Gabriel 27/12/2020Não sei o falar, só o que sentir.A escolha para última leitura de 2020 não poderia ter sido melhor. Que livro emocionante!
Zezé é um menino de 5 anos que tem muitos irmãos. Seu pai está desempregado e a família está passando por sérias dificuldades financeiras. A história se passa nos anos de 1920.
Um dos principais pontos a serem debatidos a respeito da narrativa é a questão da violência infantil. Não só na época em que a obra foi ambientada, mas ainda hoje existem pessoas que defendem a "ideia" de que o espancamento de crianças serve como "corretivo". Em diversos momentos Zezé é agredido quase até a morte sob a justificativa de que ele era um menino muito levado e que tinha "o diabo no corpo". Não consigo entender como pessoas que se dizem cristãs (tementes a Jesus Cristo, que foi morto brutalmente) se propõem à tais atitudes. Zezé cresceu ouvindo comentários a seu respeito que diziam que o mesmo não deveria ter nascido ou que o mesmo não era humano.
A pobreza também é um dos focos da narrativa. Como já citado, o pai de Zezé está desempregado e então a mãe e as irmãs precisam trabalhar dia e noite na fábrica para sustentar a família. Em todo Natal o menino não recebe presentes e ainda ouve dos familiares que ele não ganhava nada porque "o diabo dentro dele havia aprontado demais".
Em meio à tantas dificuldades, Zezé demonstra ser uma criança tão pura e inteligente, que sempre está brincando de zoológico com o irmão mais novo, dando flores para a professora que nenhum outro aluno gosta ou dividindo o lanche que recebe da professora com as outras crianças que são ainda mais pobres que ele.
Impossível quantificar as vezes em que chorei lendo esse livro e de quantas vezes quis abraçar o menino e dizer para ele o quanto ele é especial. Gostei tanto! Isso sim é um livro para se chamar de clássico, mesmo tendo sido escrito nos anos 60 continua tão atual.