bardo 13/02/2013
Resenha- O Temor do Sábio – Patrick Rothfuss
Bem O Temor do Sábio, continuação da série iniciada com O Nome de Vento pode trazer algumas surpresas ao leitor desavisado, o que já pode ser sentido no O Nome do Vento se intensifica e muito aqui, não temos um livro de aventuras, se você espera muita ação esqueça, sim a ação existe mas não é a premissa principal aqui. Talvez pela forma utilizada pelo escritor para contar sua história, talvez porque ele tenha considerado que uma simples enumeração de proezas na transmitiria a mensagem que ele deseja passar o fato é que O Temor do Sábio é um livro reflexivo, ou seja, o tempo todo tem sentidos escondidos, ou convites a reflexão na narrativa, as ações não são despropositadas embutidas entre elas existem varias questões que vão desde o preconceito até como trabalhamos diferenças culturais.
Basicamente Kvothe continua sua narrativa, mas o foco é desviado, devido aos acontecimentos anteriores o mesmo é aconselhado a tirar um tempo de “férias” conhece outras terras e aqui que Patrick começa a afinar a sua fama de não ser um jovem comum, é a partir daqui que Kvothe começa a se tornar uma lenda. Ainda as voltas com seu romance conturbado com Denna, e aqui algumas coisas começam a ficar mais claras, Kvothe se vê envolvido em uma sociedade de um povo estranho, com todas as suas estranhas convenções sociais e obscuros códigos de importância, e logo em seguida é jogado em outra sociedade completamente diferente com valores totalmente diversos. O leitor mais afoito vai achar tudo isso uma grande perda de tempo e que Patrick só está enrolando. Discordo, o problema é que aparentemente ao escrever O Temor do Sábio Patrick resolveu meio que alterar um pouco o foco da história deixando um pouco o Kvothe individual para refletir o Kvothe dentro do meio social; existem inúmeras criticas a nossa própria sociedade que talvez passem despercebidas, mas estão ali.
Mas antes, ou melhor, dizendo no intervalo desse confronto com sociedades dispares, Kvothe é atraído ao encontro de um ser lendário, a misteriosa e terrível Feluriana um misto de elfo e sereia, a qual homem nenhum seria capaz de resistir ou vencer. Essa talvez seja uma das partes mais cansativas do livro, os diálogos um tanto se arrastam as imagens não parecem muito nítidas, mas é ali que acontecem pontos importantíssimos na história, e como esperado Kvothe volta ao mundo dos mortais transformado, o menino Kvothe morre na terra encantada e volta o homem Kvothe, o autor deixa isso muito claro mas a diferença vai bem mais além da óbvia questão sexual envolvida.
Na terra dos Ademrianos é onde temos um tanto de ação, mas também diversas passagens que abrem espaço para reflexões de como reagimos ao mundo, do uso das palavras dos gestos e é perceptível que Patrick pensava numa cultura semelhante à japonesa ao descrever o Admre é nítido alguns ecos de algo que lembra o budismo.
Bem daqui para frente vamos caminhando para o fim da narrativa, Kvothe volta a Vintas e de lá para a Universidade, aqui Patrick abertamente critica o preconceito e afetação da nobreza e a nossa ideia de que presentes consertam tudo. Se restava dúvidas que o livro meio que se politiza, aqui as dúvidas caem por terra, é uma dura crítica social, aos métodos escolares, e aqui cabe uma pergunta, aonde realmente Patrick quer chegar? Porque uma “simples” historia de aventuras tomou rumos que de início não eram esperados o que inclusive decepcionou vários leitores.. Outra questão conseguirá o autor dar um final convincente a série?? Tem-se a nítida impressão que o livro meio que perdeu um pouco o rumo inicial, tomou rumos próprios, conseguirá o autor conciliar todas as questões levantadas? Bem o que podemos esperar é que o terceiro volume com certeza terá bem mais de mil páginas.. Isso se não for dividido em duas partes já terminamos o segundo dia e cada vez temos mais perguntas a fazer a Kvothe do que respostas.. Bast é a cada momento um mistério maior, e o próprio crônista, será ele realmente só um humilde contador de histórias? Vamos ver como Patrick resolverá essas importantes questões.