Claraboia

Claraboia José Saramago




Resenhas - Claraboia


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Alê | @alexandrejjr 12/10/2019

De tudo um pouco

Ingenuidade e beleza. Exercício de escrita. O Saramago inaugural. Essas são algumas das definições que eu utilizaria para descrever com facilidade este romance publicado postumamente. "Claraboia" não tem uma trama engenhosa nem personagens marcantes e não traz a pontuação característica saramaguiana. A história se passa em um modesto prédio de Lisboa, o que faz lembrar, em um primeiro momento, de "O cortiço", de Aluísio Azevedo. Mas as coincidências param exatamente aí. O livro do português é muito simples, mas alto lá: simplicidade quer dizer apenas isso, uma definição que se aplica quando queremos classificar algo que não apresenta dificuldades.

Escrito na década de 1950, este livro é uma ótima porta de entrada para conhecer o autor. Por questões de força maior, o primeiro livro do Saramago que peguei para ler foi "História do cerco de Lisboa", pois era uma das leituras obrigatórias exigidas pelo vestibular da universidade em que prestei meu primeiro concurso, aos 17 anos. À época, não passei da metade do livro. Eu achei o romance complicado e arrastado, mesmo que sua premissa soasse interessantíssima. Portanto, "Claraboia" foi de fato a primeira leitura em que encarei de verdade a obra de José Saramago. E reforço: é uma excelente maneira de começar a lê-lo. As ideias pelas quais ele ficaria conhecido estão todas aqui, engatinhando. O feroz questionamento a Deus aparece nos singelos diálogos entre o sapateiro Silvestre e o andarilho Abel, tema que ganharia fôlego anos depois especialmente nos livros "O Evangelho segundo Jesus Cristo", "As intermitências da morte" e "Caim". A eterna inquietação do autor em relação à Península Ibérica, seu passado e suas origens, também aparece durante a tensão vivida pela espanhola Carmen e seu marido português Emílio, tema ao qual retornaria em "A jangada de pedra". E, como não podia deixar de ser, o sensível olhar de Saramago aparece em suas personagens femininas, sempre presentes em suas histórias desde o início, principalmente nos diálogos entre Adriana e sua irmã Isaura, mas também no núcleo de Maria Claudia e Lídia.

A obra de Saramago trata das questões humanas antes de qualquer coisa e seu "Claraboia" é inegavelmente o romance de um escritor em aperfeiçoamento. No entanto, essa característica não diminui o valor desta história, muito pelo contrário, aumenta a curiosidade do leitor em saber onde ele poderia chegar - e anos depois a Academia Sueca ratificaria o posto que o mundo já sabia que ele iria ocupar pela eternidade.

Extremamente recomendável, "Claraboia" é uma ótima maneira de entender os assuntos que interessavam desde o princípio a privilegiada cabeça de José Saramago.
Felps / @felpssevero 13/10/2019minha estante
Um dos poucos Saramagos que não li ainda. Tenho ele e depois do seu comentário vou colocá-lo mais pra frente na lista de leituras!


Alê | @alexandrejjr 13/10/2019minha estante
? ótimo ler isso! Tenho certeza que tu irás gostar.


Soraya.Utsumi 14/05/2021minha estante
Gosto do Saramago, mas a História do cerco de Lisboa foi o livro que menos gostei, li há uns 3 anos e achei muito arrastado. Não conhecia Claraboia...


Cynthia 14/05/2021minha estante
Não conhecia este livro... vai entrar pra minha lista


Alê | @alexandrejjr 14/05/2021minha estante
Olha aí! Mesma sensação que tive, Soraya, mas pretendo revisitá-lo e ler com a bagagem que tenho hoje.

E Cynthia, vale a pena a conferir, é um belo romance.


Mi 14/05/2021minha estante
Estava procurando um Saramago pra ler este ano. Obrigada!


Alê | @alexandrejjr 15/05/2021minha estante
Vale a pena, Mi! Espero que goste. ?


Carolina.Gomes 16/05/2021minha estante
Já vai p lista.


Alê | @alexandrejjr 17/05/2021minha estante
É um bom livro dentro da já incontestável obra do Saramago, Carolina.


Bruna 29/06/2022minha estante
Fico chocada com tuas resenhas! Haha

Tô sem Instagram e não acompanho mais tuas leituras.. ?

Enfim, foi pra lista infinita!


Alê | @alexandrejjr 29/06/2022minha estante
Ah, que pena! Mas veja o lado bom: a gente se acompanha por aqui, Bruna! E obrigado por comentar. ?


Ana Luí­za 30/06/2022minha estante
Uau! Que resenha maravilhosa. Vai para a lista de desejados.


Camila.Szabo 30/06/2022minha estante
Como eu amo Saramago. Esse ainda não li. A História do Cerco de Lisboa muitas pessoas acham arrastado, estou deixando por último.


Alê | @alexandrejjr 30/06/2022minha estante
Agradeço a leitura e o elogio, Ana Luíza!

Camila, realmente, "História do cerco de Lisboa" é um livro mais arrastado. No entanto, é um trabalho muito maduro do Saramago. Talvez eu não estivesse preparado para a exigência dele na época.




Arsenio Meira 18/06/2015

"UMA JANELA MENOR?, NÃO IMPORTA."

Com um estilo sóbrio, decisivo, sem delongas e um tanto quanto intimista, Saramago retrata o cotidiano dos moradores de um pequeno prédio, com seis apartamentos; esses co-protagonistas pertencem ao rol de uma gente simples, aflita e aparentemente feliz, posto que são maciças as doses de frustração.

O sapateiro Silvestre, um homem da faina, humilde e extremamente ciente até mesmo de suas limitações, se vale de seu privilegiado posto de observação para especular sobre os impulsos ocultos das pessoas; com isso reflete sobre a condição humana, sem fatalismos, mas com uma nesga de sabedoria que só soe acontecer a quem sofreu demais, olhou demais, viveu e aprendeu, efetivamente, demais. Às vezes, o coágulo não estoura. Às vezes.

Os efeitos obtidos por essa experiência estético-literária têm um propósito admirável de encontrar a verdade (nua, triste, ora transitória, ora perene) e a beleza: ao passo que o jovem Saramago , em relação ao Saramago maduro, pouca luz lança à mensagem formal pictórica, compensando essa escassez com a mensagem crítica de que,com uma sociedade opressora só é possível dialogar por meio da contestação crítica, mesmo que tal embate tenha seu início, seu meio (terá um fim?) condicionado aos códigos inerentes a grande evento literário. Que é o que este romance é.
Levi 18/06/2015minha estante
Fui convencido. rsrs. Entrou na fila!


Arsenio Meira 18/06/2015minha estante
Espero que gostes! Vc, já habituado com o Saramago, pode até se surpreender. Abraços!


Renata 18/06/2015minha estante
Saramago é bom né? Parei no O homem duplicado, preciso ir adiante. Muito boa resenha :)


Renata CCS 18/06/2015minha estante
Coisa boa ler suas palavras sempre certeiras! Estava com saudades de suas resenhas.


Arsenio Meira 18/06/2015minha estante
Minhas duas amigas Renatas,
As palavras que vocês me escrevem, generosas e alentadoras, só se equivalem mesmo ao prazer de ler uma obra tão bonita.
Saramago, aos 22 anos, quando escreveu este Claraboia, é surpreendentemente diferente daquele que arrebatou o Nobel.
Um abraço carinhoso para ambas.


Bruno 03/08/2015minha estante
Depois desta resenha, não posso deixar passar batido um livro do Saramago.
Parabéns pela ótima resenha!


Arsenio Meira 04/08/2015minha estante
Opa Bruno,
Valeu, cara! Este eu indico; mas se puder, dê uma conferida em As Intermitências da Morte e Ensaio sobre a cegueira.
São monumentais. Ironia, lirismo, desespero e alegoria, além de fustigar a condição humana sem piedade.
Espero que gostes. Um abraço.


Carlos Patricio 18/09/2015minha estante
Perfeito!


Arsenio Meira 21/09/2015minha estante
Opa Carlão,
Que livraço, não é?! Saramago tinha vinte e poucos anos quando escreveu.
Gênio.




Jéssica 28/01/2012

Um outro Saramago, muito menos político, muito menos militante. Uma leitura suave, diferente daquele abismo que são seus outros livros. Um livro tão simples, que fala da busca de Liberdade, são tantas e tão diferentes e tão iguais, as prisões.
Gabriel 30/01/2012minha estante
Concordo. Mas em algumas passagens do livro já é possível perceber como o autor está a formar sua opinião. Cito aqui quando ele condena as automutilações, numa crítica, pela minha interpretação, ao sofrimento auto-infringido de alguns membros da Igreja Católica, sabida inimiga de Saramago.
O sapateiro Silvestre é possível de ser comparado com o próprio autor, pois ambos tem uma profissão simples, e pensamentos fortes. E ambos são ateus convictos.
Uma ótima e, com dito por Jel, leve leitura.


Jéssica 03/02/2012minha estante
Uma boa comparação, Gabriel. Mas a verdade é que Saramago, diferente do Silvestre, teve uma velhice bastante ativa e engajada, até os últimos minutos, ele falou e 'lutou' pelo que acreditava. Mudando o foco, é engraçado como não é possível perceber nenhum traço do seu futuro estilo gramatical, não é? Parece mesmo um outro escritor.




Karla Lima 10/04/2017

Fissura
Fissura
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Em construção civil, claraboia é uma abertura no teto pela qual entram luz, ventilação ou ambos. Neste romance passado em um edifício, é a fresta por onde espiamos a vida íntima dos moradores. Na história escrita em 1953 e inédita até o ano seguinte à morte do autor, é o orifício que nos permite enxergar dentro dos personagens. Sim, dentro, pois este é um romance em que, por mais que os personagens falem, ajam, mudem e se mudem, a ação dá-se principalmente em seus sonhos, pensamentos e sentimentos. É essa matéria-prima (melhor seria dizer imatéria-prima) que engolfa o leitor em cenas familiares, nas quais facilmente se reconhecem episódios vividos ou testemunhados, e surpreendentes, nos quais provavelmente poucos de nós alguma vez pensaram.
O primeiro livro do autor, “Terra do pecado”, foi escrito e publicado em 1947. Seis anos depois, o original de “Claraboia” foi recusado pelo editor. Só em 1977 Saramago voltaria a escrever romances, e que romance é este. Parece que, enquanto escrevia poemas e crônicas, acumulou ideias e forças para criar este livro notável. Não endosso a negativa do editor, mas compreendo que, em plena ditadura salazarista (1932-1968), fosse arriscado publicar uma obra em que cada capítulo transpira uma tensão sexual impossível.
A linguagem toda particular de Saramago já aqui se faz presente (já é inconfundível em “Terra do pecado”, aliás), bem como a ironia, o senso agudo de observação, a crítica à opressão do homem pelo homem e à anulação que cada um impõe a si mesmo em nome de uma sobrevivência social que só muito raramente se equipara aos sacrifícios feitos no esforço de sua obtenção.
Landcaster 18/06/2018minha estante
Resenha muito bem escrita! Parabéns!


Karla Lima 27/06/2018minha estante
ora essa, muito obrigada! :)




Volnei 13/12/2016

Claraboia
A história contada neste volume inicia-se com a narrativa de um dia qualquer em uma comunidade em um edifício. Cada um com suas características particulares. Um sapateiros, uma costureira, um caixeiro entre outros. Cada família tem suas particularidades que são exploradas pelo autor no decorrer da história que até o presente momento não justificou seu titulo. As particularidades são bem marcantes em cada família. De acordo com o que o autor descreve a comunidade vive em uma estrutura similar um edifício. A história em si gira em torno de tudo que acontece dentro de cada lar com sua particularidades.Finalizada a leitura desta obra chego a conclusão que se titulo se dá por conta de um de seus personagens mais humilde entre os demais que é o sapateiro que é alem de um trabalhador autônomo, um verdadeiro filosofo. Ele dá uma lição de vida ao rapaz que por um curto período foi seu inquilino. Uma obra que vale a pena ser lida como muitas outras de Saramago.

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/
Fernanda Sleiman 06/01/2018minha estante
Olá Vonei! Acabei de finalizar o livro, estava lendo as resenhas e acabei parando aqui! Não tinha pensado sobre o título sob sua ótica! Eu via a Clarabóia na perspectiva de um observador (narrador) onde dali se enxergava a vida dos moradores do edifício. Mas também gostei da sua visão! Mas Saramago é isso se prender em uma interpretação é diminuir a grandeza de suas obras!


Fernanda Sleiman 06/01/2018minha estante
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Julia 01/07/2021

Saramago é perfeito, sem muito a dizer sobre esse, apesar de não ser magnífico no nível de ensaio sobre a cegueira, é um livro extremamente reflexivo e que mostra a natureza da sociedade e na minha opinião esse livro pode ser interpretado de diferentes formas por todo mundo
Alê | @alexandrejjr 30/08/2021minha estante
Exatamente, Julia!




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Alê | @alexandrejjr 23/09/2022minha estante
Gláucia, realmente é uma ótima associação o filme "Janela indiscreta". O romance não te fez lembrar de "O cortiço" também?




Bernard Freire 29/07/2012

Sobre claraboia
Uma família de mulheres onde os segredos causam inúmeras curiosidades; um casal a beira do fim do relacionamento onde o filho e testemunha das dores de uma separação; dois homens com visão totalmente diferente da vida descrevendo como a conhecem de acordo com suas realidades. Claraboia narra várias histórias de diferentes personagens de um pequeno prédio em Lisboa. Levando o leitor a ser um observado dos amores, das dúvidas, das separações, da solidão e das dores que ali abitam. Tem um questionamento bem detalhista da vida.

[...] As Lágrimas, até aí reprimidas, caíram. Duas lágrimas apenas, duas lágrimas que tinham de cair porque haviam chegado aos olhos e já não podiam voltar atrás [...] pág. 225

Bernard Freire
Bernard Freire 09/09/2015minha estante
"Tudo o que não for construído sobre o amor gerará o ódio!". (pág. 377)
Não posso dizer muita coisa, apenas reler alguns capítulos que me levaram a pensar sobre a vida.




Paty 30/06/2016

Quem olha por essa Claraboia enxerga os primeiros passos do Saramago que se eternizou: o Saramago dos recursos literários sofisticados, dos silêncios de pontuação, das metáforas elaboradas e das doses de ateísmo, de subversão e de humanidade. Uma Claraboia que ilumina o túnel da genialidade.
Igor Jota 14/07/2016minha estante
Perfeita resenha!




Eric Vinicius 12/05/2024

Uma claraboia no universo de Saramago
Se fosse qualquer outro autor, seria um livro muito bom. Domínio do espaço narrativo, formidável construção psicológica das personagens, escrita concomitante em diversos núcleos. Nesse último aspecto, o romance me fez lembrar bastante de "O Cortiço" (Aluísio Azevedo) e, em alguma medida, até mesmo de "Anna Kariênina" (Liev Tolstói) - dois dos meus livros favoritos.
Mas não estamos falando de qualquer autor. E é justamente pela forma como a obra se apresenta que (ignorando, a princípio, a época em que foi escrita) "Claraboia" me surpreendeu, ao tomá-la como um romance de Saramago.
Para quem está acostumado ao estilo insólito do português, causa estranheza a observância fiel à cartilha dos textos ordinários, com o uso regular de sinais de pontuação, a identificação nominal de praticamente todas as personagens e a evolução linear da narrativa. Tudo bem encaixadinho, como num edifício de apartamentos - local, por sinal, onde a história se desenvolve.
É, porém, um dos primeiros romances do autor. E, nesse sentido, não dá para se fazer uma leitura descontextualizada e anacrônica (apesar da atemporalidade que, como esta, marca as grandes obras). Vejo, no romance, um Saramago incipiente, dando os primeiros passos na criação de sua (hoje, velha conhecida) identidade, tentando ouvir sua voz interior. Ainda assim, já é um escritor maduro, que se utiliza virtuosamente. Um pouco experimentado em alguns de seus temas, percebi sinais (embora ainda tímidos, é verdade) de sua conhecida análise cética e pessimista da realidade, como no desfecho do embate entre os amigos Silvestre e Abel (quem tem a palavra final quase sempre sai vencendo).
Esse prisma foi o que mais me interessou no livro. Eu o recomendaria a quem deseja conhecer um pouco do início da produção do autor, ou que não tenha se adaptado ao seu estilo, mas ainda assim deseja degustar pílulas de sua visão sobre o mundo. Algumas construções de efeito, regaladas no texto (ainda estamos falando de um Saramago, afinal), devem colaborar na satisfação desse interesse.
Mas, para quem esperava um pouco mais, como os abundantes fluxos de consciência, em um matiz sarcástico que tanta polêmica já causou, ao enfrentar tabus em suas inovadoras produções subsequentes, o romance deixa razoavelmente a desejar.
"Há palavras que se retraem, que se recusam - porque significam de mais para os nossos ouvidos cansados de palavras". Entendo, nem sempre o deslumbramento é possível, com as palavras. Mas é que eu me acostumei mal com você, meu caro!
Longe de ser ruim, "Claraboia" é "apenas" um livro muito bom. Uma "claraboia", no universo escuro de Saramago.
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Sabrina Coutinho 01/02/2012

www.sassaricadas.wordpress.com
Claraboia foi escrito em 1953 por Saramago sob o pseudonimo “Honorato”, mas permaneceu inédito até esse ano. O livro foi mandado para uma editora mas acabou esquecido, anos depois a editora entrou em contato com o autor e ele resolveu não publica-lo. Para os admiradores do autor esse lançamento aparece como um presente. As histórias de cada família são narradas em ritmo bastante lento, com riqueza de detalhes sobre as características psicológicas de cada personagem e da influência de suas personalidades na casa em que vivem. Algumas palavras desconhecidas são inevitáveis, mas não afetam o fluxo do enredo. Fica cada vez mais interessante aprofundar-se nas histórias dentro de cada porta, janela, entre quatro paredes. Com alguma imaginação podemos montar o cenário, ouvimos o barulho de passos nas escadas, compartilhamos do interesse de cada morador pela vida alheia, passeamos dentro do humilde prédio.

As reflexões a respeito da existencia ficam por conta de Abel em suas conversas com o sapateiro Silvestre, de quem aluga um quarto. “Tem até um personagem que, de alguma maneira, é o Saramago debatendo-se com os seus próprios problemas e, nomeadamente, com um problema que ele nunca resolveu, que é o do optimismo e do pessimismo: se a humanidade é recuperável ou não e que atitude deve cada um de nós tomar, sentirmo-nos responsáveis por aquilo que se passa à nossa volta e intervir, ou acharmos que não temos nada a ver com isso e afastarmo-nos de qualquer intervenção na sociedade.” disse Zeferino Coelho, amigo e editor de Saramago, sobre Abel.

Critica-se a acomodação de duas famílias em seus casamentos infelizes e o apego ao passado. Justina mantêm intactas as roupas da filha Matilde, que morreu nova vítima de uma doença. Carmen vê suas fotos e lembra dos bons tempos na Espanha.

Isaura é tão absorvida por suas leituras que fica transtornada após ler A Religiosa, de Diderot , livro do qual apresenta-se trechos, para o completo entendimento dos motivos do transtorno da menina. São muitas as referências a obras clássicas da literatura, o que me deu mais vontade de ler algumas delas como Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski.

Dois trechos que gostei muito e podem dar uma ideia da linguagem usada no livro:

“Tenho a sensação de que a vida está por detrás de uma cortina, a rir às gargalhadas dos nossos esforços para conhece-la. Eu quero conhece-la.”

“Ter não é possuir. Pode ter-se até aquilo que se não deseja. A posse é ter e o desfrutar o que se tem. Tinha uma casa, uma mulher e um filho, mas nada era, efetivamente, seu. De seu, só tinha a si mesmo, e não completamente.”
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Estevão 01/02/2012

Suave e descontraído.
Extremamente diferente do Saramago que li durante bastante tempo. Bem menos crítico e meticuloso, cheguei a pensar que poderia ter sido escrito por outras mãos, após sua morte. Porém, lá pelo meio do livro já se percebe indícios das características que tornariam o escritor um dos mais conhecidos e criticados da literatura contemporânea. Bem mais suave, uma dica pra quem quer começar a conhecer o autor e suas ideias.
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Revista Macondo 22/02/2012

[Indicações] Claraboia - José Saramago
(Postada, originalmente, em http://revistamacondo.wordpress.com/2012/01/11/indicacoes-claraboia-jose-saramago/)

No último semestre de 2011, os leitores de Saramago foram surpreendidos pela notícia de que seu primeiro romance, mantido inédito por desejo do próprio autor, seria publicado. Em meio à expectativa, tão logo promovido o lançamento da obra, deu-se início o turbilhão de críticas que, não reconhecendo em Claraboia o estilo consolidado dos trabalhos que conferiram notoriedade a Saramago, preferiram renegá-lo.

(...) Continue lendo no blog da revista!
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Tiago 20/04/2012

Claraboia
Saramago surpreende com esta novela. O ano é 1952. Empoeirado e perdido pelas gavetas cheias de histórias Saramago presenteia seus fãs com um trabalho, diga-se de passagem, exemplar. Crônicas do dia-a-dia, cotidiano e humanidade. É isso que se pode esperar desda obra. Personagens em letras de carne e osso, Histórias singulares, mas comum a toda a gente. Fantástico.
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Pereira 26/04/2012

Interconexão
Vidas teoricamente independentes misturadas no cadinho. Personagens com um único ponto comum: moravam no mesmo prédio. Situações diferentes, niveladas pelo mesmo crivo: realidade. Saramago expõe de maneira muito dinâmica a rotina de pessoas bem próximas as que conhecemos, ou quiçá, fazemos parte. A inveja, o ciúme, o desprezo. Coisas que fazem parte deste mundo desde sua criação. Os diálogos em que Abel participa são os que mais me despertaram a admiração pelo estilo de escrito deste autor, já consagrado, mas por mim desconhecido. A certeza da leitura dos outros títulos anima meu mundo literário. Não indico este livro a menores. Não entenderam 10% do conteúdo. Não por inépcia, e sim pelo simples fato de ainda terem vivido pouco.
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