O último voo do flamingo

O último voo do flamingo Mia Couto




Resenhas - O Último Voo do Flamingo


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Paulo Sousa 22/03/2022

Leituras de 2022

O último voo do flamingo [2000]
Mia Couto (?? ,1955)
Companhia das Letras, 2016, 256p

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?No meio da noite, em plena tempestade, quando se perde noção da terra, é a presença e a voz dos flamingos que orienta os pescadores perdidos? (Posição Kindle 1426/57%).
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?Face à neblina, nessa espera, me perguntei se a viagem em que tinha embarcado meu pai não teria sido o último voo do flamingo. Ainda assim, me deixei quieto, sentado. Na espera de um outro tempo. Até que escutei a canção de minha mãe, essa que ela entoava para que os flamingos empurrassem o sol do outro lado do mundo? (Posição Kindle 2365/95%).
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Meu primeiro contato com a escrita do moçambicano Mia Couto foi em 2016, quando li ?Jesusalém? (no Brasil, o título ficou como sendo ?Antes de nascer o mundo?). Já deu, naquela experiência, para perceber que Mia Couto se utiliza de neologismos que, misturados aos dizeres locais num português mais europeu para contar suas histórias, tem muito de fábula.
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Em ?O último voo do flamingo? não é diferente: aquele eterno tom de fábula, mesmo que a história pareça pilheiresca ou mergulhe no suspense, você é atropelado pelo eterno tom de fábula, tanta que é difícil separar o que é sério do que é humor ou crítica.
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Logo no início do romance, um acontecimento aparentemente trágico prende logo o leitor: num país africano fictício, soldados da ONU explodem-se, assim, sem mais nem menos, fato que não só chama a atenção dos moradores locais como também de prepostos externos. Para entender o estranho fenômeno, é convocado um especialista da ONU, o italiano Massimo Risi, que tem a missão de estudar e documentar os eventos extraordinários, para no final remeter o relatório a seus superiores.
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Bueno.
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A partir daí, Couto vai desenvolvendo uma narrativa que mistura assuntos políticos (o chefe de Estado que tenta impedir a intromissão europeia em seus domínios), magia, cultura local, poesia e provérbios populares.
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Os personagens também seguem a mesma linha, o narrador e designado tradutor local, que acompanha Massimo em sua missão, entre curandeiros, mortos que ainda convivem com vivos e uma infinidade de feitiços que acometem mulheres e homens, deixando-os velhos, ?explodíveis ?? Vamos caminhando para o final para, ora bolas, entender o porquê das explosões. É quando, a meu ver, o livro vai perdendo vigor, estofo, fica demasiado lento e até, em algumas partes, repetitivo e macilento.
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Me recordo vivamente que Jesusalém me cansou na leitura. O último voo do flamingo, apesar de ser bem mais leve, até mesmo mais liricamente bonito, não chegou a me impressionar tanto quanto gostaria, afinal é um título que venho tentando ler desde bom par de anos. Não que o livro seja ruim, repito. Mas, diferente do realismo fantástico de Gabriel Garcia Márquez, aquela perfeita enxurrada de palavras, de adjetivos milimetricamente bem construídos que impressiona sempre, a escrita fabular de Mia Couto, até o momento, deixa a desejar.
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Gabi 06/03/2022

Fim do mundo
Esse livro me surpreendeu bastante. Ao longo da leitura, tive diferentes impressões sobre a escrita: às vezes era cômica, outras vezes poética e mística, e em diversos momentos bastante crítica política e socialmente.
Como em outros trabalhos de Mia Couto, o misticismo africano está no cerne da estória, uma crítica contundente ao colonialismo que se perpetua na sociedade mesmo quando um país é oficialmente soberano.
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Gabi 25/02/2022

Pura poesia
"O último vôo do flamingo" é a minha segunda leitura do autor e, assim como "O mapeador de ausências", me encantou.
Mia Couto é poesia em cada página que escreve. É uma delícia poder ter contato com a obra do autor, que nos passa uma mensagem super importante de um jeito lindo.
"Não vê os rios que nunca enchem o mar? A vida de cada um também é assim: está sempre toda por viver."
As personagens são muito especiais, e cada uma delas nos traz reflexões muito importantes, que às vezes, para ser interpretadas, requerem várias leituras e muita interpretação. Sulplício foi de longe o meu personagem favorito.
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Ogihara 12/07/2023

Alguém da um nobel pro mia couto
Incrível como sua escrita é linda e poética. Nesse romance temos o encontro das histórias da colonização de uma forma onírica, mas extremamente crítica
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Ivna 24/05/2014

O último voo do flamingo - um bom livro para se ler.
Numa mistura de real e imaginário, Mia Couto é brilhante ao unir a realidade desastrosa do pós guerra com uma certa medida de metáfora. Alguns críticos costumam classificar O último voo do Flamingo como "realismo mágico", e isso faz muito sentido.
Particularmente, eu não achei um livro muito fácil de entender, pelo uso dos dialetos locais e pelo conteúdo metafórico. Muito embora, a narrativa seja muito simples, corriqueira, e de certo modo até cômica.
Mesmo com toda descontração da obra, Mia Couto explana muito bem a realidade de Moçambique no contexto do pós-guerra. Um país desolado pela colonização europeia, e pela ganância e autoritarismo dos próprios conterrâneos.
A narrativa circunda em torno das misteriosas explosões dos soldados da ONU, que sem razão aparente deixam pra trás apenas o órgão genital. A história se segue com o depoimento dos moradores de Tinzangara, que enriquece ainda mais a narrativa.
É um livro para vida, visto a riqueza das reflexões de Mia Couto sobre o cenário da narrativa.

Recomendo! Vale muito a leitura!
Lucas 03/01/2020minha estante
Excelente resenha. Estou no início da leitura e nos primeiros 2 capítulos achei muito legal. Me veio a mente a comparação com O auto da compadecida.




gi leite 13/04/2021

O realismo fantástico
Mia Couto nesse livro traz metáforas e uma liricidade linda pra temas como a morte e o imperialismo presente nos países subdesenvolvidos. A história por vezes nos deixa confusos e embaralhados, mas com o decorrer do tempo as metáforas passam a fazer sentido e tomarem um significado lindo. Além de tudo, o mistério em relação ao desaparecimento dos homens é extremamente bem trabalhado e causa um suspense e aflição.
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Claudio 02/03/2017

Tanta coisa é dita nas entrelinhas
"Porque nos ensinaram essa merda de sermos humanos? Seria melhor sermos bichos, tudo instinto. Podermos violar, morder, matar. Sem culpa, sem juízo, sem perdão. A desgraça é esta: só uns poucos aprenderam a lição da humanidade"

O que dizer sobre esse livro?! O que dizer do Mia Couto?! A premissa é sensacional: em uma cidade fictícia de Moçambique, logo após o fim da guerra civil, soldados da ONU, responsáveis por manter a "paz", explodem inexplicavelmente. Um emissário italiano vai investigar e se depara com todas as peculiaridades do caso, da cultura moçambicana, do ressentimento de um povo colonizado e da corrupção dos governantes.

O narrador é o tradutor do emissário, um indivíduo imerso no ambiente local e que precisa traduzir (não as palavras) tudo isso para o italiano.

Tanta coisa é dita nas entrelinhas deste texto, o autor personaliza toda situação politico-social da africa em seus personages e, ao mesmo tempo, sabemos pouca coisa sobre os mistérios que estão a acontecer.

Não vou dizer que amei o livro, confesso que me perdi algumas vezes na "viagem" do autor, mas o jeito de escrever do Mia Couto é apaixonante (sério, leia uma página aleatória de algum livro dele, você vai entender), todos os aspectos apresentados da cultura moçambicana são muito curiosos e há passagens que são apaixonantes. Fora o final de um simbolismo poético dos mais lindos.
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Camila(Aetria) 16/08/2014

Último voo.
Esse foi o primeiro livro de Mia Couto que li, e depois de lido, não sei porque demorei tanto pra pegar um dele. Foi o que resolveu minha ressaca literária de Persuasão, embora esse não tenha me deixado com ressaca, mas sim uma vontade de ler todos os outros dele.

A escrita dele, o ritmo da leitura, tudo compõe um conjunto maravilhosamente escrito. É um livro que dá pra ler em 1 dia, como estava correndo que nem uma desesperada, levei 3 HAHA

"A administratriz de novo se interpôs, deixando invisível o esposo. Falava ajeitando o turbante e sacudindo as longas túnicas. Ermelinda clamava que eram vestes típicas da África. Mas nós éramos africanos, de carne e alma, e jamais havíamos visto tais indumentárias."

O último voo do flamingo, Mia Couto, pg 19

O que achei mais interessante foi quão delicadas e sutis as críticas foram posicionadas no livro, como uma realidade que deveria ser vista por todos, mas que por comodidade a gente releva e deixa passar. As situações políticas onde países ditos de primeiro mundo vão "trazer a paz" para os que estão em situação precária, como isso também se tornou um mercado viável. E a habilidade dele de trazer 500 opções de palavras para um significado, como ocorre quando trata dos órgãos dos soldados explodidos, senti um Guimarães Rosa naquele momento haha

"- Mas pai, esse italiano nos está ajudar.
- A ajudar?
- Ele e os outros. Nos ajudam a construir a paz.
- Nisso se engana. Não é a paz que lhe interessa. Eles se preocupam é com a ordem. O regime desse mundo.
- Ora, pai…
- O problema deles é manter a ordem que lhes faz serem patrões. Essa ordem é uma doença em nossa história."

O último voo do flamingo, Mia Couto, pg 188

É um livro que transpira cultura, transpira história e realidade de uma forma bem humorada e delicada, é quase uma poesia em prosa.

"- Com o devido respeito, Excelências: é se chamássemos Ana Deusqueira?!
- Mas, essa Ana, quem é? - Inquiriu o ministro.
Vozes se cruzaram: como se podia não conhecer a Deusqueira? Ora, ela era prostituta da vila, a mais competente conhecedora dos machos locais."

O último voo do flamingo, Mia Couto, pg 26

Ele consegue misturar as crenças, as lendas, com uma realidade da terra local, e mesmo essa mistura de folclore e "realidade" são feitas de forma tão natural, como deveria ser sempre que analisamos a cultura de qualquer lugar que seja, e não com olhos ocidentais e ditos civilizados.

"O confronto ficou-se por ali. Porque os estrangeiros rodearam a prostituta, fungando da intensidade dos seus aromas. A delegação se interessava: seria zelo, simples curiosidade? E pediram-lhe documentos comprovativos da sua rodagem: curriculum vitae, participação em projetos de desenvolvimento sustentável, trabalho em ligação com a comunidade."

O último voo do flamingo, Mia Couto, pg 29

site: http://www.castelodecartas.com.br/index.php/2014/08/16/ultimo-voo-flamingo-ogs-80/
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Raquel 26/04/2022

O ultimo voo do flamingo
Soldados da ONU, enviados para vigiar o processo de paz após anos de guerra civil em Moçambique e ajudar na remoção de minas terrestres, começam a explodir sem uma razão aparente, restando deles apenas o órgão genital. Para investigar o que está acontecendo, é enviado à região o italiano Massimo Risi, inspetor da ONU. Estevão Jonas, o administrador local, em uma demonstração do progresso do lugarejo, oferece ao estrangeiro um tradutor, apesar da fluência dele na língua local. O tradutor, que também é o narrador da história, vai ajudar o italiano a investigar o que aconteceu aos soldados e a entender como funciona essa terra estranha perdida em Moçambique, muito diferente da Europa. Massimo espera encontrar uma explicação racional para reportar à ONU, como as explosões das minas terrestres, mas, conforme ouve os depoimentos dos habitantes locais, novas explicações são trazidas, como o entendimento de que as explosões dos estrangeiros seria uma vingança da própria terra, já que os governantes locais não têm respeitado as tradições e os antepassados, bem como o entendimento de que as explosões seriam fruto de feitiços encomendados por homens locais devido inveja e ciúme dos estrangeiros. (“Eu posso falar e entender. Problema não é a língua. Eu não entendo é este mundo aqui”).

Conheço pouquíssimo da história de Moçambique (foi colônia portuguesa e após a independência em 1975 passou por guerra civil que durou anos), mas entendi que o autor queria falar de questões pertinentes a história e política do país, como o respeito às tradições locais, a interferência estrangeira em assuntos internos de uma nação, a corrupção política, a riqueza da cultura oral, dentre outros. Muitos personagens espelham esses temas em sua constituição: Estevão Jonas, o administrador local, encarna a corrupção e o e o desrespeito pelas tradições locais; Sulplício, o pai do tradutor, simboliza a ancestralidade e o saber da experiência muitas vezes renegado em prol da novidade e da modernização. O livro é uma crítica ao colonialismo e às mazelas sociais e conflitos sócio-políticos em que o pais padece em uma era de globalização econômica, como a falta de recursos e o esquecimento da tradição e memória local.
Achei interessante o uso de muitas palavras que eu acho que não existem (procurei algumas no dicionário), mas que são como formas populares de outras palavras, o que dá um tom de língua regional aos diálogos dos habitantes de Tizangara. No geral gostei, mas num primeiro momento me pareceu sem pé nem cabeça, tive que refletir e pesquisar um pouco pra chegar a muitas das observações que destaquei nessa resenha.


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Helena Frenzel 12/01/2014

O Sol em cada um
O último voo do flamingo, de Mia Couto, é um dos livros mais lindos que já li, uma crítica sutil e poética à política suicida do nosso tempo, um chamado à denúncia, à qual os escritores comprometidos com seu povo e com o seu tempo não podem se omitir, bem como um sopro de esperança pelo que há-de vir com os novos sóis que estão nascendo em cada um de nós. Um livro que todos deveriam ler. Nota mil!!

site: http://bluemaedelle.blogspot.de/2014/01/o-ultimo-voo-do-flamingo.html
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CooltureNews 11/11/2013

Coolture News
Conheci este livro ainda no ensino médio, mas infelizmente não pude ler mais do que o primeiro capítulo e ainda assim, me apaixonei. Este livro é mais do que uma história, é um relato da vida de um povo que primeiro sofreu com a colonização, depois com a guerra civil e então passou a sofrer nas mãos de seu próprio sangue.

A história começa mostrando um retrato ficticio de como está Moçambique 25 anos depois de sua independência, com uma população esperando que a paz se fortaleça sob a vigilia da ONU que está ali para observar este processo. Porém, subitamente os soldados da ONU começam a explodir sem qualquer explicação. É ai que entra em cena o narrador de nossa história, o tradutor do serviço de administração de Tizangara e o enviado para investigar o acontecido, Massimo Risi.

A partir dai segue um relato fantástico e revelador sobre o que aconteceu a estes soldados, misturando critica social, lendas moçambicanas e um tanto da imaginação do autor, que cria uma aura de mistério em torno de todos os personagens. A narrativa de Mia Couto é clara, mas pode haver uma dificuldade em relação a linguagem, já que a editora decidiu preservar a linguagem original do romance e demora-se um pouco para se acostumar.

O último vôo do flamingo faz parte de uma categoria de livros que conheci com García Márquez, o realismo fantástico, e Mia Couto sabe se utilizar bem dele para narrar não somente que estaria acontecendo em Tizangara, mas também a toda Moçambique, que após a guerra civil estava sofrendo com o julgo da indústria da paz, onde administradores corruptos utilizam-se so sofrimento do povo para receberem recursos estrangeiros e os desviarem para seu próprio uso.

Mas ele contém, também, elementos poéticos, intrigantes e bem humorados, dando voz a temática africana sob o ponto de vista de seus próprios “filhos”. Não é mais um olhar estrangeiro que nos conta, mas sim, um olhar moçambicano, de alguém que viveu e presenciou estes acontecimentos. Logo no inicio, o narrador nos conta que seu relato é fiel, mas que foi acusado de ser mentiroso. Porém, seu relato é a mostra de algo real, mas o real vindo da mistura entre o mistico, o trágico e hilariante, uma amostra da África contemporânea.

Este livro é recomendado para quem deseja conhecer um pouco mais sobre a literatura dos países africanos que falam português, pois eles também possuem grandes escritores, que buscam através da literatura divulgar sua história, cultura e sociedade.

site: www.coolturenews.com.br
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Cris @cristinadaitx 11/07/2019

Leitura intrigante
Em uma remota cidade de Moçambique, um representante da ONU chega para investigara morte de soldados. A únicapista que tem são as genitáliasdos soldados que ficam perdidas pela cidade. Porém, o que ele encontra é muito mais que um simples crime. Ele se vê envolvido nos mistérios e na crença de um povo que muito já sofreu, e que continua sendo enganado por aqueles que deveriam protegê-los. É com a ajuda de seu tradutor, que éum morador da região, que ele vai desvendar os mistérios dessa gente, e também ser um dos únicos sobreviventes da cidade. Esta última, será engolida pela ganância, e entre fantasia e realidade, descobrirá que essa remota cidade não está imune da corrupção, e dos pecados do materialismo.
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Zana 23/10/2014

Impressionante semelhança
Numa pequena vila imaginária chamada Tizangara, soldados das Nações Unidas, que estão em Moçambique para acompanhar o processo de paz depois de um longo tempo de guerra civil, simplesmente explodem, restando deles apenas vestígios dos seus órgãos genitais e boinas azuis. Cabe então, a um italiano representante da ONU desvendar os misteriosos acontecimentos.

Mia Couto conta essa história através de uma fábula, fazendo alusão a ausência dos flamingos no Sul de Moçambique que na tradição do lugar é símbolo de esperança. O escritor faz uma crítica acre aos disseminadores da guerra e da miséria, um empenho moral, que segundo ele, cabe a todos os escritores.

"O último voo do flamingo fala de uma perversa fabricação de ausência _ a falta de uma terra toda inteira, um imenso rapto de esperança praticado pela ganancia dos poderosos..."

A enigmática escrita em forma de fábula e sua admirável narrativa, recheada de lirismo, metáforas poéticas e humor apurado terminam colocando em segundo plano o argumento do livro, não obstante a importância e verdade do assunto ilustrado. O teor social assim meio que se perde nos meandros do realismo fantástico e das inúmeras metáforas poéticas.

Um aspecto interessante que saltou visivelmente aos olhos em O Último Voo do Flamingo é a impressionante semelhança da escrita poética de Mia Couto com a do escritor brasileiro Manoel de Barros, e guardado as devidas proporções, com alguns personagens de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, que poeticamente brincavam de descontruir e construir palavras.

"Cortaram esta coisa do homem ou vice-versa?"

"naquele tempo não havia antigamentes"

"Só quero ser contemplável"

"Agora eu já não sou sujeito de nada. Me irresposabilizo"

"Agora é que vem aí chuva de molhar vento"

"Duvidam? Sou puta legítima. Não uma desmeretiz, dessas"

A fábula em si não convenceu, mas pela poesia, da qual Mia Couto se faz mestre, vale a leitura!
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Robson68 23/03/2024

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Penso que, talvez, esse livro ainda esteja num patamar que, literariamente, ainda não cheguei. Não tenho problema algum com o realismo mágico, contanto que seja palpável de compreensão. Talvez o meu distanciamento da cultura moçambicana faça com que eu me distancie também da forma que Mia Couto trabalha esse realismo, casando diretamente com a cultura local. Segundo livro do clube que montei, confesso que foi um pouco decepcionante e, para além disso, por ser o primeiro livro de Mia Couto, já fico sem saber se irei sentir ânimo em ler outros dele. Porem, há pontos que entendo que devem ser exaltados: a grande defesa da nação, o expurgo que se faz aos ?brancos? que se dizem salvadores e o respeito a cultura local.
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*Zzuulleeiikkaa 25/12/2010

..."Falam muito de colonialismo. Mas isso foi coisa que eu duvido que houvesse. O que fizeram esses brancos foi ocuparem-nos. Não foi só a terra: ocuparam-nos a nós, acamparam no meio das nossas cabeças. Somos madeira que apanhou chuva. Agora não acendemos nem damos sombra. Temos que secar à luz de um sol que ainda não há. Esse sol só pode nascer dentro de nós."



O último voo do flamingo - Mia Couto
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