spoiler visualizarLucas 18/12/2020
Incrível.
Essa é a historia de um lendário Herói ou um infame vilão, depende de como ela é contada. O que nunca muda é o quão grandioso ele era, o quão esplendido e genial. Essa é a impressionante historia de Kvothe, o Arcano, o Sem-Sangue, o Matador do Rei. Uma historia digna de cantos épicos, mas que acabamos de conhecer.
Mas isso aconteceu a um bom tempo, Kvothe não é mais o mesmo. Agora ele é a sombra do seu eu passado. Escondido em uma pequena vila, ela se tornou o simpático Kote, proprietário da hospedaria Marco do Percurso e após os acontecimentos aterradores da noite anterior um clima tenso se instala sobre o local. Kote esta disposto a contar mais de sua historia e narra os acontecimentos de sua transformação em uma lenda ao Cronista, enquanto momentos sombrios se aproximam.
O segundo dia de sua narrativa começa onde o dia anterior parou. Com seu retorno a Universidade Kvothe se vê numa rotina bastante confortável, pela primeira vez ele sente que está realmente em casa (uma questão bastante curiosa para um Edena Ruth que conhece a estrada como única casa). Mas uma serie de acontecimentos e sua rivalidade crescente com Ambrose, um membro da nobreza, complicam a vida do jovem de cabelos ruivos. Kvothe se ver obrigado a deixar a Universidade por um tempo e procurar sustento em outras paisagens.
Em busca de um possível patrocinador, ele viaja mais de mil quilômetros ate o reino de Vintas, onde entra no corte do Maer Alveron como um misterioso viajante. Enquanto tenta cair nas graças do nobre, Kvothe terá que usar todas as suas habilidades para impedir uma serie de eventos que acontece na corte e fora dela. Entre encontros encantados, traições, e impedir um grupo de ladrões extremamente perigosos que roubam a paz das estradas do reino, Kvothe persegue as respostas que tanto o atormentam sobre os Chandrianos (um grupo de criaturas lendárias e demoníacas responsáveis pela morte de toda sua trupe) e vai aos poucos se transformando na lenda que será um dia, mesmo que para isso tenha que percorrer um caminho longo e árduo pela frente.
Quanto terminamos O Nome do Vento sentimos o ar ser roubado de nossos pulmões e certo desespero para continuar a saga que acompanha o Bardo lendário que nos encantamos no primeiro livro. Se no seu primeiro volume somos apresentados ao universo criado por Patrick Rothfuss, no segundo percebemos o quão rico e grandioso ele é.
O Temor do Sábio consegue não só nos encantar como expandir o mundo de Patrick, com todos seus detalhes e misturas multicoloridas, que nos deixam maravilhados de um modo indescritível. Embora seja um prazer ler sobre a Universidade temos a oportunidade de conhecer os outros lugares do mapa desenhado nas primeiras paginas, seus costumes, culturas e suas cores. Suas texturas tão bem explicadas e seus múltiplos sentimentos, que nos são passados durante as 960 paginas do livro (e, acredite, o leitor não consegue senti-las enquanto esta imerso na obra).
A ampla teia tecida por Rothfuss proporciona uma experiência surreal e completa, cheia de reviravoltas eletrizantes, contos magníficos e personagens cativantes. As cenas descritas no livro prendem o leitor a ponto de apertarmos as bordas e entrarmos diretamente na sucessão de acontecimentos. Não que o livro não possua algumas gordurinhas, mas a beleza que o texto nos proporciona cobre e muito esses momentos em que nada parece acontecer na trama. Os interlúdios na trama são outros grande destaques, que nos proporciona uma visão do que esta por vir sem entregar quase nada. É um bom ponto para a criação de milhares de teorias para o que pode ter acontecido com Kvothe, que além de sofrer ao contar a historia ainda tem que encarar as escolhas do seus atos, mas o que poderia ter transformado um ser tão vivido em uma casca quase vazia que encontramos no presente?