Gabi 11/04/2022
A história acontece entre os anos 80 e 90 e é contada por Valéria, que aos 16 anos, em um cruzeiro, conhece um rapaz de 25 e trocam telefones, e após voltarem pra São Paulo, começam a se relacionar. Depois de um tempo de relacionamento, ele se mostrou controlador, ciumento e abusivo, inclusive, chegou a agredi-la fisicamente, o namoro só chegou ao fim após a família flagrar os abusos.
Após dois anos do término, Valéria descobriu que havia contraído o HIV. Como só se relacionou com uma pessoa, era claro quem a havia contaminado: o namorado tóxico. Naquela época, a AIDS era alvo de muito preconceito e tabu, principalmente por ter como grupo de risco gays, e usuários de droga, e por se saber pouco sobre o tema, só havia uma palavra que o resumisse: morte!
Val se negou a iniciar os tratamentos oferecidos na época. Tinha medo das complicações e efeitos colaterais, e claro, do preconceito dos médicos por terem que lidar com uma garota de 16 anos, de classe média alta, que tem HIV. A expectativa de sua morte era para dali 5 ou, no máximo, 10 anos, e então ela, que já havia desistido da faculdade por achar lhe restava pouco tempo de vida, resolve que o melhor seria fazer um curso de inglês nos Estados Unidos e aproveitar um tempo sozinha.
Nos Estados Unidos ela faz amigos, conhecem pessoas de culturas diferentes e aprende coisas que a fazem querer continuar viva. Conheceu Lucas, que a apresentou a meditação, trilhas, contato com a natureza e o lado calmo da vida. Os dois viraram grandes companheiros de vida.
Lá, também conhece um lado da doença que ainda não a conhecia: a vida. Conheceu cases de pessoas que vivem com a doença. Apesar da luzinha da esperança ser ativada, ela ainda se recusa a iniciar os tratamentos.
Porém, começa a ter febre alta e mal-estar, e ao voltar ao Brasil a situação piora e ela é internada. Nesse momento do livro, você já está tão conectado à autora, que se angústia com a situação, me peguei chorando várias vezes. Até que depois de muita luta e força, ela decide iniciar o tratamento ao qual tanto se negou.
Eu li este livro com 13 anos, um dos primeiros livros que li, o peguei emprestado na biblioteca da escola. Ao relê-lo, senti a nostalgia e a mesma angústia que senti quando lia as partes em que achava que a Val não iria suportar. Acredito que no fundo, ela nunca desejou de fato a morte, ela temia o preconceito, os olhares, o futuro. Foi muito bonito acompanhar a sua garra e ter uma prova de que tudo é possível!