Claraboia

Claraboia José Saramago




Resenhas - Claraboia


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Alê | @alexandrejjr 12/10/2019

De tudo um pouco

Ingenuidade e beleza. Exercício de escrita. O Saramago inaugural. Essas são algumas das definições que eu utilizaria para descrever com facilidade este romance publicado postumamente. "Claraboia" não tem uma trama engenhosa nem personagens marcantes e não traz a pontuação característica saramaguiana. A história se passa em um modesto prédio de Lisboa, o que faz lembrar, em um primeiro momento, de "O cortiço", de Aluísio Azevedo. Mas as coincidências param exatamente aí. O livro do português é muito simples, mas alto lá: simplicidade quer dizer apenas isso, uma definição que se aplica quando queremos classificar algo que não apresenta dificuldades.

Escrito na década de 1950, este livro é uma ótima porta de entrada para conhecer o autor. Por questões de força maior, o primeiro livro do Saramago que peguei para ler foi "História do cerco de Lisboa", pois era uma das leituras obrigatórias exigidas pelo vestibular da universidade em que prestei meu primeiro concurso, aos 17 anos. À época, não passei da metade do livro. Eu achei o romance complicado e arrastado, mesmo que sua premissa soasse interessantíssima. Portanto, "Claraboia" foi de fato a primeira leitura em que encarei de verdade a obra de José Saramago. E reforço: é uma excelente maneira de começar a lê-lo. As ideias pelas quais ele ficaria conhecido estão todas aqui, engatinhando. O feroz questionamento a Deus aparece nos singelos diálogos entre o sapateiro Silvestre e o andarilho Abel, tema que ganharia fôlego anos depois especialmente nos livros "O Evangelho segundo Jesus Cristo", "As intermitências da morte" e "Caim". A eterna inquietação do autor em relação à Península Ibérica, seu passado e suas origens, também aparece durante a tensão vivida pela espanhola Carmen e seu marido português Emílio, tema ao qual retornaria em "A jangada de pedra". E, como não podia deixar de ser, o sensível olhar de Saramago aparece em suas personagens femininas, sempre presentes em suas histórias desde o início, principalmente nos diálogos entre Adriana e sua irmã Isaura, mas também no núcleo de Maria Claudia e Lídia.

A obra de Saramago trata das questões humanas antes de qualquer coisa e seu "Claraboia" é inegavelmente o romance de um escritor em aperfeiçoamento. No entanto, essa característica não diminui o valor desta história, muito pelo contrário, aumenta a curiosidade do leitor em saber onde ele poderia chegar - e anos depois a Academia Sueca ratificaria o posto que o mundo já sabia que ele iria ocupar pela eternidade.

Extremamente recomendável, "Claraboia" é uma ótima maneira de entender os assuntos que interessavam desde o princípio a privilegiada cabeça de José Saramago.
Felps / @felpssevero 13/10/2019minha estante
Um dos poucos Saramagos que não li ainda. Tenho ele e depois do seu comentário vou colocá-lo mais pra frente na lista de leituras!


Alê | @alexandrejjr 13/10/2019minha estante
? ótimo ler isso! Tenho certeza que tu irás gostar.


Soraya.Utsumi 14/05/2021minha estante
Gosto do Saramago, mas a História do cerco de Lisboa foi o livro que menos gostei, li há uns 3 anos e achei muito arrastado. Não conhecia Claraboia...


Cynthia 14/05/2021minha estante
Não conhecia este livro... vai entrar pra minha lista


Alê | @alexandrejjr 14/05/2021minha estante
Olha aí! Mesma sensação que tive, Soraya, mas pretendo revisitá-lo e ler com a bagagem que tenho hoje.

E Cynthia, vale a pena a conferir, é um belo romance.


Mi 14/05/2021minha estante
Estava procurando um Saramago pra ler este ano. Obrigada!


Alê | @alexandrejjr 15/05/2021minha estante
Vale a pena, Mi! Espero que goste. ?


Carolina.Gomes 16/05/2021minha estante
Já vai p lista.


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
É um bom livro dentro da já incontestável obra do Saramago, Carolina.


Bruna 29/06/2022minha estante
Fico chocada com tuas resenhas! Haha

Tô sem Instagram e não acompanho mais tuas leituras.. ?

Enfim, foi pra lista infinita!


Alê | @alexandrejjr 29/06/2022minha estante
Ah, que pena! Mas veja o lado bom: a gente se acompanha por aqui, Bruna! E obrigado por comentar. ?


Ana Luí­za 30/06/2022minha estante
Uau! Que resenha maravilhosa. Vai para a lista de desejados.


Camila.Szabo 30/06/2022minha estante
Como eu amo Saramago. Esse ainda não li. A História do Cerco de Lisboa muitas pessoas acham arrastado, estou deixando por último.


Alê | @alexandrejjr 30/06/2022minha estante
Agradeço a leitura e o elogio, Ana Luíza!

Camila, realmente, "História do cerco de Lisboa" é um livro mais arrastado. No entanto, é um trabalho muito maduro do Saramago. Talvez eu não estivesse preparado para a exigência dele na época.




Clio0 06/04/2020

Chamar esse livro de versão portuguesa de O Cortiço ou de Caminho Cruzados é uma injustiça com todas as obras supracitadas, mas não sei como melhor defini-lo.

Claraboia faz uma abordagem crítica da sociedade lusitana a partir da vida de um grupo de vizinhos em uma cidade qualquer. A história retrata mais os conflitos íntimos e intrapessoais do que os sociais (embora sejam abordados também).

Como um livro póstumo, o que mais impressiona aqui é o otimismo e até mesmo a ternura que se lê. É uma obra que poderia ser agressiva e pessimista, mas que no fim se revela gentil.
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Arsenio Meira 18/06/2015

"UMA JANELA MENOR?, NÃO IMPORTA."

Com um estilo sóbrio, decisivo, sem delongas e um tanto quanto intimista, Saramago retrata o cotidiano dos moradores de um pequeno prédio, com seis apartamentos; esses co-protagonistas pertencem ao rol de uma gente simples, aflita e aparentemente feliz, posto que são maciças as doses de frustração.

O sapateiro Silvestre, um homem da faina, humilde e extremamente ciente até mesmo de suas limitações, se vale de seu privilegiado posto de observação para especular sobre os impulsos ocultos das pessoas; com isso reflete sobre a condição humana, sem fatalismos, mas com uma nesga de sabedoria que só soe acontecer a quem sofreu demais, olhou demais, viveu e aprendeu, efetivamente, demais. Às vezes, o coágulo não estoura. Às vezes.

Os efeitos obtidos por essa experiência estético-literária têm um propósito admirável de encontrar a verdade (nua, triste, ora transitória, ora perene) e a beleza: ao passo que o jovem Saramago , em relação ao Saramago maduro, pouca luz lança à mensagem formal pictórica, compensando essa escassez com a mensagem crítica de que,com uma sociedade opressora só é possível dialogar por meio da contestação crítica, mesmo que tal embate tenha seu início, seu meio (terá um fim?) condicionado aos códigos inerentes a grande evento literário. Que é o que este romance é.
Levi 18/06/2015minha estante
Fui convencido. rsrs. Entrou na fila!


Arsenio Meira 18/06/2015minha estante
Espero que gostes! Vc, já habituado com o Saramago, pode até se surpreender. Abraços!


Renata 18/06/2015minha estante
Saramago é bom né? Parei no O homem duplicado, preciso ir adiante. Muito boa resenha :)


Renata CCS 18/06/2015minha estante
Coisa boa ler suas palavras sempre certeiras! Estava com saudades de suas resenhas.


Arsenio Meira 18/06/2015minha estante
Minhas duas amigas Renatas,
As palavras que vocês me escrevem, generosas e alentadoras, só se equivalem mesmo ao prazer de ler uma obra tão bonita.
Saramago, aos 22 anos, quando escreveu este Claraboia, é surpreendentemente diferente daquele que arrebatou o Nobel.
Um abraço carinhoso para ambas.


Bruno 03/08/2015minha estante
Depois desta resenha, não posso deixar passar batido um livro do Saramago.
Parabéns pela ótima resenha!


Arsenio Meira 04/08/2015minha estante
Opa Bruno,
Valeu, cara! Este eu indico; mas se puder, dê uma conferida em As Intermitências da Morte e Ensaio sobre a cegueira.
São monumentais. Ironia, lirismo, desespero e alegoria, além de fustigar a condição humana sem piedade.
Espero que gostes. Um abraço.


Carlos Patricio 18/09/2015minha estante
Perfeito!


Arsenio Meira 21/09/2015minha estante
Opa Carlão,
Que livraço, não é?! Saramago tinha vinte e poucos anos quando escreveu.
Gênio.




Karolline.Campos 26/12/2022

Imersão
Peguei o livro para ler após ter abandonado Casa Soturna do Charles Dickens. Nada de cativador nos personagens, nada de surpreendente na história. Talvez um efeito de ter lido tantos Dickens seguidos. Talvez as longas pausas entre os dias disponíveis para leitura.

Senti minha curiosidade ativa ao ler a descrição do Abel e suas dúvidas sobre a vida na sinopse atrás do livro. Automaticamente, sem ter lido uma linha, elegi o personagem como o meu favorito. Afinal, muito do que nos cativa está relacionado diretamente com uma parte de nós mesmos. Me identifico com os questionamentos de Abel, me identifico com a vida ou as vidas que o Saramago sabe narrar tão bem.

Ao longo da leitura ia me sentindo cada vez mais conectada com cada um dos personagens. Foi então que percebi que preferências também podem ser derivadas da profundidade de experiências compartilhadas.

Estar com os olhos sempre abertos para enxergar de verdade não apenas a estrutura, mas, sobretudo, o miolo, o elemento mágico que influencia e que cria tantas coisas.

Saramago assim como Dostoiévski têm esse poder de imergir o leitor. Não há escapatória, não há a possibilidade de abandonar o livro no meio... você simplesmente sente a necessidade de ler mais, de sentir mais, de compreender mais, de ver mais... O pensamento dando voltas e mais voltas em busca de solucionar o que não tem solução. A sua percepção da vida sendo transformada por palavras, personagens, por um enredo que te desafia por completo.

Simplesmente uma leitura sensacional.
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Toni 10/02/2012

A primeira mirada
Há muito que se escrever sobre esta obra de José Saramago, extraordinariamente anunciada pela Companhia das Letras como o romance perdido do vencedor do Nobel. Ora, perdidas podem se encontrar muitas coisas: as chaves de casa, o troco da padaria, a vontade de trabalhar em dias muito quentes. Pequeno ou grande, o que se perde, perdido está, e pouco se há de fazer. Salvas raras exceções de que se tem notícia na história da literatura, não são muitos os romances que se perderam, isto é, continuam perdidos pelo fogo, por naufrágio ou por loucura autoral, sem chances de serem reavidos, como sugere uma visita ao vernáculo. Em que pese a nobre tentativa de tornar as vendas do selo Saramago ainda mais volumosas, não será exagero talvez sugerir que a editora do Sr. Schwarcz, dessa vez, precisaria encontrar-se mais a prumo em suas campanhas publicitárias.

Claraboia não é, pois, um romance perdido. Mais duas ou três palavras e dá-se cabo ao assunto: em 1953 Saramago submeteu seu datiloscrito de 319 páginas a uma editora que manteve silêncio a respeito da obra. Mais de trinta anos depois, quando o autor já detinha prestígio nas letras portuguesas um telefonema anuncia a honra de editar o romance. A resposta, que tanto tinha de despeito quanto de dor, foi um peremptório, Que o devolvam. Ora pois! (A exclamação é por minha conta.)

É de se imaginar que esse romance preterido, uma das primeiras incursões do autor no gênero, estivesse aquém da qualidade esperada daquele que escreveu Memorial do Convento, O evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, entre tantas outras obras impressionantes. De que outra forma se justificaria o caprichoso impedimento de sua publicação em vida? Adianto que não é o caso. E foi preciso que a teimosa viúva do autor, Pilar del Rio, em cujo discernimento podemos confiar, o levasse ao prelo para que um novo livro do português chegasse às estantes como obra além da campa teimosia a que somos todos muito gratos.

Vencido o estranhamento com que o leitor de Saramago forçosamente se depara ao folhear as páginas desse romance e encontrar períodos curtos, travessões indicando discurso direto e outras marcas convencionais da prática narrativa, esse leitor estará diante de uma obra que encanta e impressiona, daquelas de que se diz não-ser-possível-parar-de-ler. Claraboia é uma mirada de cima. É a fresta na parede que dá passagem ao ar, é a parte envidraçada de um telhado que deixa entrar a claridade. Através desse óculo, é permitido ao leitor mirar e ver a vida de seis famílias da classe média-baixa portuguesa que ocupam todo um modesto e pequeno edifício em Lisboa na primavera de 1952.

O livro é, portanto, dividido em seis núcleos narrativos que se cruzam ao longo de 35 capítulos. Apesar de ter sido escrito sob a ditadura de António de Oliveira Salazar, ali não há qualquer alusão direta ao ditador afinal pouco provável seria que passasse pela censura. Lê-se nele, não obstante, um mundo em constante inquirição, onde já se vê o mote que será tão caro ao 'Ensaio sobre a Cegueira', como a importância de se conservar os olhos abertos e enxergar de uma certa maneira. Tomando emprestada a ideia de um laboratório do escritor, que o tradutor Paulo Bezerra elaborou no prefácio para O duplo de Dostoiévski, Claraboia revela muitos leitmotiven e formas que irão florescer com a maturidade literária de Saramago, como sua relação com a música clássica e com a poesia de Fernando Pessoa, as cenas de estupro e de lesbianismo, a presença de mulheres fortes, o apelo à enciclopédia do leitor, certa dose de pessimismo inoculada, o velho artesão filósofo e o jovem aprendiz, etc.

O barroquismo tão característico de sua linguagem ainda se apresenta em forma embrionária, sendo raros os momentos em que o discurso parece dar voltas sobre si mesmo para inquirir sobre sua referencialidade no mundo ou sobre seu lugar na memória da literatura. O lirismo contundente, no entanto, já lá está em passagens de bruta força poética e delicada ironia. O narrador/autor passeia como uma câmera de cinema especialmente no capítulo que abre o romance passando de um ponto de vista para outro à medida que as personagens se cruzam nas escadarias, terraços e umbrais do edifício. Como sugere o título do romance, a narrativa escrutina o dia-a-dia dos moradores do prédio, devassando-lhes a vida por dentro e por fora. No sentido contrário ao que se espera de uma claraboia, o resultado dessa leitura-mirada é sairmos nós, leitores, com mais vida nos pulmões, e maior lucidez no tato com o outro.
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Mayara945 08/07/2022

Uma outra face de Saramago
A origem desse livro publicado postumamente é muito interessante: Saramago enviou o escrito a uma editora antes de ser um escritor famoso, mas não recebeu resposta; depois da fama, a editora entrou em contato para publicar o livro, mas magoado pela recusa anterior Saramago deixou para seus herdeiros a decisão de publicá-lo ou não após sua morte.

Dessa forma, vemos uma escrita bem diferente da que estão habituados os leitores do autor: texto com parágrafos curtos, diálogos indicados com uso de travessão? rsrs

O enredo gira em torno de vários moradores de um mesmo prédio. Cada capítulo, apresenta uma cena dentro de um dos apartamentos.

Conhecemos o sapateiro Silvestre e sua esposa Mariana, que para lidar com a escassez diária, decidem alugar um dos quartos para conseguir uma renda extra. Assim, abrem as portas de sua casa para o desprendido Abel, alguém que decidiu viver uma vida sem criar laços, mas aos poucos vai sendo envolto pelos tentáculos da vida.

Em outro apartamento, conhecemos Anselmo e Rosália, e a filha deles Maria Cláudia. Uma família também pobre que vê na filha moça a oportunidade de ascensão social por meio de um emprego que pague melhor.

Também somos apresentados a Lídia, uma jovem que sofre os julgamentos velados da vizinhança por ser sustentada por seu amante, o velho Paulino Moraes.

Adriana e Isaura são duas irmãs solteironas que vivem com a mãe viúva, Cândida e a tia Amélia. As quatro mulheres vivem entre as costuras e o amor pela música. Isaura também nutre um amor solitário pela leitura.

Temos o caixeiro viajante Emílio, sua esposa espanhola Carmen e o pequeno filho Henriquino, de 6 anos. O casal vive um relacionamento conturbado, enevoado pelo de desejo de separarem mas sem a coragem de fazê-lo.

Por fim, Caetano e sua mulher Justina, envoltos pelo luto de uma filha pequena e o desprezo mútuo e o desejo de castigar um ao outro.

É uma leitura agradável, sem grandes reviravoltas, mas centrado no cotidiano dos morados desse velho edifício. Apesar disso, não é um texto pobre ou simplista. Do dia a dia comum, Saramago consegue tecer apontamentos filosóficos e profundos, que revelam os sentimentos humanos de forma tocante.
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Paty 30/06/2016

Quem olha por essa Claraboia enxerga os primeiros passos do Saramago que se eternizou: o Saramago dos recursos literários sofisticados, dos silêncios de pontuação, das metáforas elaboradas e das doses de ateísmo, de subversão e de humanidade. Uma Claraboia que ilumina o túnel da genialidade.
Igor Jota 14/07/2016minha estante
Perfeita resenha!




Marcia 28/09/2022

Minhas impressões sobre o livro
Esse livro foi uma surpresa para mim. Primeiro porque o desconhecia e ganhei de uma grande amiga. Depois quando comecei a lê-lo logo percebi que não tem o estilo saramaguiano. Isso se deve por ter sido o segundo livro dele, concluído quando tinha 30 e poucos anos. Mas esse livro foi publicado só depois de sua morte.
Bom amigos, comecei a leitura e logo fiquei interessada na história. O cenário é um prédio onde moram pessoas simples, de classe média baixa, que lutam para pagar as contas diariamente. Alguns tem empregos e outros não. Temos personagens trabalhadores,mãe de família, criança, safados, espertinhos, jovens e idosos. Personagens diferentes entre si e que apresentam diálogos dinâmicos,muito interessante. As histórias começam separadas e no decorrer da leitura vão se interligando. O personagem que mais gostei foi o sr Silvestre, o sapateiro. Ele tem ótimas conversas com Abel que é um rapaz que aluga um quarto dele. Muito reflexivo sr Silvestre, gostei dele. Ha outros personagens: personagens que nos incomodam, personagens que nos conquistam e outros nos emociona.
O livro também menciona outros livros como A religiosa de Diderot,poemas de Fernando Pessoa e músicas clássicas como Lucia de Donizetti, Honegger, Choppin e outros.
Livro tranquilo de ler que gostei muito.
Sinopse: "Ambientado em um prédio de apartamentos de classe média baixa, na Lisboa de 1952, Claraboia apresenta diversos dramas pessoais e familiares."
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regifreitas 12/02/2020

CLARABOIA (1953/2011), de José Saramago.

Publicado postumamente em 2011, CLARABOIA, cronologicamente, foi a segunda produção romanesca de José Saramago. Enviado a uma editora nos anos 1950, os originais ficaram esquecidos durante anos, sem que ao menos o autor tivesse um parecer sobre seu trabalho. Já um nome consagrado, Saramago recebe, dessa mesma editora, uma proposta de publicação, à qual recusa. Com o original restituído a suas mãos, deixa para seus herdeiros a iniciativa de publicar ou não a obra após sua morte.

Muito diferente do fraco TERRA DO PECADO – que é renegado até pelo próprio autor –, já vislumbramos uma clara evolução entre a primeira obra e esta. Vemos um autor mais amadurecido no domínio de sua técnica, na qual já se identificam traços incipientes do que será seu consagrado estilo, surgido nas obras publicadas a partir dos anos 1980. Ainda vemos a pontuação e paragrafação tradicionais, mas já se percebe o viés filosófico e crítico, as constantes interrogações sobre as contradições humanas. Destaque para os excelentes diálogos, principalmente aqueles entre o sapateiro Silvestre e seu inquilino, o jovem Abel.

É um trabalho que utiliza a técnica do contraponto: um narrador onisciente nos oferece uma narrativa que passeia pelo ponto de vista de diversos personagens. Estes se situam em seis núcleos, em seis modestos apartamentos de um prédio em uma rua de Lisboa. E algumas das temáticas tratadas no romance talvez indiquem o motivo da sua não publicação na época. Possivelmente fosse demais para a sociedade portuguesa dos anos 1950 ver retratados em uma obra temas como prostituição e independência feminina, lesbianismo e violência doméstica.

Não é o Saramago em sua melhor forma, mesmo assim, já é muito bom!
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monteirobiaaa 07/10/2023

Saramago ??
Que livro bom! me senti inquilina do prédio, movida por fofocas e por uma vida monótona. gostei muito de acompanhar todos, senti conforto lendo. apesar de alguns personagens difíceis de engolir. custei a terminar pq queria permanecer nesse mundo..
amei amei
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Luana 26/04/2020

"Claraboia é uma abertura, geralmente coberta por uma cúpula envidraçada, situada no teto das edificações, para permitir a entrada de luz ou a passagem de ventilação."

Leremos sobre a história dos moradores de um pequeno prédio da antiga Lisboa, entraremos em seus apartamentos e conheceremos seu íntimo.

Esse livro possuí o que eu mais gosto no Saramago, histórias que aparentemente não possuem grandes dramas, fantasias e acontecimentos, apenas pessoas vivendo seu cotidiano. O especial é justamente a sua forma de escrever. Quais são os conflitos vividos por pessoas comuns? Como cada um enxerga a vida? Qual é o propósito e a felicidade que percebem? O que buscam? Quais são os seus valores? Não há forma melhor de fazer com que o leitor se conecte emocionalmente com a leitura.

Claraboia apresenta alguns dos meus diálogos favoritos. Os capítulos entre Silvestre, um sapateiro, e seu inquilino Abel, um jovem que vive buscando não criar grandes vínculos sentimentais para conseguir alcançar seus objetivos na vida, são de uma profundidade capaz de gerar reflexões filosóficas, onde questionamos nossa própria maneira de ser.
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Quel 02/01/2022

Clarabóia
O primeiro livro póstumo de Saramago escritos em meados dos anos 50, quando o jovem autor mandou para uma editora e a mesma o deixou na gaveta. Nos anos 80, já consagrado, a editora entra em contato para que publiquem e Saramago recusa. Ainda bem que a família o publicou.

Este livro é diferente em sua escrita, mas já vemos aqui a maestria da escrita e sua colocação.
Um prédio, seis famílias, cotidiano, natureza humana onde é mostrada, casamentos de fachada, luto, tristezas e algumas verdades do ser humano.

Minha segunda leitura de Saramago, gostei.

Cotação: ?????
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Bernard Freire 29/07/2012

Sobre claraboia
Uma família de mulheres onde os segredos causam inúmeras curiosidades; um casal a beira do fim do relacionamento onde o filho e testemunha das dores de uma separação; dois homens com visão totalmente diferente da vida descrevendo como a conhecem de acordo com suas realidades. Claraboia narra várias histórias de diferentes personagens de um pequeno prédio em Lisboa. Levando o leitor a ser um observado dos amores, das dúvidas, das separações, da solidão e das dores que ali abitam. Tem um questionamento bem detalhista da vida.

[...] As Lágrimas, até aí reprimidas, caíram. Duas lágrimas apenas, duas lágrimas que tinham de cair porque haviam chegado aos olhos e já não podiam voltar atrás [...] pág. 225

Bernard Freire
Bernard Freire 09/09/2015minha estante
"Tudo o que não for construído sobre o amor gerará o ódio!". (pág. 377)
Não posso dizer muita coisa, apenas reler alguns capítulos que me levaram a pensar sobre a vida.




Toni 06/04/2020

Frestas da vida
Claraboia no sentido denotativo diz respeito a aberturas em tetos de casa, prédios ou paredes com o propósito de trazer maior luminosidade, de preferência, a determinados compartimentos de imóveis menos favorecido pela luz natural. Saramago usou essa palavra pra dar nome a sua obra, talvez pelo sentido conotativo que essa palavra pode emprestar a sua obra.
A luz ou a falta dela que permeia os diversos personagens serve como mote para a narrativa, trazendo à superfície as facetas inerentes ao humano , como a incessante batalha entre a virtude e o vício, revelada nestes diversos contrapontos, a autossuficiência frente ao ciúme, a traição comungando com a amizade, o orgulho sufocado pela humidade até chegarmos ao diálogo fervoroso entre os personagens Abel("O amor é o pregão dos fracos , o ódio é a arma dos fortes. ") e Silvestre ("... A vida sem amor, assim como a descreveu há pouco, não é vida, é um monturo, um cano de esgoto!") sobre o que nos move nessa vida, se o amor ativo e lúcido como defende este ou a utilidade do ódio constatado por aquele.
Enfim, em Claraboia Saramago dá vida a essas diversas histórias que se interligam pelas frestas das portas e janelas como se estivesse a espreitar o cotidiano de nossas almas .
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