Ivi 10/09/2014
CRUZANDO O CAMINHO DO SOL (Corban Addison)
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 73º livro lido em 2013 e foi CRUZANDO O CAMINHO DO SOL (Corban Addison). Uma amiga minha que tem um gosto literário muito próximo do meu me falou do livro e eu me interessei. Confesso que demorei um pouco para ler pois sempre outra coisa aparecia antes, mas quando comecei, me envolvi completamente na história.
O livro nos traz a Índia como cenário e tem seu início em uma tradicional família indiana de classe alta. Sita e Ahalya são as filhas adolescentes de um casal bem sucedido que goza de confortos que a grande parte do seu país desconhece. Porém a vida deles é destruída por um tsunami que arrasa completamente com casas e pessoas e desta forma absurda, as duas irmãs se encontram sem lar, sem pais, sem nada. Em busca de ajuda, elas caminham para um lugar seguro e acabam reencontrando um conhecido que está de carona com um motorista e ele lhes oferece carona para que elas possam se abrigar na casa de uma parente distante, porém este conhecido desce do carro um pouco antes que as meninas e o motorista não as levam para o seu destino, mas as vende para um cafetão.
Paralelo à isso conhecemos Thomas, um advogado que está vivendo um caos emocional na sua vida: acabou de se separar da mulher que ama e sua vida profissional não é das melhores. Thomas vai então trabalhar na Índia com o objetivo de se reaproximar da ex-mulher, a Priya, e começa a trabalhar com questões que envolvem a prostituição infantil e o tráfico humano e assim, a história dele se entrelaça com a história de Sita e Ahalya.
O livro não tem um limite de cenas pesadas e difíceis de ser digeridas. Por várias vezes eu tentava me convencer que aquilo era ficção, mas ao mesmo tempo, como não vivo embaixo de uma pedra, eu sabia que histórias parecidas e até piores poderiam e estavam se repetindo em diversos lugares do mundo. Os personagens sofrem durante toda a narrativa e ainda que existam momentos onde eu poderia acreditar que uma luz de paz iluminaria a vida deles, outra coisa ruim acabava acontecendo na sequencia.
O livro é tenso, triste e sufocante, mas é muito bem escrito. O autor descreve a Índia de uma forma tão intensa que me fez ver as favelas do Brasil como uma Disneylandia. A pobreza, crueldade e diversas formas de violência estão presentes durante todo o desenvolvimento do enredo e neste ritmo, o desfecho é feito de uma forma madura e crível.
Eu adorei a leitura, ainda que eu tenha fugido dela em vários momentos. Ter a Índia como cenário é sempre algo que chama a atenção porque a cultura é completamente diferente da nossa e isso sempre agrega conhecimento, mas acima disso, ver o ser humano ocupar diversas tonalidades que transitam da honestidade à completa falta de humanidade foi o ponto alto de todo o livro. E outra coisa que me chamou a atenção e me incomodou, mas de uma forma positiva, é que as meninas ainda que sofrendo toda sorte de maldades, aceitavam as situações sob a perspectiva da fé, ou seja, aquilo tudo estava acontecendo porque um ser superior, ou vários seres superiores, assim permitiam. Digo que isso me incomodou de uma forma positiva porque em menor ou maior escala isso acontece todos os dias dentro de todas as religiões, ou seja, as pessoas, não todas, acabam aceitando seus infortúnios porque Deus quis que fosse assim, independente do Deus em questão.
Enfim, o livro é uma oportunidade singular de se refletir sobre o ser humano. Uma história forte e cruel, mas que para mim foi mais uma oportunidade para rever meus conceitos, confirmar determinadas opiniões e me fazer flexionar outras. Acredito que este é o objetivo maior de uma boa leitura: incomodar. Fazer você pensar, refletir, questionar.
Super recomendo o livro!!! Se tiverem a oportunidade de ler, se joguem completamente!
Sumeera percebeu o mal-estar das meninas e fixou em Ahalya um olhar resignado.
– Eu já fui como você – ela disse. – Eu também fui tirada de casa e trazida para cá por homens que eu não conhecia. A vida é dura, mas você tem que aceitar. Não adianta lutar contra seu carma. Aceite a provação que Deus impôs e talvez você renasça em um lugar melhor. Página 66