livros de Mia Couto nos remetem a muitas refexões sobre ética, caráter, opressão dos poderosos, relações de poder, família, amor, perdão, redenção.

Muitos fragmentos de seus textos são dignos de se colocar em quadros... São frases daquelas "pra sempre".

Esse livro, em especial, mexeu muito comigo... Me cativou tanto que um dia quero encontrar Mia Couto na varanda de uma casa na Beira... Quem sabe comermos um bolo e tomarmos um café... E jogar conversa dentro.

Posso afirmar que Mia Couto é um daqueles autores que me inspiram... Um dia serei escritor... E sua influência será notada em meus escritos.
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