Resenhas - Maria Altamira

Gisele Gusmão 18/07/2021

Maria Altamira, Maria José Silveira
O romance conta as histórias e trajetórias de Alelí e sua filha Maria Altamira. Após uma tragédia que mata sua família, Alelí começa uma viagem sem destino. De ônibus ou carona, ela viaja por vários países da América do Sul, no Brasil ela se apaixona por Manuel Juruna e dá à luz uma filha, Maria Altamira. Na segunda parte do livro é a jornada de Maria Altamira, sua ligação com a construção de Belo Monte e a luta indígena para preservar suas terras e tradições. Nas jornadas de mãe e filha é interessante notar os problemas sociais enfrentados: a ditadura do Chile, as lutas indígenas pela defesa de suas terras e tradições, assassinato de indígenas pelos madeireiros, o trabalho escravo, a luta dos seringueiros perseguidos pelos grileiros, jovens empurrados para o crime, ocupação de prédios por pessoas sem moradia, a organização dessas ocupações e a violência contra as mulheres: estupro, feminicídio e tráfico de meninas.

Daiany.Cordeiro 11/08/2021

Maria Altamira
Esse é um livro dividido em duas partes. A primeira narra a trajetória de Alelí, que bem jovem, perdeu sua família em um desastre ambiental que soterrou toda a a cidade de Yungay, no Peru. Nossa protagonista é uma das pouquíssimas sobrevivente dessa tragédia, sozinha e sentindo culpa pela morte da filha decide pegar a estrada sem saber para onde ir. Sem rumo, Alelí passa por países que viviam a ditadura como: Bolívia, Chile e Paraguai. Sem nenhuma vontade de viver ela ignorava tudo, e encontra alívio na música e na alto mutilação. Quando finalmente chega no Brasil e conhece Manuel um índio juruna que encantado pela moça a leva para a aldeia indígena Yudjá, onde finalmente Alelí encontra um pouco de paz. Porém a violência aparece mais uma vez na vida de Alelí, e ela resolve ir embora sem rumo outra vez, dessa vez grávida e com a certeza de ser amaldiçoada, certa de que todos que amasse, encontrariam a morte. Depois do parto Alelí abandona sua filha, acreditando ser o melhor.

A segunda parte narra a trajetória de Maria Altamira, que recebeu o mesmo nome da cidade em que nasceu. Desde pequena é uma militante, pelos pobres, ribeirinhos, indígenas e mais para frente também pelos sem tetos. Decepcionada pelo abandono da mãe e com uma promessa de justiça pelo pai, a pequena cresce na pequena cidade e vislumbra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Construção essa que ameaçava a vida das tribos indígenas e dos ribeirinhos com promessas de progresso e empregos.

A segunda parte consta capítulos pequenos, que narra a continuação da tragetoria de Alelí após abandonar a filha.

Minha opinião: Um livro triste com alguns gatilhos como: alto mutilação e estupro. Tem vários assuntos abordados: a luta dos indígenas pela preservação de suas terras e de seus costumes, estupro, ocupação de prédios pelos sem tetos, escravização, trafico de meninas, feminicidio, e as consequências causada pela urbanização da pequena cidade de Altamira.

O mais interessante sobre esse livro é que alguns fatos são reais. O desastre da cidade do Peru a construção de Belo Monte e todo o drama e consequências realmente aconteceram. Recomendo a leitura, apesar de achar um pouco apelativo colocar em poucas páginas essa quantidade de temas tão pesados.

Heloisa 10/12/2022

Mudanças e Progresso, Maldições e Ausências
Começa e termina em tragédia, mas suas últimas linhas diferente do início terminam num alívio. É um livro repleto de relações familiares difíceis, e com mulheres sofridas pelas violências sofridas.
O romance também traz grande descrição das mudanças sócio-ambientais que a Região Norte vem sofrendo ao lindo dos anos de exploração mineral ou madeireira, além da enorme quantidade de mudanças negativas que o município de Altamira sofreu com a construção de Belo Monte em nome do progresso. Um livro pra sentir muitas coisas, e se sentir definitivamente, minúscula.

Janaina.CrisAstomo 28/04/2021

Uma parte da história do Brssil
Livro fantastico. Ele conta uma parte da história da America do Sul e uma boa parte da História do Brasil da perspectiva dos índios. No livro há uma luta pelo pedaço de terra. Pelos rios. Pela vida indígena. Uma história emocionante pelos olhos de Alelí e de sua filha, Maria Altamira, duas mulheres fortes e determinadas.

Caroline Meirelles 02/05/2022

Leitura obrigatória
AVISO GATILHO: automutilação (sério, não arrisquem), abuso sexual, morte, violência

Um livro de denúncia que deveria ser mais divulgado e lido (com ressalva aos gatilhos). Um livro muito triste, que me fez chorar, mas também fiquei muito chocada e intrigada com uma realidade que infelizmente não conheço muito bem, que é luta dos povos indígenas, a sua resistência.

Já ouvi muito aquela frase "índio que é índio não faz tal coisa", "não bebe", "não usa celular", enfim todo tipo de preconceito. E, nesse livro, aprendi muito sobre a luta diária dos povos originários e da importância que a natureza tem para eles, ao mesmo tempo que a autora conecta tudo com uma tragédia acontecida no Peru e consegue fazer isso com muita maestria. Português é uma língua muito bonita, mas a autora consegue transformar em algo além, é muito lindo de ver.

Me apaixonei pela história, é realmente incrível, recomendarei sempre.

ritita 03/11/2021

Maravilhoso, apesar de triste
Maria José é autora do livro A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas, então não preciso dizer mais. Como escreve bem, como conhecemos nossa história recente de uma forma prazerosa, apesar dos fatos horríveis.

Alelí é a própria nômade dentro do país, sem eira ou beira, não quer fixar-se em ninguém e em nenhum local. ♫ Sua vida é andar por esse país pra ver se um dia descansa feliz, Guardando as recordações......

Chica é uma mulher boníssima, grudada em mais Nosinhoras que eu, tem imagens de todas para usar em caso de cada aflição, que tem Maria como filha, esquecendo-se que não o é.

Maria Altamira é apaixonada por Altamira e pelo Xingu - uma brava lutadora a favor de sua ancestralidade e dos povos que ali sempre viveram.

A criação da usina de Belo Monte* é o norte e sul do livro, mas também grileiros, madeireiros, políticos arrivistas, extratores de ouro, etc. Todo o tipo de aproveitador inescrupuloso apareceu em Altamira "preocupados" com a construção, o que chamou atenção dos indígenas e pescadores, estes sim, aflitos por sua sobrevivência.

Maria Altamira e seus amigos acompanharam de perto os embates pró e contra a construção, sem muito poder fazer.

A narrativa é concisa, fluida e muito, muito pesquisada, mas a realidade destes povos é tão diferente do pouco que conhecemos pela mídia, que aparenta ser fantasia.

Levei muito tempo lendo por conta das pesquisas que fiz.
Maria José, o Javier Moro de saias.
Amei muitíssimo amado.

Augusto 25/08/2021

Livro impactante que narra a trajetória de mulheres fortes e luta por sobrevivência em meio a tanta destruição que acontece na vida delas. O início do livro tem de forma breve e bem inserida a história da américa latina através dos olhos de Alelí que viaja sem rumo passando por vários países e ouvindo diversas histórias.
A autora resgata a história pelo ponto de vista de quem viveu as mudanças da Usina de Belo Monte e o impacto na cultura dos indígenas e ribeirinhos e a forma cruel e descuidada que foi realizada.
Maria Altamira possui o desfecho mais lindo e sensível que pude ler até agora.

Jean.Matheus 10/02/2021

Maria Altamira
Maria Altamira é mais que perfeito... Quem nunca teve vontade de seguir os passos de Alelí Culebra de Los Infiernos que atire a primeira pedra...
Eu me emocionei do início ao fim.

Thay 16/12/2021

Leitura imprescindível
Deveria ser leitura obrigatória. Altamira é um povoado localizado no Pará ao longo do rio xingu, há uma história dolorosa que percorre um longo caminho até chegar a Altamira. Considerando os impactos ambientais da construção da usina de Belo Monte , é tratada no livro perspectivas reais , problemas que habitantes da região de Altamira e indígenas sofrem em decorrência da usina, a luta desde a década de 1970 ainda na época da ditadura militar no Brasil, até o término da construção em 2013, muita luta indígena e de ambientalistas.

Lizandra 21/12/2021

Em memória de Yungay
A mão antropóloga da Maria J Silveira foi bem aplicada demais nessa narrativa. Ela fala sobre drama familiar, cultura, arte, economia, política e a relação das pessoas umas com as outras e com seus ambientes naturais. Ainda desenvolve uma estória LINDA e triste no meio de fatos reais.
Todas as personagens são bem desenvolvidos, a ambientação é bem esclarecida e o ritmo de leitura é ótimo! Não consegui largar depois que abri.
Tem acontecimentos pesados, demanda um pouco de estômago e uma respirada profunda (com a lembraça de que são verídicos, só piora).
Recomendo grandemente a leitura. Favoritei e aprendi demais nele.

Gabrielle 07/06/2021

Impactada
O que falar de Maria Altamira?

Acabei de ler, ainda estou limpando as lágrimas, e queria escrever assim, ainda emocionada.

Um livro sensível, forte e tão duramente real. Através dos olhos de Maria Altamira, vamos conhecer um povo marcado pela injustiça que luta para manter sua cultura.

O livro nos apresenta o cenário da construção de Belo Monte e o que isso acarretou na vida do povo que habitava a região. Mas vai além, parece que esses acontecimentos não são exclusivos de um recorte da história, mas acontecem há muito mais tempo, continua acontecendo e tende a se perpetuar, pelo menos enquanto durar a ideia de que nada mais importa exceto o lucro acima de qualquer coisa.

Estou um pouco angustiada... Refletindo a história... Será que ainda podemos fazer alguma coisa?

VerAnica.Cardoso 28/07/2022

Maria Altamira foi uma grata surpresa! Gostei demais! Apesar da narrativa ter menos de trezentas páginas, a diversidades de temas e assuntos abordados torna a história mais atrativa e dinâmica. O desfecho então, é de tocar o coração.?

Rafael.Artur 31/05/2021

Obra de raízes latino americanas, com uma história tocante, cultural e emocionante. Ótima para entendermos uma realidade que muito de nós, brasileiros, não conhecemos. Vale a pena a leitura!

?A eles coube uma água minguada, impactada, não comandada por sua natureza, mas por homens servindo a outros. Coube a eles a água que sobra da produção da hidrelétrica.
E os peixes? Ah, os peixes! [...]
E os animais? Ah, os animais! [...]
O Xingu, então, vai morrer?
?Jamais!? Gritam as etnias indígenas que vivem há séculos às suas margens e resistem e levantam seus remos e seu brado.?

Jaqueline.Saraiva 04/12/2022

Um dos livros mais sensíveis que li esse ano. Um romance histórico e antropológico que nos faz querer percorrer os caminhos de nossos personagens. Uma história tão próxima e ao mesmo tão distante. Se falar nesta edição lindinha e cheia de simbologia.
Maria Altamira é uma história perfeita de luta de mulheres de gerações e origens étnicas diferentes que se entrelaçam de um forma única.

Fabi 15/08/2022

Muito bacana ler livros para clubes de leitura, como foi o caso deste livro. A capa é muito sugestiva, vamos analisando o mapa da Amazônia. Gostei muito da personagem Alelí, achei muito complexa, com muitas sutilezas. A narrativa muda com o protagonismo transferido para a filha de Alelí, que dá nome ao livro. História importante para compreendermos melhor os conflitos nos quais os povos indígenas e ribeirinhos são as grandes vítimas, sem falar na devastação do meio ambiente.