Luhran 11/04/2020Fale com árvoresZezé é um garoto que jura ter seis anos de idade, esperto, arteiro e perspicaz. Com uma família numerosa, um pai desempregado e um pré-despejo vindo à tona, o menino vive sua vida humilde a todo o vapor aprendendo sempre que pode.
Defensor de seu irmão Luiz, Zezé é conhecido como o garoto que tem o diabo no corpo por ser tão manipulador de artimanhas que possam prejudicar sua vítima. De uma natureza aventureira e curiosa, o menino dono de um pé de laranja lima arrancará lágrimas de qualquer leitor que tenha a sensibilidade de enxergar a vida de uma criança debilitada pela falta de carinho.
Parece um livro infantil, mas assim como a estória de O pequeno príncipe, O meu pé de laranja lima é para qualquer idade. E Talvez eu não tenha prioridade para indicar este livro, por ter tanto tempo que foi lançado e tantos fãs em sua carreira. Mas eu, aos vinte e dois, no ano de dois mil e vinte, me debrucei em lágrimas nos primeiros capítulos dessa história.
Não é só sobre as aventuras de Zezé, é sobre como a vida de açoita quando seu lar está fragilizado. É ver a mente de um garoto que ainda nem desfrutou de todos os bens que a vida pode lhe oferecer, decair num penhasco em direção a depressão por agonia as não respostas. É assistir ao mar de sangue, quando uma conversa resolveria.
Acolhido pela esperança de algo melhor surgir, o garoto que conversa com um pé de laranja lima mostrará ao leitor os cascalhos das ruas e a dor que seu coração pode sentir.
Intenso, frágil e incrivelmente abalador.