Marjory.Vargas 08/09/2021"Como sou um ser humano artificial, sou muito lúcido e perspicaz a maior parte do tempo, não me deixando abalar pelas emoções. Mas estava me sentindo como se tentasse enxergar através da areia movediça. Por um lado, estava surpreso e um pouco desapontado por minha irmã achar que eu poderia fazer um trabalho malfeito daquele. Por outro, queria muito assegurar a ela que não tinha feito aquilo. E dizer que, se tivesse feito, ela jamais descobriria, mas não me pareceu a coisa mais diplomática para se dizer."
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No terceiro volume, vamos encontrar Dexter à beira da loucura com os detalhes do seu casamento. E tudo piora quando seu Passageiro das Trevas simplesmente desaparece.
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Passageiro das Trevas é como Dexter se refere à sua ânsia em matar, como se fosse uma entidade dentro dele (isso é um assunto mais psicológico, e como não é abordado no livro, não vou me aprofundar muito, até porque sou leiga nesses assuntos).
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Aliás, essa parte de tratar o "Passageiro" como uma entidade me parece um pouco absurda. E nesse livro, o absurdo fica ainda pior, pois o autor insere um culto à um Deus antigo para explicar as origens do Passageiro. Mas calma que tô me adiantando na história...
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Após chegar à uma cena de crime macabra até mesmo para os padrões de Miami, o Passageiro simplesmente abandona Dexter, e aquela ânsia em matar e a perspicácia e ironia do personagem também desaparecem. Resumindo: Dexter vira um humano chato!
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Dos três livros da série já lidos, esse foi o mais parado e difícil de ler. Justamente porque o que faz do Dexter diferente não está presente: não temos as sacadas que só um psicopata teria para ajudar na resolução dos crimes, e isso dá a sensação de que a história não anda.
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E daí inserir um elemento meio sobrenatural para explicar a psicopatia do personagem é totalmente fora da realidade. Ainda bem que a série não seguiu por esse caminho.