Lara 06/05/2020
Um livro e uma importante mensagem
Publicado em agosto de 2012 com 442 páginas, Cruzando o caminho do Sol, apesar de ser classificado como um Romance, eu (particularmente) não o consideraria como tal, se eu dividisse o livro em quatro, o romance propriamente dito começaria a ser destacado a partir dos 3/4.
Eu classificaria a leitura como intermediária graças a sua linguagem rebuscada e detalhada, e em dado momento exigindo de nós um grau de conhecimento da área jurídica e da cultura indiana, bem como uma concentração a qual o leitor iniciante tem uma certa dificuldade de obter, inclusive uma ótima opção para quem precisa enriquecer o vocabulário. Nada que não se espere de um livro escrito por um advogado.
O livro faz o paralelo entre a história de duas Irmãs que tiveram sua família e casa devastados por um tsunami na costa leste da Índia, Ahalya (17) e Sita (15) e Thomas Clark (um advogado) que estava passando por momentos conturbados pessoal e profissionalmente. No trabalho a sua moral e ética estavam sendo colocados a prova ao ter que defender litigiosamente um caso que iria totalmente contra os seus princípios e os de sua mulher (Priya) que acaba por abandoná-lo voltando a Mumbai, o que nos leva aos problemas pessoais que eram constantemente acentuados pela diferença cultural e pioraram (muito) principalmente depois que sua filha recém nascida (Mohini) morrera com apenas meses de vida marcando a vida do casal.
Ahalya e Sita vinham de uma família tradicional indiana, os Ghai, que lhes forneciam uma vida financeira tranquila e uma educação de primeiro mundo, até o momento em que tiveram abruptamente que amadurecer e lidar com a consequência de cada escolha feita não somente por elas, mas cada vez mais por adultos exploradores que as viam, não como seres humanos, mas mercadorias valiosas que despertariam por sua vez, muita ganância sexual e financeiramente.
ADVERTÊNCIA DE LEITURA PARA QUEM POSSUI SANGUE FRIO E CORAÇÃO DE FERRO, SE NÃO FOR O SEU CASO, COM CERTEZA ALGUMAS LÁGRIMAS VÃO ROLAR.
Após a parte introdutória do livro, a trama começa realmente a tomar forma quando Thomas presencia um sequestro de uma garota de 11 anos no Parque, e se viu impotente diante daquela fatídica situação, os acontecimentos subsequentes só guiavam-no para uma direção que coincidia, muito inclusive, com o que seu coração queria, a sua conciliação com a sua mulher e poder fazer algo que ajudasse crianças iguais a aquela que fora sequestrada e que tinha ele a certeza, seria submetida a todo tipo de humilhação, abuso e tortura. Ele embarca numa árdua tarefa em uma ONG em Mumbai (cidade natal de sua esposa), e a partir daí começa a conciliar o resgates de crianças e Beshyas* de prostíbulos e zonas onde eram abertamente comercializadas tanto para prostituição quanto para tráfico de drogas, e a reconquista de Pryia e de seu pai que sempre se manifestou contra a sua união. Foi neste contexto que conheceu Ahalya e começou a busca por Sita que havia sido vendida para o tráfico no mesmo dia da invasão do Bordel onde elas se encontravam.
O livro foi muito bem organizado em capítulos e "livros" e conciso nas horas certas. Muitas coisas aconteceram entre as quais citei, vilões com requinte de crueldade, muito sofrimento mas também muita fé, esperança, resiliência, persistência e amor. Valeu a pena cada minuto que passei lendo este livro, mas não sei se o releria, eu o descreveria como uma experiência única e enriquecedora devido a sua intensidade, objetividade e por ser claro e indelével.
Se também já leram deixem suas opiniões, ou se estão pensando em ler também kk.
(*) Nomes que as prostitutas recebem na Índia.