Clara 19/01/2023
magnífico (só que com ressalvas)
tenho plena consciência de que o título de minha resenha é meio controverso, mas não posso deixar de nomeá-la assim porque os nomes são a essência da coisa.
eu amei esse livro e ponto final. apesar de ter gostado tanto, não posso deixar passar as coisas que me incomodaram lendo. mas primeiramente vamos falar das coisas boas: o livro tem ritmo (até as partes que eu não gostava tanto eu queria continuar lendo), o mistério é interessante e Kvothe continua sendo um dos melhores protagonistas que eu já li. ele é um dos personagens mais inteligentes e mais burros que eu já coloquei meus olhos, lhe faltava maturidade em diversas partes do livro, ele é imprudente, impulsivo e fala o que dá na telha, ou seja, é bem difícil ficar entediada com seus feitos. a escrita do patrick rothfuss é linda (eu gosto muito de um floreio), suas descrições do cenário são interessantes e poéticas, gosto também da forma que ele trata temas mais filosóficos, como o amor, o conhecimento etc.. as partes com o Elodin. senhor, eu vivia por essas partes! Elodin é um dos meus personagens favoritos em toda essa trama, e cada vez que eu via o nome dele numa página eu já ficava alegre, gosto de seu jeito doido e perturbado e sua maneira de sempre deixar o Kvothe sem fala (o que é difícil, vamos combinar) e em situações embaraçosas. enfim, tenho mais elogios, mas vou me resguardar.
agora, vamos ás críticas. a maior de todas é a forma que ele trata as personagens femininas. é bem difícil um autor homem cis escrever uma mulher de uma forma satisfatória, sem contar que esse livro foi escrito há 10 anos, o que eu compreendo que seja algo complicado de se medir, mas de qualquer forma é a minha opinião. Denna não é uma personagem que me instiga, seu romance com Kvothe não é tão convincente (apesar de ter, sim, umas cenas legais deles juntos), é muita enrolação e as coincidências deles se encontrando foram muitas. sobre Feluriana, achei uma personagem tão rasa, tão romantizada de uma forma estranha e o jeito que ela consegue que os homens "queiram" ficar com ela é problemática, ao meu ver e também a parte em que o Kvothe estava com ela foi longa até demais. o resto das personagens são descritas sempre como angelicais, bonitas, delicadas, uns anjos e sempre são amigas do Kvothe, era uma romantização imensa, me incomodou um pouco, sem contar que uma das inimigas do Kvothe era descrita de forma mais masculinizada. o início do livro foi meio difícil de engatar, mas considerando que eu não lembrava muito da história do primeiro, foi compreensível. fiquei meio decepcionada que não houveram mais revelações sobre os Amyr e o Chandriano, então espero ansiosamente o livro seguinte. enfim, não me alongarei mais nessa parte.
em suma, apesar dos pesares, fiquei em luto depois de ter acabado o livro. me envolvi imensamente com todos os personagens e suas nuances, eu ri, fiquei emocionada, fiquei triste e é por isso que não posso dar menos que 5 estrelas nesse livro, mesmo reconhecendo que ele tem várias imperfeições. espero não ser feita de palhaça por esperar que o the doors of stones seja lançado logo, quero morrer sabendo o final da jornada dessa lenda que é o Kvothe.